O Legado do Desejo

37 - Pelo Mar de Ibiza

O dia estava perfeito para explorar a ilha, com o céu limpo e uma brisa suave acariciando as ondas enquanto a lancha deslizava pela água. Christiane pilotava a embarcação com a experiência de quem conhecia cada curva do mar, cada onda e corrente. Julianne e Meryl, relaxadas ao seu lado, pareciam completamente à vontade com aquele momento de tranquilidade compartilhada.

Julianne, observando o comando da lancha, inclinou-se em direção a Christiane com um brilho nos olhos, uma mistura de curiosidade e desafio, e disse com um tom insinuante:

— UAU! Você sabe mesmo como pilotar uma lancha não é comandante? - provocou, mordendo o lábio de Christiane, dando um selinho em seguida - você bem que poderia me ensinar a pilotar. Posso compensá-la muito bem.

Christiane soltou uma risada baixa, divertida com a proposta inesperada, e olhou Julianne, tentando perceber se o pedido era sério ou apenas uma brincadeira para ver sua reação.

— Venha aqui, coisinha adorável...e safada — disse Christiane, com um sorriso nos lábios. Segurando-a pela cintura com uma das mãos, aproximou-se e depositou um beijo suave em seu colo.

Julianne sorriu, excitada com o gesto. Aproximou-se do comando da lancha e Christiane posicionou-se atrás dela, envolvendo-a com os braços, guiando suas mãos no volante. Ela não pôde deixar de se perguntar se Julianne realmente queria aprender a pilotar ou se tudo aquilo era apenas uma desculpa para ficarem próximas.

— Coloque as mãos aqui — murmurou Christiane, colocando as mãos de Julianne no volante e ajustando a posição delas. — É preciso sentir o ritmo das ondas. Se você se movimentar com suavidade, tudo fica mais fácil.

Julianne assentiu, os olhos fixos à sua frente, mas o corpo atento aos movimentos de Christiane. Ela seguia as instruções com concentração, enquanto Christiane aproveitava cada segundo daquele contato próximo.

Meryl, observando a cena com um sorriso misterioso, aproveitou para relaxar ainda mais. Sentada um pouco afastada delas, permitiu-se curtir a leveza daquele momento, admirando o horizonte que parecia se estender infinitamente.

Concentrada na direção, Julianne mordia o lábio enquanto ajustava o volante de acordo com as orientações de Christiane, mas logo confessou, rindo:

— Acho que estava certa... Eu definitivamente não nasci para isso e você fica extremamente sexy nessa posição de capitã, não concorda comigo Meryl?

Meryl sorriu de lado, lançando a Julianne um olhar cheio de malícia antes de responder, com o típico tom de humor afiado que as fazia rir juntas:

— Ah, minha querida, não poderia ser mais precisa em suas palavras — ela é um perigo natural, comandando lancha, ou... - fazendo uma pausa insinuante - o que mais lhe der vontade. Sorte a nossa que temos uma navegadora tão... habilidosa. - Com uma piscadela sutil, ela deu um gole em sua bebida, sem tirar os olhos de Christiane, enquanto Julianne ria, cúmplice e divertida com a provocação.

Christiane riu e puxou Julianne para mais perto, dando um beijo em seu ombro.

— E eu ouso dizer, que essas duas lindas mulheres tem suas habilidades e seus encantos! Qualidades que adoro, inclusive. E vocês me fazem ficar igualmente fascinada.

Julianne riu, divertida e satisfeita, mas cedeu o controle da lancha de volta para Christiane, que assumiu o volante com familiaridade e leveza.

Enquanto Christiane continuava pilotando, Julianne se afastou para junto de Meryl, que a recebeu com um sorriso afetuoso e a puxou para se sentar ao seu lado na esteira. Quando a lancha deslizou por uma onda mais suave, Christiane, satisfeita com a tranquilidade do trajeto, foi até elas e se recostou, apoiando a cabeça na barriga de Meryl.

Meryl, naturalmente, começou a passar os dedos pelos cabelos de Christiane, acariciando-a de forma delicada e carinhosa. Julianne se ajeitou ao lado, observando-as com um sorriso tranquilo, entrelaçando seus dedos aos da brasileira.

— Está gostando do passeio, querida? — perguntou Meryl, sua voz baixa e calma, como o movimento das ondas.

— Mais do que eu poderia imaginar — respondeu Christiane, fechando os olhos ao sentir o carinho em seus cabelos. — Estar aqui com vocês... é mais do que eu jamais pedi.

Meryl sorriu e trocou um olhar cúmplice com Julianne, que, em silêncio, apenas assentiu, compreendendo a profundidade daquele momento compartilhado.

A embarcação avançava tranquilamente pela água, deixando um rastro espumante que brilhava sob a luz do sol. O céu aberto e a vastidão azul ao redor delas davam a sensação de liberdade completa. Christiane, ainda com a cabeça repousada no colo de Meryl, deixou escapar um suspiro, entregando-se por inteiro àquela paz rara e intensa. As mãos de Meryl continuavam a acariciar seus cabelos, e, vez ou outra, ela deixava um beijo suave no topo da cabeça de Christiane, que sorria ao sentir a doçura do gesto.

Julianne, ao lado delas, contemplava aquele momento com ternura e um leve sorriso. Não resistiu à vontade de se aprofundar e, então deslizou os dedos entre os cabelos de Meryl a puxando para um beijo lento e após fez a mesma coisa com a outra. As três se olharam em silêncio, como se palavras fossem desnecessárias diante da cumplicidade que se formava ali.

— Sabem, eu acho que esse é o tipo de momento que a gente guarda pra sempre — murmurou Julianne, com a voz doce e sincera. — Quando estamos assim, parece que o mundo lá fora fica pequeno, insignificante.

Christiane abriu os olhos e olhou para ela, sentindo o impacto das palavras dela em seu coração. Aquelas eram as pequenas lembranças que ela queria cultivar, como um tesouro a ser revivido nos dias difíceis. Com um aperto suave na mão da ruiva, ela assentiu, concordando.

— Isso é o que chamam de felicidade plena, não é? — sussurrou Meryl, acariciando o rosto de Christiane. — E só faz sentido assim... nós três juntas, criando memórias que ninguém jamais vai tirar de nós.

As três sorriram, e, por um instante, o silêncio foi preenchido apenas pelo som do mar, eterno e constante, testemunhando aquele momento em que três corações se encontravam em perfeita harmonia.