A loucura

138 30 8
                                    

O salão dos anciões estava silencioso enquanto Jungkook terminava de falar. Seus olhos encontraram o olhar de cada ancião à mesa. Alguns o observavam com dúvida da repentina decisão, outros com compreensão e outros ainda com uma leve hesitação, como se estivessem divididos entre o passado e o futuro.

Após um longo silêncio, a primeira voz a se manifestar foi a de um ancião de cabelos brancos e semblante ríspido, Daeho. Ele era um dos mais antigos entre eles, com uma cicatrizes em um de seus olhos, feito durante o conflito passado com os humanos.

- Você fala em aliança com o reino dele, Jungkook - começou ele, a voz áspera carregada de indignação. - Mas já se esqueceu das traições que sofremos? Daqueles que se diziam aliados e trouxeram destruição às nossas aldeias? Os humanos são traiçoeiros por natureza. O que nos garante que esse Taehyung seja diferente?

Havia murmúrios de concordância ao redor, e alguns dos anciões assentiram, os rostos carregados de memórias amargas. Jungkook sentiu que não seria fácil convencer sua saída da aldeia.

- Ancião, eu entendo o que está dizendo. Mas o taehyung... - Jungkook hesitou, tentando não demonstrar o quanto defendia Taehyung por razões que ele próprio não sabia explicar. - Taehyung mostrou bravura ao enfrentar o ódio de nosso povo e manteve a calma. Isso é algo que não vemos em qualquer mercenário. Ele tem uma visão, algo que pode ser útil para nós. Nossa aliança não é com ele, mas com o povo dele - mentiu, forçando-se a afastar a ideia de que, na verdade, ele nem mesmo estava pensando nas almas miseráveis que iriam morreu naquele lugar, seu objetivo tinha cabelos loiros e um caráter duvidoso.

Uma anciã de cabelos vermelhos bufou, os olhos semicerrados.

- Visão? - zombou ela - Ele é apenas mais um humano, uma vadia loira com promessas vazias. Você é jovem demais, Jungkook, ingênuo. Não se deixe enganar por uma aparência agradável ou por palavras doces.

Jungkook apertou os punhos ao escutar aquelas palavras, lutando contra o impulso de defendê-lo mais fervorosamente. - Minha decisão não foi feita por conta de sua aparência e muito menos por suas palavras - afirmou, esforçando-se para manter uma postura neutra. - Temos que pensar na nossa gente. Precisamos de algo mais que tradição e de sentido híbrido para prosperar.

Outro ancião, ergueu-se da cadeira, os olhos penetrantes e a expressão severa.

- Pensar no nosso povo?- ele exclamou, quase ofendido. - Você fala como se precisássemos desses humanos. Nós temos nossa terra, nosso povo, e nossas tradições. Trazer esses "Humanos" é o mesmo que corromper nossa essência! E qual será a próxima ideia? Um mestiço? Não vamos abrir as portas da nossa aldeia para isso, Jungkook! Não depois de tudo que passamos!

- Com todo respeito, o senhor fala como se houvesse algo a perder. - Dessa vez foi a voz suave, porém firme, da mãe de Jungkook que interrompeu o debate. A monarca, observava o conselho com um olhar calculista. - É claro que prezamos nossa essência, mas devemos pensar também no que podemos ganhar. Nosso povo precisa de esperança, e se essa aliança puder nos trazer algo de valor, devemos considerar.

O mais velho resmungou, mas permaneceu em silêncio, ainda insatisfeito. A monarca continuou:

- Os tempos mudaram. Os humanos, por mais complicados que sejam, também mudaram. Nós vimos jovens trakianos partir e nunca retornar porque não temos como oferecer uma vida digna aqui. E quanto a isso? A tecnologia deles poderia ajudar nosso povo...a medicina poderia nos ajudar!

Os dois anciões abriram a boca para protestar, mas Daeho os interrompeu.

- A questão não é a medicina mas a confiança - disse Daeho, sua voz carregada de ironia. - Confiança, essa palavra que parece tão vazia entre os humanos. Esse príncipe é arrogante, e tenho certeza de que ele só veio até nós por interesses próprios. Ele não liga para os trakianos.

O Príncipe Trakai eo Rei cruel_taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora