Arthdal Warrior | Yangcha

0.7

Quando os lábios deles finalmente se separaram, Jiyeon permaneceu em silêncio, ainda de olhos fechados, como se quisesse prolongar o momento, gravá-lo em sua mente. Yangcha a observava, também quieto, ainda sentindo a eletricidade do beijo. Não havia um som ao redor, apenas o eco de suas respirações entrecortadas. Jiyeon abriu os olhos devagar, e o rosto de Yangcha estava ali, sem máscara, o rosto que ela já tinha imaginado tantas vezes e que agora parecia ainda mais próximo, mais real. Yangcha não desviou o olhar, mantendo seus olhos fixos nos dela, embora seu coração ainda batesse em um ritmo frenético.

- Desculpa...fui longe demais.- Ela sussurrou, envergonhada, as palavras saindo quase como um suspiro. A coragem que havia sentido antes, ao beijá-lo, parecia se dissipar agora, deixando apenas uma vulnerabilidade que ela tentava esconder. Jiyeon olhou para o lado, como se o mundo voltasse a existir, e o instante mágico entre eles tivesse que ser guardado, apenas para os dois.

Yangcha piscou, como se fosse trazido de volta à realidade, e então, lentamente, ergueu a máscara de novo ao rosto. O gesto era quase hesitante, como se soubesse que cobrir o rosto significava também esconder o que acabara de acontecer entre eles. Em silêncio, ele deu um passo para trás e baixou ligeiramente a cabeça, numa tentativa de retomar a postura profissional de sempre. Mas, desta vez, as palavras que murmurou carregavam uma tensão que Jiyeon nunca tinha ouvido antes.

"Isto... não deveria ter acontecido" disse ele, a voz abafada pela máscara. "És uma princesa, Jiyeon. E eu..." Ele hesitou, como se as palavras o traíssem. "Eu sou apenas o teu guarda pessoal."

Jiyeon olhou-o e o seu coração apertou-se ao ouvir aquilo, nem ela sabia porquê. Os olhos dela procuraram os dele, mas Yangcha desviou o olhar, determinado a manter-se firme.

- Yangcha...- Começou ela, num sussurro quase implorativo.- Eu... eu não vejo-te apenas como o meu guarda, eu...

Yangcha balançou a cabeça, os olhos fixos no chão. "Mas é isso que eu sou. E é isso que devo ser" interrompeu-a, com a voz tensa, como se cada palavra lhe custasse. Tentava impor firmeza, mas o conflito interno era claro, pelo menos para Jiyeon. Durante alguns segundos, o silêncio pairou entre eles, pesado e carregado de coisas não ditas. Jiyeon queria dizer mais, queria aproximar-se, mas parou a meio caminho, hesitante, respeitando a distância que ele parecia precisar.

Jiyeon sentiu um aperto no peito ao ouvir as palavras de Yangcha, mas assentiu lentamente. Sentiu uma pontada de mágoa, mas nem sabia ao certo de onde vinha. Afinal, o que esperava? Sabia que era insensato. Sabia que Yangcha estava certo. Mas ainda assim... a dor estava lá, silenciosa e inescapável.

- Sim, tens razão.- Murmurou, a voz baixa e distante. Evitava os olhos dele, fixando o olhar em qualquer ponto da sala que não fosse o rosto agora coberto do seu guarda. Yangcha inclinou a cabeça, atento a cada palavra dela, mas permaneceu imóvel. Notava o ligeiro tremor na voz dela e, por um segundo, hesitou, como se quisesse falar ou até dar um passo à frente. Mas não o fez.- Talvez... seja melhor ires.- Acrescentou ela, ainda sem olhá-lo. Precisava de estar sozinha. Só assim poderia acalmar o turbilhão de emoções que lhe invadia a mente.

Yangcha permaneceu imóvel, observando-a em silêncio, como se tentasse ler alguma verdade escondida nos olhos dela, alguma hesitação que contradissesse o pedido de Jiyeon. Ele sabia que o seu dever era estar ali, protegê-la, e não conseguia afastar-se, mesmo que a intensidade do momento o confundisse.

"É melhor eu ficar..." Pensou ele, numa voz baixa, ele sabia que ela iria ler-lhe o pensamento. "O meu trabalho é proteger-te, Jiyeon."

Jiyeon ergueu o olhar, surpreendida pela persistência dele. Mas o calor daquela proximidade inesperada e o turbilhão de sentimentos que trazia deixavam-na desconfortável e vulnerável de uma forma que a assustava. Sentiu a necessidade de se afastar, de se fechar para controlar a confusão que se instalara no seu peito.