Meu mundo está parado desde aquele dia...
As lembranças de um mês atrás me invadem e fazem meu corpo todo ficar frio“Estou me preparando para pular a janela quando a
porta se escancara.— Vamos, irmã. — Sophia abre a porta e seu rosto está vermelho, enquanto olha para os lados.
Não pergunto como e nem como, simplesmente desço em disparada pela escada, mas chego há tempo somente
para ouvir o estampido do tiro.Meu pai está ajoelhado no gramado e os sérvios com as armas em punho. Stefan me olha com o rosto transfigurado, enquanto me aproximo de Taehyung que está ajoelhado, olhando para meu pai, em uma conversa
silenciosa. Mas assim que o pego em meus braços, sinto que meu mundo inteiro desabou.— Vou matar você. — Stefan avança.
— NÃO! PAREM!!! VÃO TODOS MORRER! — grito.
Eles param e ouço o barulho de um helicóptero. De onde ele saiu?
— Esta é minha benevolência a você, filha — meu pai diz.
Levanto os olhos para ele e vejo em seu semblante a dor profunda que carrega.
— Deixe, Jennie. Me deixe cuidar dele — meu tio Vladimir diz.
Sergey e todos os outros se aproximam e logo uma maca está perto, junto a Magnolia e um médico.
— Vamos!
O grito da minha amiga se ouve e vejo quando o levantam e põem na maca.
— Venha com ele, Jennie — Vladimir chama e olho para meu pai que nada diz, mas seu olhar é sombrio.
Pela primeira vez, sinto raiva do homem que só me deu amor. Saio sem olhar para trás, mas sei que algo dentro de mim, está rompido. Entramos no hospital da máfia e uma equipe médica nos aguarda como se tudo fosse preparado para isso.
— Ei, olha para mim, ele vai sair dessa — Magnolia fala.
Mas eu não sinto isso, como se soubesse que meu destino é perder todos.
— Por que ele fez isso? — falo com a voz cortada.
— Por você — Stefan fala e giro minha cabeça.
Vejo que seu rosto está manchado com o sangue do Taehyung.
— Como? Como matar o homem que amo é fazer algo por mim? — falo indignada.
— Se ele não tomasse essa atitude por sua honra, nunca veriam você como filha do Pakhan. Acha que algum membro da máfia deixaria sua filha por quatorze anos em
um outro país, sem se casar, na casa de um homem? Não seja ingênua, Jennie, seu pai fez tudo por vocês, mas Taehyung foi teimoso demais para ver que, em algum momento,
Maksimillian teria que agir por sua honra e pela irmandade dele. Os rumores que ele estava ficando um homem fraco já estava surgindo e Taehyung sabia disso.Olho para ele e nada digo.
Em algumas horas, o hospital está cheio de russos e sérvios.
As mulheres da família vêm para me dar apoio, mas meu pai não aparece.
Já faz tanto tempo que Taehyung entrou por aquelas portas, que não consigo precisar a quantidade, pois perdi a noção de espaço e tempo.
— Família de Kim Taehyung Mitrovi’c. — Um homem grande aparece e junto dele Magnolia e Vladimir. Eu me aproximo rápido.
— Sim — Filip fala e seus olhos estão com aquele ar de caos que carrega.
— Ele está na UTI e as próximas horas serão
decisivas. A bala pegou um pouco acima do coração e não pegou nenhum órgão principal, mas ele perdeu muito sangue. Agora depende dele a recuperação e as próximas 72 horas serão cruciais. — Suspira. — Sei que é a noiva dele, por isso em breve poderá entrar para vê-lo, mas só poderá ficar alguns minutos.Ele está vivo.
— Jennie Kim Orlov? — uma mulher chama, vestida de branco.
É uma enfermeira, eu acredito.
— Sim.
— Venha comigo.
Eu a sigo com os pés vacilantes deixando meu corpo ficar em alerta. Passo pelos corredores brancos de piso de mármore na mesma cor, com o cheiro de álcool no ar, enquanto observo as paredes que tem alguns murais com cartazes.
— Aqui, precisa se higienizar — fala me levando a uma espécie de sala, onde há uma pia de inox com várias torneiras, em seguida me mostra onde está o sabão. — Assim, veja. — Começa a lavar suas mãos, mostrando como faz.
Me ajuda pôr luvas, touca, avental, máscara em um tom de verde e um sapato hospitalar.
— Senhorita, ele está um pouco pálido e só abrimos exceção para senhora, porque recebemos ordens do Pakhan para que o visse assim que estivesse recuperado.
Fico quieta, mas meu coração se aperta.
— Venha comigo.
A cada passo que dou me sinto com a respiração pesada, minhas mãos suam e meus olhos ardem. Estamos diante de uma porta.
— A visão pode não lhe fazer bem, por isso se não se sentir bem avise.
Eu assinto com a cabeça incapaz de falar.
Assim que ela abre a porta, o vejo com uma faixa no peito, ligado a vários aparelhos com um tubo na boca e a cena faz as lágrimas grossas caírem. O som dos aparelhos
dita o ritmo dos meus batimentos, meus pés vacilam assim que me aproximo e seguro sua mão que está fria.— Ei, meu Malvado favorito, volte para mim. Tenho algo para te contar. Taehyung, me perdoe... Se eu não fosse tão egoísta. Se eu ficasse lá... — falo chorando. Não conseguirei viver em um mundo, onde meu pai matou o homem que amo, ele tem que viver.”
Saio dos meus pensamentos quando ouço um som baixo.
— Água — Taehyung fala e pulo da cadeira, apertando o botão próximo a sua cama.
— Você acordou.
Ele tenta focalizar os olhos nos meus, mas os fecha.
— O que houve? — A médica que o acompanha pergunta.
— Ele abriu os olhos, pediu água, mas voltou a fechar — digo e me sinto murchar.