Levanto-me devagar, olho para ele uma última vez e sinto as lágrimas caírem. Antes que ele acorde, corro para o meu quarto,
determinada a fazer a ligação que mudará a minha vida.— Nine, o que houve? Por que está me ligando a essa hora? — Meu pai atende com voz de sono.
— Preciso que mande seu jatinho agora para a Sérvia, quero ir para casa.
Ele suspira.
— Arrume-se que em algumas horas estarei aí.
Sei que sair da Sérvia sem meu pai seria algo
impossível de acontecer. Vejo que é quatro da manhã, vou ao meu banheiro, onde tomo um banho rápido e assim que termino visto um
moletom e logo estou no corredor.Aleki, um soldado leal a mim, vem em minha direção.
— Subchefe? — fala em russo.
— Arrume todos os nossos homens agora. Não faça barulho e avise que estamos voltando para casa.
Não deixarei nenhum dos meus homens aqui ou Taehyung irá matar quem ficar.
Somos em dez, porém, nem todos estão dentro da casa, facilitando nossa saída.
Chegamos à pista de pouso e então meu telefone toca.— Se sair do meu território, vou causar uma guerra, Jennie. — A voz de Taehyung é fria.
Meu pai está a minha frente e me olha sério.
— Adeus.
— JENNIE...
Ouço seu grito e o barulho de algo se quebrando.
— Vamos para casa — meu pai fala com os olhos escuros e frios.
— Pai, eu sinto muito.
Ele nada diz.
Subimos em seu jatinho e alguns minutos depois estamos saindo da Sérvia. Sento-me no banco de couro bege, olho ao redor e seus homens estão mais afastados.
— Jennie, o que houve? — meu pai pergunta me olhando e lágrimas rolam do meu rosto.
— Pai, eu o decepcionei... — Soluço.
— Jamais, minha filha. Você jamais poderia fazer isso. Eu amo você, Jennie. Não importa quais decisões ruins você irá tomar na vida, sempre me terá ao seu lado.
— Eu... Eu... Não poderei me casar, pai — assumo e ele trava o maxilar.
— Minha filha, seu valor não está em um maldito casamento, nem em ser virgem. Seu valor está na mulher de caráter que é. Eu tenho orgulho de você.
As lágrimas vêm com mais força.
— Shiii, estou aqui e sempre estarei, minha menina. Nine, quando a vi pela primeira vez, um lindo bebezinho, meu coração te escolheu para amar. Ali você se tornou minha filha e nada, nem nenhuma ação sua, será suficiente
neste mundo para deixar de amar você. — Meu pai me embala e durmo em seus braços, onde me sinto segura.Passamos pelos portões da mansão da família e assim que desço do carro vejo uma garotinha linda me esperando.
— NINE! — Sophia grita.
Aos onze anos, minha irmã está linda, usando
uniforme escolar, com o cabelo escuro solto.— Sophi! — Dou um beijo nela.
Esta menina vê mais do que imaginamos.
— Sim, estou. — Ela sorri— Aquele sérvio não a merece — falo uma de suas pérolas e acabo rindo junto a ela.
— Onde estão os outros? — pergunto enquanto seguimos para dentro de casa, segurando a blusa junto ao corpo, pois está frio na Rússia.
— Atlas está fazendo aulas de tiro e os outros estão na escola — fala de forma simples.
— E, por que você não foi para a aula se está vestida? — Franzo a testa.
— Se eu te contar não fala para ninguém? — fala como um segredo.
— Claro que não.
— Um dos aliados, que dizem ser um rapaz muito bonito, virá aqui hoje. Sei que um dia terei que me casar, então já estou anotando os possíveis candidatos.
Fico sem palavras.
— Relaxa, não estou a fim de ninguém, Jennie, sou só uma criança, mas quero ter o poder de escolha e saber quem serão meus pretendentes. — Abre um sorriso que
lembra o nosso pai.— Você não é normal, Sophia Orlov.
— E quem de nós somos?
— Agora preciso ir, pois falei para minha mãe que estava com dor de cabeça e isso não vai parecer ser real se me virem falando aqui com você. — Minha irmã sai me deixando sem palavras mais uma vez.