Natal...Há anos a data não significa nada para mim, pois me sinto vazio desde a perda das pessoas que mais amavamesmo rodeado de amigos leais. Mas Maksimillian me convidou para participar do festejo e mesmo que não queira ir, estarei presente pelo homem que nunca saiu do meu lado, além de aproveitar a ocasião para ver meus sobrinhos, Atlas e Sophia. Mesmo que isso signifique ver sua filha mais velha, que estava na França, e que não sai da porra dos meus pensamentos desde que a beijei.Maldição!
Em anos, nunca tinha fraquejado como naquele dia. Uma mulher de dezoito anos quase me levou a quebrar meu juramento.
Meu celular toca e vejo o nome de Dmitry Orlov brilhar na tela.
— Orlov?
— Poderia buscar a Jennie no aeroporto?
Meu corpo fica rígido.
— Não sou babá, Orlov. — Eu me irrito com a reação do meu corpo com a simples menção da mulher.
— O noivo dela iria, mas não vai chegar a tempo. Porra, Taehyung, em quem mais vou confiar a minha sobrinha, caralho! — ele explode.
Nitidamente, as coisas não devem estar muito boas, afinal o Orlov mais jovem não é temperamental.
— Ok, vou buscar — falo e já me levanto da cama indo em direção à porta.
Ao passar pelo aparador, pego a chaves do carro e saio. Desço as escadas e sou brindado pelo silêncio, afinal ainda é cinco da manhã. Passo pela sala e dou de cara com Timer Koslov, soldado de confiança de Maksimillian.
— Bom dia.
— Bom dia — respondo e saio.
Vejo meus soldados me observarem e meu soldado de confiança vir em minha direção, já que antes de sair do quarto enviei uma mensagem para se prepararem.
— Vou com vocês — Timer fala e nada digo.
Sei que, provavelmente, Dmitry o mandou para nos escoltar.
Entro no meu Rolls- Royce La Rose Noire Droptail preto. Carros e armas são coisas que me dão prazer.
Entro no carro e dou partida saindo, com o motor mostrando sua potência e vejo Timer passar por mim, em sua moto, uma BMW, preta.
Está frio hoje e a neve cai silenciosa, por isso dirijo com cuidado.
Estou parando no aeroporto, onde desço e sigo até a entrada com passos apressados, sentindo o ar frio tocar meu rosto e a boca seca. Mesmo usando luva de couro, terno, blusa de gola alta e um sobretudo, tudo preto, sinto o frio cortante bater contra meu corpo. Olho o relógio de bolso e tenho a confirmação que ela deve estar chegando.
O ambiente é luxuoso e sei que chamo atenção, ainda mais por andar com mais quatro homens, que são tão altos quanto eu e com cara de poucos amigos.
Chegamos na área de desembarque e ainda não há sinal dela. Alguns minutos depois, vejo uma movimentação pela visão periférica e então ela aparece toda de preto, com o
que julgo ser uma calça de couro, botas de cano longo de saltos muito finos e altos, blusa de lã, e sobretudo pesado.O único ponto de cor nela são seus lábios de um vermelho vivo. Percebo que ela está com uma bolsa de alguma marca famosa.
Jennie é alta, elegante e seu andar me lembra de uma modelo de passarela. Observo seu cabelo longo e ondulados, que realça a cor única de seus olhos, o que me causa desagrado, como se ela mostrasse sua rebeldia com os longos cabelos moderno. Seus olhos azuis encontram os meus e comprime os lábios.
— Taehyung — fala em um tom suave.
“A mulher tem o rosto e a voz de um anjo.”
— Orlov — falo e ela franze a testa. — Vim te buscar, pois sua família te espera e seu noivo não pôde vir. — Por um momento, ao mencionar seu noivo, vejo um brilho em seus olhos que não sei identificar o que é.
Os soldados pegam a mala dela, que para uma mulher é bem pequena.
Jennie é silenciosa e acredito que não poderia ser diferente, já que foi criada por Millian. Caminhamos lado a lado e em dado momento percebo olhar de um soldado direcionado á ela, o que me faz travar a mandíbula.
Chegamos na saída do aeroporto e seguimos em direção ao meu carro.
— Sério? — ela diz ao ver o modelo, com um sorriso ladino e a sobrancelha arqueada.
“A maldita sobrancelha que tem uma pintinha na ponta dando um charme a mais!”
Jennie é linda e meus pensamentos perto dela sempre são nublados, fazendo-me agir de maneira mais grosseira do que o comum.
— Não sei o que você tem a ver com isso — digo irritado e sei que estou sendo um idiota.
— Grosso! — sussurra e paro com os olhos estreitos.
— Escuta aqui, sua maldita, acho bom controlar a língua para não ficar sem ela.
Seus olhos ganham aquele ar perigoso, que já vi milhões de vezes, quando assistia às sessões de torturas que ela participava.
Ela não responde, mas vejo fechar as mãos em punho, então abro a porta do carro e entra calada. Dou a volta e me sento ao volante vendo a mulher afivelar o cinto e faço mesmo. Saio assim que dou partida e meus homens junto a Timer nos seguem.
A presença dela me deixa instável e sinto o ar do carro começar a ficar mais quente.
Ela nada diz, mas sinto seu olhar em minha direção.Alguns minutos depois, ela começa a tirar as luvas e suas mãos delicadas de unhas longas pintadas de preto surgem.
— Qual seu problema com a cor preta? — A pergunta sai sem que me controle.
Ela parece ficar assustada com minha pergunta, olhame de lado e suspira.
— Combina com meu estado de espírito — fala e seus ombros caem.
— Para uma mulher tão jovem, tem um ar muito sombrio. — Sou honesto.
— Seja prometida em casamento a um cara que não quer, que não deseja e que a simples ideia de ter suas mãos sobre mim, me deixa enojada.
Sua declaração me pega desprevenido.
— Por que não fala ao seu pai que não o quer? — Sei que Millian quer vê-la casada e me lembro do dia que me ofereceu sua mão.
— Meu pai não me ouviria, não dessa vez, e Mikhail não vai aceitar a desonra — fala séria.
Enrijeço o maxilar, pois sei que o homem tem fama de mulherengo e gosta de fazer ménage. Não que seja algo que alguns homens não façam o tempo inteiro, mas só de pensar que ele pode querer dividir Jennie com alguém me faz desejar arrancar umas cabeças, por isso me calo e fazemos o resto do trajeto em silêncio.