O Príncipe Trakai eo Rei cruel_taekook

Sob os Olhares de Alicent

A manhã estava especialmente fria em Trakai. O céu cinza, carregado de nuvens pesadas, espelhava o humor sombrio de seus habitantes. Entre os trakais, uma figura loira, distinta entre os guerreiros e camponeses, movimentava-se com uma serenidade inesperada. Taehyung havia se voluntariado para ensinar as crianças trakais a ler, uma tarefa que surpreendeu até mesmo os líderes da aldeia. Afinal, um humano como ele, príncipe ou não, seria recebido com desconfiança.

Enquanto as crianças se reuniam ao redor dele, sentadas no chão de terra batida, Taehyung inclinava-se para pegar uma pilha de pergaminhos e, com paciência, desenrolava um deles. Seu cabelo loiro balançava suavemente com o movimento, e ele sorria com uma gentileza que destoava da imagem fria e calculista que exibia nos encontros políticos.

Do outro lado do pátio, Alicent observava a cena com atenção. Seus olhos escuros se estreitaram enquanto focavam em Jungkook, que estava de pé, aparentemente distraído, ao lado de alguns guerreiros. Alicent sempre conheceu Jungkook como alguém forte, intenso e... amargo, especialmente quando se tratava de humanos.

Desde que os trakais foram ameaçados por forças externas, a hostilidade de Jungkook contra a humanidade só aumentara.

Mas agora, algo estava diferente. Ela o via observar Taehyung, seu olhar vagando por muito mais tempo do que o normal. Não era o olhar de ódio que ela esperava ver. Era mais suave, não estava livre de rancor mas tinha algo mais, algo mais ponderado, como se ele estivesse absorvendo cada detalhe do príncipe humano.

E isso a incomodava profundamente.

Alicent caminhou lentamente até onde Jungkook estava, seus passos quase silenciosos sobre a grama molhada. Ela chegou ao lado dele e seguiu seu olhar, vendo Taehyung se ajoelhar pacientemente ao lado de uma criança trakail, ajudando-a a traçar as letras com um pedaço de carvão.

— Desde quando você se interessa por... isso? — A voz de Alicent soou calma, mas havia um tom de desconfiança que ela não conseguiu esconder.

Jungkook virou-se bruscamente ao ouvir a voz dela, como se tivesse sido pego no flagra. Ele estreitou os olhos, tentando recuperar a compostura, mas a expressão neutra de Alicent o desarmava.

— Não me interesso — respondeu ele, rápido demais. — Só estou... observando.

Alicent arqueou uma sobrancelha, um sorriso quase imperceptível surgindo nos lábios. Ela conhecia Jungkook há tempo suficiente para saber quando ele estava escondendo algo, e aquele olhar furtivo em direção a Taehyung era um sinal claro de que algo mais estava acontecendo.

— Observando? — repetiu ela, mantendo o tom casual. — Você odeia humanos. Sempre odiou. Mas desde que esse Taehyung chegou, parece que não consegue tirá-lo dos olhos.

Jungkook fechou a expressão, mas seu desconforto ficou evidente. Ele se afastou um passo, desviando o olhar de Alicent e fingindo se concentrar em outra coisa.

— Ele é perigoso — murmurou, a mandíbula tensa. — Não confio nele.

Alicent deu um passo à frente, cruzando os braços e inclinando a cabeça para o lado, sem tirar os olhos de Jungkook.

— Não é isso que parece — provocou ela, sua voz suave, mas incisiva. — Você o observa como se quisesse entendê-lo, não destruí-lo.

Ela fez uma pausa, deixando suas palavras penetrarem, e então continuou:

— Está me dizendo que é só ódio o que sente por ele? Porque para mim, parece outra coisa.

Jungkook travou o maxilar, lutando para manter o controle sobre as emoções que estavam começando a vir à tona. Ele sabia que Alicent era perspicaz, e por mais que tentasse esconder, havia algo em Taehyung que mexia com ele de uma forma que ele não conseguia explicar.