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Na manhã seguinte, Jiyeon foi arrancada dos seus sonhos ao sentir um puxão no cobertor e ver a silhueta autoritária de Taelha a pairar ao lado da sua cama. Taelha observava-a com aquele olhar frio e calculista, os braços cruzados com impaciência, como se a mera visão da filha deitada a incomodasse.

— Levanta-te, Jiyeon. — A voz de Taelha era cortante, quase como uma ordem militar. — Já que não estás nas forças Daekan, está na hora de começares a ajudar na Hae Too-Ak. Há muito trabalho para fazer, e a tua presença será útil.

Ainda confusa e atordoada com a maneira abrupta com que foi acordada, Jiyeon sentou-se lentamente, o olhar carregado de frustração.

— Então é isso? — replicou Jiyeon, a voz ainda rouca de sono, mas cheia de amargura. — Agora que me tiraram das forças Daekan, queres transformar-me numa escrava da Hae Too-Ak? Fui adotada para isto?

Taelha ergueu uma sobrancelha, claramente irritada com a insubordinação da filha.

— Não podes simplesmente passar os dias a fazer o que te apetece. Tens um papel a cumprir, e eu exijo que te comportes como tal.

— Um papel? — Jiyeon levantou-se da cama, o rosto dela tingido de raiva. — A única coisa que fizeste foi tentar controlar-me. Não sou uma ferramenta, Taelha. Eu sei cuidar de mim. O que estás a tentar fazer é obrigar-me a viver como uma prisioneira!

A tensão no quarto cresceu, e Taelha avançou um passo, os olhos estreitados numa expressão de desaprovação intensa.

— Cuidado com as tuas palavras, Jiyeon — advertiu Taelha, a voz baixa, mas ameaçadora. — Esta casa acolheu-te quando ninguém o fez. Talvez devesses mostrar mais gratidão.

Mas Jiyeon não estava disposta a recuar. As palavras de Taelha inflamavam algo mais profundo dentro dela, algo que há muito tentava manter enterrado.

— Gratidão? — Jiyeon soltou uma risada amarga. — Gratidão por me forçar a ser algo que eu não sou? Por querer tornar-me numa serva dos teus caprichos?

O rosto de Taelha ficou pálido de raiva, e Jiyeon sentiu uma faísca de coragem a arder dentro dela. Estava farta da manipulação, da constante pressão.

— Para de reclamar, Jiyeon!

— Diz-me uma coisa...— prosseguiu Jiyeon, a voz dura, quase desafiadora.— E se eu não obedecer? Vais fazer-me o mesmo que fizeste à Saenarae?

As palavras de Jiyeon caíram como um peso no ar, e o silêncio que se seguiu era opressivo. Taelha ficou imóvel por um instante, os olhos frios e calculistas, mas a expressão dela traiu por um breve momento uma surpresa. Porém, logo recuperou o controlo, o olhar dela tornando-se ainda mais gélido.

— Cuidado com o que insinuas, Jiyeon — murmurou Taelha, a voz cortante. — Não sabes nada sobre o que aconteceu com Saenarae. O que quer que ouviste não passa de rumores, histórias deturpadas por aqueles que não compreendem o que é necessário para manter o poder.

— Talvez não saiba tudo, mas sei que ninguém aqui está a salvo de ti — respondeu Jiyeon, sem desviar o olhar. — E é por isso que nunca vou seguir o caminho que queres para mim.

Taelha lançou-lhe um último olhar de aço, e sem dizer mais nada, virou costas e saiu do quarto, deixando Jiyeon sozinha, mas decidida.

Yangcha entrou silenciosamente, hesitante, observando o caos no quarto enquanto Jiyeon descarregava sua frustração. Livros e objetos caíam ao chão, cada um atirado com raiva, a jovem princesa completamente alheia à presença dele. Ele podia sentir a intensidade das emoções dela, o desespero e a revolta refletidos em cada movimento brusco.

Arthdal Warrior | YangchaOnde histórias criam vida. Descubra agora