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Jiyeon viu a oportunidade perfeita. Assim que Yangcha saiu, ela rapidamente terminou de se vestir e, sem perder tempo, escapuliu-se do quarto. Movia-se com passos leves e silenciosos, o coração batendo rápido, não só pela fuga, mas pela sensação de liberdade que sempre desejava e raramente conseguia. Era um simples passeio, mas a ideia de estar sozinha, sem olhares atentos e vigilantes, dava-lhe uma sensação revigorante.

Ao sair dos corredores principais, percorreu o caminho que levava ao jardim escondido do palácio. Aquela era uma das poucas áreas que lhe dava algum alívio. Flores raras e árvores altas escondiam-na de vistas curiosas, e ali, cercada pela natureza, podia respirar em paz. Sentou-se perto de uma pequena fonte, mergulhando as pontas dos dedos na água fresca. O som do borbulhar da água trouxe-lhe um momento de calma que há muito não sentia. Os seus pensamentos, antes dispersos, começaram a reunir-se. Pensou no beijo com Yangcha, na conversa tensa com Tagon, e no que tinha descoberto sobre Saya. Tudo parecia um fardo pesado, um turbilhão de emoções e segredos que precisava de organizar.

Ainda perdida nos pensamentos, Jiyeon sentiu uma brisa leve, e quase podia imaginar uma vida diferente, sem a pressão das responsabilidades e dos segredos. Ali, por breves momentos, era apenas uma jovem, sem títulos, sem regras e sem a constante vigilância de Yangcha e Tagon.

Jiyeon sorriu ao olhar para a árvore frondosa à sua frente. Era uma macieira, as frutas maduras pendendo dos ramos como pequenos tesouros vermelhos. Sem hesitar, decidiu subir, num impulso de aventura e rebeldia que raramente podia satisfazer. Subiu com agilidade, rindo baixinho, sentindo-se quase uma criança outra vez. Cada ramo que alcançava levava-a para mais alto, e o mundo lá embaixo parecia, por alguns momentos, menos opressivo.

Quando chegou ao topo, segurando uma maçã fresca na mão, foi surpreendida pela vista. Dali, conseguia ver a vila toda. As casas de telhados inclinados, as ruas estreitas por onde as pessoas caminhavam e se ocupavam das tarefas do dia, o mercado ao longe, com suas barracas coloridas... Tudo parecia tão simples, tão pacífico, visto daquela altura. Era um contraste gritante com a complexidade da sua vida no palácio, feita de segredos e silêncios. Ali, entre as folhas e os frutos, Jiyeon sentiu-se num refúgio secreto, uma observadora distante e anónima, sem o peso do nome que carregava. Permitiu-se um momento para imaginar como seria viver ali, como uma pessoa comum, sem as amarras do poder, sem a vigilância constante. Apenas ela, livre.

Yangcha voltou ao quarto de Jiyeon, apenas para encontrar o espaço vazio. O coração acelerou e os olhos arregalaram-se de preocupação. Ele sentiu o peso da responsabilidade cair sobre os ombros. Onde ela se meteu? Pensou, desesperado. Em questão de segundos, saiu do quarto em disparada, tentando manter a calma mas sentindo a urgência a cada passo.

Primeiro, percorreu os corredores do palácio, acreditando que talvez ela apenas tivesse ido até algum dos salões. Não encontrou nada. Os guardas que cruzavam o seu caminho olhavam-no, desconfiados, mas Yangcha mantinha o foco. Sabia que a sua missão era proteger Jiyeon, e uma vez que ela escapara de sua vista, nada mais importava. Enquanto atravessava o jardim externo, parou um momento, fechando os olhos. Tentava lembrar-se dos lugares que a princesa gostava de frequentar e de onde poderia ter ido sem ser facilmente notada. Será que ela foi até a aldeia? Ou ao campo de treino? Yangcha estava pronto para sair em direção aos portões quando um vislumbre de uma árvore próxima chamou a sua atenção.

Olhando com mais cuidado, notou um movimento entre os ramos da macieira. Para seu alívio — e surpresa — era Jiyeon, no topo da árvore, com uma maçã nas mãos e um sorriso quase travesso nos lábios, completamente alheia à sua presença. Yangcha parou ao pé da árvore e suspirou de alívio. Não sabia se estava mais irritado ou simplesmente aliviado por a ter encontrado. Ele tentou acenar para ela, chamando-a de volta à terra firme, com um olhar que misturava reprovação e, ao mesmo tempo, a relutante admiração pela audácia dela.

Arthdal Warrior | YangchaOnde histórias criam vida. Descubra agora