Era o vazio que a acompanhava agora, o mesmo vazio que se formara quando a verdade sobre a sua família foi revelada. Algo dentro dela tinha quebrado, e a partir daquele momento, ela sabia que não podia mais confiar em ninguém, nem mesmo em si mesma. Ela se aproximou da janela e olhou para fora, para o vasto mundo que ainda se estendia diante dela. O futuro era uma névoa nebulosa, e nada mais parecia certo. Ela não sabia o que fazer agora. Tudo o que restava era a solidão e a dúvida.
"Talvez eu devesse ser forte" pensou ela, sentindo o peso das palavras de Saya ecoando em sua mente. Mas algo dentro dela gritou que a verdadeira luta estava apenas a começar.
Jiyeon saiu do quarto com passos decididos, mas o seu rosto mostrava uma expressão de frieza que até ela não reconhecia. Yangcha estava ali, do lado de fora da porta, em posição de guarda, a postura reta e o olhar atento. Mas Jiyeon passou por ele sem sequer lançar-lhe um olhar, ignorando completamente a presença dele. Havia algo dentro dela que ardia, um misto de mágoa e irritação que ela não queria admitir. As palavras de Yangcha ressoavam na sua mente, incomodando-a. Mas por quê? Por que estava a sentir-se tão ofendida? De repente, já não sabia se estava mais frustrada com ele ou com ela própria.
A princesa caminhou a passos largos pelos corredores do castelo, com o destino claro na sua mente: o campo de treino. Precisava distrair-se, precisava esvaziar a cabeça e esquecer os últimos acontecimentos — o beijo, a descoberta sobre Saya, o peso da lealdade a uma família que ela mal compreendia.
Yangcha seguiu-a em silêncio, mantendo uma distância discreta. Ele não ousou questionar o humor dela, mas sentia a frieza que ela irradiava. Mesmo assim, sabia que o seu dever era protegê-la, então, sem hesitar, continuou a acompanhá-la.
Quando Jiyeon finalmente chegou ao campo de treino, sentiu um alívio momentâneo ao ver que estava vazio. "Pelo menos isso", pensou. A vastidão do espaço e o silêncio acolhedor foram uma lufada de ar fresco para o seu espírito inquieto. Ela afastou-se um pouco e respirou fundo, aliviada por ter um lugar onde podia finalmente libertar todas as tensões que a atormentavam.
Sem dizer uma palavra, Jiyeon pegou numa espada de treino, passando os dedos pela lâmina como se aquela arma fosse a única coisa no mundo que realmente entendia os seus sentimentos. Assumiu uma postura firme e começou a treinar, desferindo golpes no ar com uma precisão que denunciava a sua frustração. Cada movimento, cada golpe, era um grito mudo que expressava tudo o que ela tentava sufocar.
Yangcha, que tinha se posicionado perto da entrada do campo, observava-a atentamente, vendo o quanto Jiyeon estava perturbada. Ela movia-se com uma determinação feroz, os golpes rápidos e precisos, mas havia algo nos seus olhos que não deixava dúvida: ela não estava ali apenas para treinar. Estava ali para expurgar uma dor que ele não compreendia completamente.
E, ainda assim, ele permaneceu em silêncio, respeitando aquele momento dela. Sabia que Jiyeon precisava daquele espaço, daquela distância.
Por fim, após um último golpe no ar, Jiyeon parou, respirando com dificuldade, o peito subindo e descendo enquanto lutava para recuperar o fôlego. Sentia as emoções a fervilhar, mas também sentia uma leve sensação de alívio. Virou-se para ver Yangcha ali, ainda quieto, a observar, e desviou o olhar, um pouco envergonhada.
Mas antes de se afastar, Jiyeon murmurou, sem olhar para ele:
- Tens mesmo que seguir-me para todo o lado?
Yangcha, com a voz calma e firme que ela conhecia tão bem, respondeu-lhe, desta vez usando os pensamentos para que ela o ouvisse:
"Sim. A minha missão é proteger-te. E nunca a abandono."
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Arthdal Warrior | Yangcha
FanfictionJiyeon, filha secreta de Tagon, faz parte das Forças Daekan. Ela também é uma Igutu (ser nascido da união entre um humano e um Neanthal (uma raça poderosa e sobre-humana). Eles possuem habilidades físicas superiores, como força e resistência, e tem...