A tempestade rugia lá fora como se o próprio céu estivesse sendo despedaçado. O vento assobiava como tambores de guerra. As rajadas faziam as janelas estremecerem, enquanto as sombras dos relâmpagos dançavam nas paredes como espíritos inquietos.
Ele caminhou até a janela com passos pesados. Abriu a vidraça sem hesitar, permitindo que o ar gélido e molhado invadisse o ambiente. Seu rosto endurecido mirava o céu tempestuoso, onde relâmpagos cortavam as nuvens como lâminas douradas.
— Os deuses estão irados esta noite — murmurou, sua voz carregada com algo entre respeito e provocação.
Por um instante, parecia que o trovão respondeu, um rugido ensurdecedor. Ele respirou fundo, fechando a janela antes que o vento levasse consigo o calor frágil da casa. Suas mãos estavam frias quando ele as esfregou uma contra a outra, tentando afastar o torpor, mas era algo mais profundo que o atormentava.
Seguindo seus instintos, dirigiu-se à cozinha. Assim que cruzou a porta, foi recebido por um aroma peculiar, algo quente e molhado, com o cheiro agridoce.
Não lhe era familiar, mas carregava uma estranha sensação de conforto.
Taehyung estava ali, de costas para ele, em frente ao balcão.
O loiro trabalhava em silêncio como um chefe habilidoso, enquanto cortava legumes que ele nunca havia visto antes. Seus dedos longos e precisos manejavam a faca com uma habilidade, quase como se ele dançasse com os ingredientes.
Jungkook parou na soleira da porta, observando a cena. Mas o príncipe parecia alheio ao caos do mundo, como se estivesse em seu próprio santuário e na reparasse que lá fora os céus estava caindo.
— Isso é do seu país? — Jungkook perguntou finalmente, sua voz cortando o silêncio como uma lâmina.
Taehyung parou por um instante, mas não se virou. Seus ombros enrijeceram levemente antes de ele voltar a cortar os ingredientes.
Jungkook avançou alguns passos, encostando-se ao balcão. Cruzou os braços, seus olhos escuros fixos na figura do loiro.
— Nunca vi alguém do seu reino cozinhando. Meu tio dizia que isso não era comum... — Ele fez uma pausa, observando a lâmina deslizar habilmente. — Ele diz que essas coisas são feitas apenas por mulheres.
Finalmente, Taehyung ergueu os olhos, e Jungkook sentiu o impacto daquele olhar. Era afiado, desconfiado, mas também carregado de uma tristeza que ele não sabia nomear.
— O que você quer, Jungkook? — A pergunta foi direta, mas o tom era suave, como se ele já soubesse a resposta.
Jungkook hesitou, algo que raramente fazia. Ele desviou o olhar por um instante antes de voltar a encará-lo.
— Quero saber onde você aprendeu isso. — Ele indicou a panela com um movimento de cabeça. — Não parece o tipo que aprende a cozinhar.
Taehyung desviou o olhar, seus dedos agora brincando com o cabo da faca. Seus olhos fixaram-se no fogo do fogão, como se procurasse ali uma memória escondida.
— Minha mãe — respondeu finalmente, sua voz baixa e melancólica. — Ela gostava de cozinhar. Dizia que era o único momento em que ela se sentia bem, não sentia a cobrança e o peso do reino...tudo era apagado.
Jungkook inclinou a cabeça, intrigado.
— E ela te ensinou?
Taehyung assentiu lentamente.
— Era o nosso segredo. Ela me chamava para ajudá-la quando ninguém estava por perto. Disse que a cozinha era o único lugar onde podíamos ser nós mesmos, longe das regras e do julgamento.
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O Príncipe Trakai eo Rei cruel_taekook
FanficO império de Florensia prosperava sob os pais de Kim Taehyung até que uma emboscada durante uma caçada em Miryang os matou, deixando-o órfão e herdeiro de um trono ameaçado. Em busca de aliados para enfrentar a guerra iminente, Taehyung descobre que...