Em uma caixa minúscula de metal, é como me sinto neste momento.
Jennie foi embora e me deixou, mas ela irá voltar ou vou morrer tentando trazer minha mulher de volta para casa.— Chefe, não podemos simplesmente invadir a Rússia assim — meu conselheiro diz.
Olho para Stefan e minha vontade é de matar.
— Foda-se! Vou entrar lá e trazê-la de volta.
Ele suspira ruidosamente.
— E se ela não quiser vir? — Filip pergunta com seu jeito prático que neste momento está me irritando.
— Ela não tem escolha — falo irritado.
— Com esse seu comportamento, Taehyung, Jennie não vai voltar mesmo. Caralho, meu amigo, não percebe que ela não é uma mulher qualquer? — Stefan fala.
Paro de andar e no ato de fúria passo a mão pela minha mesa no escritório, derrubando tudo.
— Somente mais prejuízo. Porra, Taehyung, isso está ficando fora do controle! Faz dois meses que tentamos falar com Pakhan e ele está irredutível.
Meus olhos posam no conselheiro que parece não temer a morte.
— Se for para ficar me dando lição de moral, some da porra da minha frente — digo entredentes.
— Nunca foi tão descuidado, o conselho está
comentando sobre isso — Filip fala e sei que está certo.Olho a zona à minha volta.
Não deixei ninguém tocar em nada, tudo está como a Jennie deixou.
— Vocês não entendem!
— Entendemos, Taehyung, e sentimos falta dela. Jennie é como nossa irmã. Agora quem não está entendendo é você, se não mostrar que a ama, ela não voltará.
Olho para Stefan, um homem frio e que não suporta nada que se relacione ao amor, mas que está aqui mdando conselhos. Porra, vou causar danos que não quero! Mas não vou me contentar em ouvir o não dela por uma mísera mensagem.
— Arrume o jatinho, vou para a Rússia.
Eles me olham, sérios. Sei que Maksimillian negou minha entrada no seu país e talvez não saia vivo de lá, caso prossiga com isso, mas
não ficarei mais um dia longe de Jennie.— Filip, chame meu tio aqui, pois não posso deixar nossa máfia sem proteção e só confio nele para isso.
Meu tio, Darko, é o homem mais leal que conheço e me ajudou em tempos difíceis. Após a morte do meu pai, ele foi meu conselheiro por dois anos, tempo esse que
serviu para que pudesse escolher outro para ocupar o cargo quando assumi meu lugar perante à máfia.Assim que Stefan saiu do hospital e se recuperou o nomeei como meu conselheiro, e meu tio não demostrou mágoa ou raiva, afinal sabia que eu precisava renovar os
membros. Stefan é o homem mais estrategista que conheço além de um dos melhores advogados do país, dando-me
suporte em tudo. Já Filip sempre foi minha escolha para subchefe, o que concretizei assim que pude. O seu lado prático garantiria que ele não ia foder tudo em um ato de
fúria. Confio minha a vida aos dois.— Chefe, seu tio — um soldado diz e Darko Mitrovi’c entra.
Meu tio entra e olho para ele que me lembra o meu pai, com exceção dos seus olhos que são pretos.
— Meu filho, que honra ser chamado por você!
Darko é um homem forte e conservado, tanto que nem parece estar com sessenta anos.
Levanto-me indo até ele e assim que me aproximo ele leva a mão ao meu peito.— Que a honra da nossa máfia nunca o abandone, meu filho.
— Que a honra seja sempre a minha aliada.
Ele aperta minha mão, olhando em meus olhos.
— Tio, queira se sentar. — Aponto a cadeira tabaco.
Todos os móveis daqui tem esse tom, desde as
imensas prateleiras de livros que cobre todas as paredes do meu escritório, até a mesa ampla que fica em seu centro, onde atrás está a janela do chão ao teto de vidro, de onde posso ver todo o jardim.— Filho, o que houve? Está parecendo que um furacão passou por aqui. — Olha ao redor para a bagunça, fazendo uma careta.
Suspiro e ele me encara, então ignorando sua
pergunta vou direto ao ponto.— Vou à Rússia buscar minha mulher e espero que o senhor cuide de tudo para mim.
Ele se remexe na cadeira.
Meu tio não teve filhos e sua esposa morreu na tentativa de gerar um herdeiro. Ele era o escolhido para se casar com minha mãe, porém, meu pai se apaixonou por ela e como não havia amor entre os prometidos, não viram problemas em mudar a aliança de casamento firmada.
Nunca entendi bem a história, mas meu tio sempre foi um bom irmão, o mais leal e um segundo pai para mim.
— Filho, tem certeza? Não acha que poderia encontrar uma esposa adequada entre nós?
Estreito os olhos.
— Não — sibilo sem dar a ele a chance de falar mais nada.
— Se é isso que meu chefe quer, eu farei — diz reconhecendo que sou eu a dar as ordens.
— Sairei em duas horas da Sérvia, por isso cuide do nosso povo. — Cumprimento-o com a cabeça e saio o deixando sentado. No caminho encontro, Filip— Quero que você e Stefan fiquem aqui.
Ele para.
— Não — diz e nos olhamos.
— Nem pense nisso, Taehyung. — Stefan surge da porta à minha esquerda, vindo da sala de estar, um lugar decorado de um jeito rústico em tons escuros.
Jennie, assim como eu, ama tons escuros.
Há duas escadas, uma de cada lado, que se unem no centro, onde tem uma pequena sacada que podemos ver quem fica embaixo, em um estilo vitoriano. Tapete persa no
chão e lustre vitoriano que dá um ar místico ao local, além de janelas altas de vidro e cortinas em um tom de bege claro.Tudo aqui tem o toque dela, deixando sua presença constante no local.
— Podem morrer lá e sabem disso.
— Se for para morrer, vamos morrer todos — Stefan fala e Filip tem um ar determinado no olhar.
— Como queiram. — Começo a subir as escadas sem olhar para eles.