O amanhecer entrou timidamente pelas janelas do quarto de Jiyeon, iluminando o espaço com uma luz suave. Yangcha já estava no seu posto habitual, encostado à porta, a vigiar em silêncio como sempre.
Na cama, Jiyeon começou a espreguiçar-se preguiçosamente, ainda um pouco sonolenta. No movimento, a sua mão tocou no livro que tinha adormecido a segurar. Ele escorregou das suas mãos e caiu no chão com um som abafado, mas ela nem reagiu.
Ficou sentada na cama, os olhos fixos no livro, enquanto as memórias da leitura da noite anterior a inundavam. A profecia, os seus significados e implicações, tudo dançava na sua mente como peças de um quebra-cabeças que não conseguia encaixar. E, como se aquele pensamento tivesse um peso enorme, ela deixou-se perder no silêncio, completamente absorta.
Yangcha, do outro lado do quarto, reparou no estado dela. Após alguns minutos de hesitação, deu um passo em frente e, com uma expressão calma mas preocupada, perguntou:
"Está tudo bem?"
Jiyeon levantou a cabeça subitamente, como se tivesse sido arrancada dos seus pensamentos. Olhou para ele, um pouco surpreendida, antes de finalmente acenar com a cabeça.
— Sim... está — respondeu, mas o seu tom sugeria que havia algo mais.
Yangcha estreitou os olhos, avaliando-a. Mesmo sem palavras, ele percebia que havia algo a incomodá-la. Mas, como era de costume, respeitou o espaço dela, ficando atento, caso ela quisesse dizer mais. Jiyeon desviou o olhar por um momento, tentando aliviar a tensão do ambiente.
— E tu? Descansaste bem? — perguntou, numa tentativa de mudar de assunto.
Yangcha fez um breve gesto afirmativo com a cabeça e respondeu de forma simples, mas os seus olhos traíram a preocupação que sentia. Ele não era de se deixar desviar tão facilmente, especialmente quando algo parecia pesar no coração de Jiyeon.
"Mas... porque não me contas o que te preocupa? Não confias em mim?"
As palavras silenciosas, transmitidas apenas pelo olhar firme de Yangcha, perfuraram a armadura emocional de Jiyeon. Ela suspirou profundamente, tentando encontrar as palavras certas.
— Claro que confio em ti. Mais do que em qualquer outra pessoa... — respondeu com sinceridade, aproximando-se dele. — É por isso que tenho que contar-te...
Yangcha inclinou a cabeça ligeiramente, encorajando-a a continuar.
— Ontem à noite... — começou Jiyeon, enquanto os seus dedos brincavam nervosamente com a bainha da camisola. — Eu li aquele livro que o Saya me deixou. Era fascinante, mas... havia uma parte. Algo que já ouvi antes...
Ela fez uma pausa, os olhos hesitando em encontrar os dele.
— Era a profecia... a do sino, da espada, do espelho e da lua. Aquela que ouvi o Mubaek contar à Tanya. — A sua voz tremia levemente enquanto continuava: — Yangcha, essa profecia... fala de mim, do Saya, da Tanya e do Eunseom. Nós somos os quatro. E juntos... destruímos o mundo. A profecia é real, Yangcha!
Yangcha manteve-se imóvel, mas o seu olhar intensificou-se. Ela estava a contar-lhe algo muito importante, algo que pesava no seu coração.
— Eu só... — Jiyeon hesitou, engolindo em seco. — Eu só precisava de te dizer. Não sei o que fazer com isto, Yangcha.
Ele observou-a em silêncio, absorvendo cada palavra. Mesmo sem poder falar, a sua presença transmitia um apoio inabalável, uma promessa de que estaria ao lado dela, acontecesse o que acontecesse. Jiyeon olhou para Yangcha com um misto de hesitação e angústia. Ela precisava continuar, precisava libertar o que a estava a consumir por dentro.
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Arthdal Warrior | Yangcha
FanfictionJiyeon, filha secreta de Tagon, faz parte das Forças Daekan. Ela também é uma Igutu (ser nascido da união entre um humano e um Neanthal (uma raça poderosa e sobre-humana). Eles possuem habilidades físicas superiores, como força e resistência, e tem...