De volta a florenzia

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O último dia de Taehyung entre aqueles que sempre o chamaram de "rei" e "salvador".

O céu estava tingido de laranja e dourado parecia uma despedida calorosa, mas o futuro.

Taehyung, imerso nos preparativos da partida, sentia um misto de sensações.

Sunoo estava ao seu lado, como sempre, um pilar de suavidade e compreensão. Ele estava quieto, mas seus olhos estavam repletos de sentimentos não expressos.

Sunoo havia sempre sido o reflexo daquilo que Taehyung não era – carinhoso, atencioso, e disposto a mostrar ao mundo o lado mais suave das pessoas. E, por mais que Taehyung tentasse negar, isso o tocava mais do que ele gostaria.

— Então... é isso, alteza — Sunoo disse, com a voz suave e um sorriso triste. — Vamos deixar esse lugar para sempre...e talvez, se existir um depois da guerra, não teremos nada que vincule nós a esse lugar —

Taehyung olhou para ele, os olhos ainda carregados de uma calma imperturbável. Mas, por um momento, algo brilhou em seu olhar. Com um gesto simples e sincero – um leve toque no ombro de Sunoo. Não era necessário dizer nada; o que quer que fosse, estava ali, na troca silenciosa.

Nesse momento, a mãe de Jungkook apareceu com um pequeno grupo de aldeões. Ao lado dela estavam os anciãos e algumas outras figuras importantes da comunidade. Mas o que fez Jungkook parar por um momento foi o número impressionante de pessoas que estavam com ela – pelo menos 200, todas dizendo que lutariam ao lado de Taehyung, mesmo sabendo que a guerra não era deles.

Jungkook ficou paralisado por um instante, sem saber o que fazer com a imensidão de apoio que sua aldeia estava oferecendo ao homem com quem ele ainda lutava para entender seus sentimentos.

Ele olhou para Taehyung, e o viu sorrindo ao lado de Sunoo, com um brilho nos olhos que o deixou completamente surpreso. Taehyung sempre fora frio e imperturbável, mas aquele sorriso parecia genuíno, como o de uma criança que acabara de ganhar algo imenso, algo que jamais imaginara ter. Jungkook sentiu um peso no peito, mas também um orgulho inexplicável ao ver aquilo. "Isso é mais do que eu poderia imaginar", pensou ele, observando a cena.

"Isso é uma aldeia, não um país," Jungkook murmurou para si mesmo, sentindo que a oferta de apoio era ainda mais impressionante por ser um lugar pequeno. Era uma demonstração de lealdade incondicional. Ele olhou novamente para Taehyung, e o sorriso no rosto do rei, agora mais humano, foi o que o fez sorrir de volta. Não sabia o que o futuro reservava, mas sentia que aquela era uma virada no caminho de sua vida.

— Parece que todos querem fazer parte disso — disse Jungkook, com um sorriso sincero para sua mãe, que estava emocionada com a demonstração de força da comunidade.

Ela o abraçou apertado, suas mãos trêmulas e seus olhos marejados de lágrimas. — Você vai fazer algo grande, Jungkook. Eu sei disso. Só… não se esqueça de quem você é, e do que você representa para nós —

— Eu não vou esquecer, mãe — respondeu ele, apertando-a de volta. — Prometo voltar para vocês com mais do que sai —

Jungkook então se afastou dela, dirigindo-se aos anciãos e outros membros da aldeia, que também estavam ali para dar sua bênção. Eles, com suas expressões sérias, tomaram um momento para se despedir, alguns mais silenciosos, outros com palavras de apoio.

Finalmente, todos se reuniram no centro da aldeia, onde Taehyung ficou no centro, de frente para a multidão que se reunira para a despedida.

A carruagem de Taehyung estava preparada, mas antes de seguir, ele precisava se despedir da aldeia. O sol começava a se pôr no horizonte, tingindo o céu de tons de vermelho e dourado, como se o próprio universo estivesse se despedindo da aldeia junto com eles.

— Povo de trakai — Taehyung começou, sua voz profunda ecoando no ar — não tenho palavras para expressar o que sinto neste momento. Meu pai… o grande guerreiro que sempre lutou por mim e meu povo, me ensinou desde cedo a importância do sacrifício. —

Ele fez uma pausa, seus olhos passando por cada rosto na multidão, incluindo os de Jungkook, Sunoo, e até os anciãos que o observavam com respeito.

— Minha mãe, corajosa como sempre, me ensinou que os maiores desafios são aqueles que não podemos controlar. Que, para protegermos os outros, devemos primeiro nos proteger e lutar por aquilo que acreditamos. E, hoje, não importa se esta guerra está no começo. O que importa é que temos a oportunidade de mudar o futuro e reinventar uma história onde humanos e trakais lutam um ao lado do outro —

Taehyung respirou fundo, seu olhar se suavizando por um momento enquanto ele olhava para Jungkook, que estava com o olhar fixo nele, atento e, de alguma forma, emocionado. Pela primeira vez, Jungkook via a vulnerabilidade de Taehyung, uma vulnerabilidade que o rei sempre ocultou.

— Eu vou proteger todos vocês — Continuou Taehyung, agora com a voz mais suave, mas ainda carregada de intensidade. — Eu vou lutar, curar e fazer tudo o que for necessário para garantir que vocês tenham um futuro. E, para os que decidirem seguir comigo, vocês serão tratados como família. Nada mais importa além disso.—

Houve um silêncio profundo na aldeia, seguido por aplausos e gritos de apoio. Aquelas palavras, ditas com uma sinceridade inesperada, tocaram os corações de todos.

Taehyung, o rei implacável, agora era o líder de um povo unido por um único propósito.

Jungkook, tocado pela cena, não pôde deixar de sentir algo profundo dentro de si. Ele nunca imaginara ver Taehyung daquela maneira – vulnerável, humano, e, de certa forma, inocente. Foi a primeira vez que ele viu aquele sorriso – genuíno e sem artifícios. E isso mexeu com ele de uma maneira que ele não conseguia explicar.

Então, sem mais palavras, Jungkook levantou o braço para o céu, gritando com toda a força de sua voz: — Por uma nova história! Florenzia e Trakai!—

A multidão respondeu em uníssono, uma onda de determinação e coragem tomando conta de todos.

Taehyung sorriu, sentindo que finalmente estava pronto para a jornada que o aguardava. Ele subiu na carruagem, e Jungkook montou no cavalo, a visão deles se tornando uma silhueta contra o brilho dourado do sol poente.

O som das rodas da carruagem começando a rolar, misturado com o trote dos cavalos, ecoou pela aldeia enquanto, com o último raio de sol, eles partiram. O futuro os aguardava, e aquela noite, cheia de promessas e despedidas, seria apenas o começo de uma jornada que mudaria tudo.

O Príncipe Trakai eo Rei cruel_taekookOnde histórias criam vida. Descubra agora