Capítulo 11

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JUNGKOOK

Ele prefere o lobo a mim.

Esse humano teimoso e prepotente prefere o lobo a mim.

— Ele está chegando, meu filho. — Meu pai confirmou algo que eu já havia sentido. Jimin realmente veio nos visitar. — O que está acontecendo com seu lobo? — Ele segurou meu queixo e verificou meus olhos.

— Eu não estou conseguindo controlá-lo. O humano confia nele e o lobo quer protegê-lo até mesmo de uma picada de inseto.

— Se esforce, você nunca teve problema com o lobo, sempre viveram em união. — Ele soltou meu queixo e sentou-se preocupado.

— Pelo visto, quando o assunto é o humano, não há união. Se dependesse dele, continuaria ao lado do humano como lobo para sempre.

Olá! — Alguém gritou na porta e o pai Jin, todo feliz por receber visita, foi atendê-lo.

— Jimin, que grata surpresa. Entre e me dë esse filhotinho. — Ian foi tirado dos braços dele e levado para longe.

— JungKook, eu... — Ele analisou meus pais que paparicavam o futuro neto.

— Quer conhecer nossa Seita? — Sorri brincalhão e ele olhou para meus pais e depois concordou.

— Vão crianças, podem deixar que cuidamos dessa preciosidade. — Ian gargalhou ao ganhar muitos beijos na barriga.

— Venha, Jimin. — Segurei sua mão e o arrastei para longe, ele suspirou olhando para trás, indeciso ao deixar o filho. — Se você soubesse que ele está mais seguro com meus pais do que conosco, não se preocuparia.

— Me desculpe, faz um mês que vivo com o bebê, ele tem se tornado tudo na minha vida.

— Eu entendo. — Saímos da casa e descemos os degraus da frente, minha casa ficava de frente para a estrada e as casas dos meus irmãos estavam espalhadas, mas todas próximas.

— Vocês vivem de que?

— Plantios. Todo o lucro compramos o necessário e dividimos. Você namorou muito tempo com seu noivo?

Eu ainda não conseguia entender sua história.

Ele era noivo do pai do Ian, então o cara era um lobo, ou era só a mãe do Ian que era loba, mas não fazia sentido com o que o feiticeiro disse: a criança era filha de pais alfas... onde o Jimin entrava nessa história?

— Ele era o marido da minha melhor amiga, então não ficamos noivos por muito tempo.

— O que? — Parei de caminhar e ele me encarou, era centímetros mais baixo que eu.

— Seus olhos são tão lindos. — O lobo o encantava, desviei o olhar para mudar seu foco e continuar a conversa com ele sem ser controlado pela ligação que irradiava do lobo. — É uma história macabra, JungKook, você não vai querer ouvir ou acreditar nela. — Seu tom saiu rouco e triste.

— Vou te mostrar um lugar que eu amo. — Segurei sua mão e o arrastei atrás de mim.

Fomos para o plantio de trigo em silêncio, na verdade, eu fui em silêncio, ouvindo-o admirar com a paisagem, pois tudo era muito bonito e encantador.

Quando chegamos ao plantio, ele ficou em êxtase com as flores. Levei-o para o meio e encontrei um lugar para nos sentarmos.

— São lindas. — Quase respondi, elas são suas, só me aceite como seu. — Eu cresci dentro de um orfanato e havia uma menina, éramos muito amigos e ninguém queria nos adotar, pois nos achavam estranhos. Crescemos naquele ambiente. Antes dela completar dezessete anos, ela literalmente enlouqueceu. — Fiquei na sua frente, observando suas expressões de tristeza. — Não sei explicar o que aconteceu com ela, mas era como se não fosse ela. Ela fugiu, me deixando.

Estendi a mão e enxuguei sua bochecha, ele não recuou dos meus toques.

Será que ele não sente que há algo que nos liga?

— Nos reencontramos um tempo depois e ela agiu como se nada tivesse acontecido. Estava casada, tinha uma família e um marido muito estranho. Muito mesmo. Ela me convidou para morar com ela. No início eu quis recusar, mas sempre quis ter uma família e ela era o mais próximo que eu tinha de uma. Então, resolvi passar uns dias com eles, principalmente por causa de Ian. Me apaixonei pelo bebé no segundo em que o vi, mas tinha o seu marido. — Ele estremeceu e suspirou. — Ele era assustador.

— Assustador como, Jimin?

— Eu nem sei como explicar, mas em um belo dia, o marido dela, que sempre me olhava de forma estranha, disse que iríamos nos casar. Quando encarei Miran em busca de alguma explicação, pois só podia ser brincadeira, ela tentou me convencer de que era o melhor para mim, pois eu tinha uma vida toda ferrada, saía com caras estranhos... Tipo, entende como é loucura?

— Eles eram uma Seita?

— Você acredita em mim?

— Por que eu não acreditaria?

Toquei sua bochecha enxugando-a, ele suspirou, afetado com meu carinho.

— Era uma comunidade fechada e o cara era o líder. As pessoas tinham medo dele, viviam assustadas e de cabeça baixa. Isso me apavorava e eu tentava sair, mas ela não permitia, dizia que sentiria minha falta, pois só tinha a mim e seu filho.

— Como você fugiu?

— Eles tinham um ritual durante a semana, tarde da noite, e eu sempre ficava com Ian. Estava quase dormindo quando ela me arrastou da cama e disse que íamos fugir. Eu não entendi nada, mas ela não me permitiu discutir, estava nervosa e agitada. Ela me arrastou junto ao filho para o carro. No percurso, ela disse que eu ia para a Rússia com Ian e ela para outro lugar, pois Sebum a perseguiria atrás do filho, isso me daria tempo para encontrar um lugar seguro. Ainda me lembro das suas últimas palavras, ela disse que...

Ele se silenciou e arregalou os olhos, afastando-se de mim, como se meu toque o queimasse.

— Ela disse o que, Jimin? — O tom rouco e quase rosnado do lobo o impediu de se afastar.

— Ela me perguntou se eu ainda sonhava com ele... — Balbuciou, sem piscar. — Se eu ainda sonhava com o lobo me perseguindo e depois... — Suas bochechas esquentaram e soube que era algo que ele sentia vergonha. — Fiquei envergonhado em admitir que sonhava em fazer amor com um lobo, ou era um homem, eu não sei explicar, JungKook. Eu nem lembrava mais disso, por que eu esqueci dessa conversa?

— Jimin, me diga o que ela disse depois?

— Ela disse que não era para eu ter medo, era para eu seguir meu coração, pois ele me levaria para ele. Por que ela diria isso? Ela afirmou que ele nos protegeria, pois ele era o meu... — Ele agitou a cabeça tentando lembrar de algo. — Eu não consigo recordar. Por que eu esqueci disso, JungKook? Não entendo. — Ele parecia aflito.

A resposta estava na criança que havia ficado com meus pais.

O pequeno alfa controlava o seu pai para protegê-lo de tudo que o machucava.

Sua amiga sabia que Jimin era um humano diferente, então por que esse tal de Sebum queria forçá-lo a um casamento, se isso significaria a morte de Jimin?

— JungKook? — Ele estendeu a mão para tocar meu rosto e naquele pequeno gesto, havia carinho. Seus olhos se suavizaram e ele mordeu os lábios, nem piscava ao acariciar minha bochecha. — Que tal jantar comigo?

— Sim, Jimin. Seria uma honra jantar com você.

Não deveria existir nada nesse mundo capaz de separar duas almas predestinadas, mas aprendi com minha família que existem outros amores tão fortes quanto o amor de dois companheiros, exemplo disso, é o amor do pequeno Ian pelo Jimin.

Quem sabe a criança sinta que sua verdadeira mãe faleceu e o seu pai seja um monstro, restando apenas o Jimin, por isso ele protege tanto o seu novo pai, para que nada o machuque, nem mesmo eu.

Predestined for Human (Livro 3)Onde histórias criam vida. Descubra agora