O Legado do Desejo

28 - Liberdade em Alto-Mar

A lancha deslizava suavemente pelas águas tranquilas, enquanto o céu ao redor começava a mudar de cor, pintando o horizonte com tons alaranjados e rosados. Christiane, ao volante, mantinha os olhos atentos e a expressão relaxada, como se guiar a embarcação fosse algo tão natural quanto respirar. Julianne e Meryl observavam em silêncio, absorvendo a serenidade do momento, embaladas pelo ritmo constante das ondas e pela brisa leve que acariciava seus rostos.

Meryl estava sentada na proa, entre as pernas de Julianne, que a envolvia em um abraço firme e aconchegante. A cabeça de Julianne repousava delicadamente no ombro de Meryl, e ela mantinha o queixo apoiado no pescoço da mais velha, sentindo a familiaridade do perfume suave de sua pele misturado com o cheiro salgado do mar. Meryl, relaxada, inclinou-se ainda mais para Julianne, permitindo-se ser abraçada com a entrega de quem não tem pressa, apenas o desejo de aproveitar cada segundo.

— Esse momento é perfeito — sussurrou Julianne, os lábios próximos ao ouvido de Meryl, a voz baixa e tranquila.

Meryl sorriu, seus olhos perdidos no espetáculo do pôr do sol que se desenrolava diante delas. Sentia o calor de Julianne contra seu corpo, a segurança daquele abraço tão íntimo, e sabia que não precisava de palavras para expressar o quanto aquele instante a preenchia.

Christiane, notando o clima suave entre as duas, decidiu se aproximar. Ela se levantou e caminhou até a proa, onde Meryl e Julianne estavam sentadas, interrompendo o momento com um sorriso divertido.

— Vocês estão me fazendo sentir excluída desse cenário romântico aqui — provocou ela, um sorriso brincalhão nos lábios.

Julianne e Meryl riram, e Christiane se inclinou para elas, colocando uma mão na cintura de cada uma. Em um gesto afetuoso, ela depositou um beijo nos lábios de Julianne, e depois outro em Meryl, como quem selava a cumplicidade entre as três. O toque de seus lábios era rápido, quase um toque de leveza e carinho, mas carregava um simbolismo poderoso que conectava as três de uma maneira única.

— Acho que vou inaugurar esse passeio do meu jeito — disse Christiane, tirando a camisa de estampas coloridas que vestia, revelando um maiô preto que delineava seu corpo com elegância. Com um gesto seguro, retirou os óculos de sol e olhou para o mar com a expressão de quem ansiava pelo toque das águas.

Sem hesitar, ela se afastou da proa e caminhou até a borda da lancha, onde mergulhou com um salto gracioso. A água se abriu em torno dela, e logo Christiane emergiu, jogando os cabelos para trás, e soltou uma risada leve, que ecoou sobre a superfície do mar. Julianne e Meryl observavam, encantadas pela energia contagiante de Christiane, que parecia completamente à vontade, como se as águas fossem sua segunda casa.

— Isso é vida, minhas queridas! — exclamou Christiane, flutuando com os braços abertos, absorvendo o calor do sol que começava a baixar. — Como eu senti falta de um mergulho assim, me lembrando das praias lá do Rio...

Julianne e Meryl trocaram um olhar cúmplice e sorriram, contagiadas pelo entusiasmo da brasileira. Sem dizer uma palavra, Julianne tirou a camiseta e olhou para Meryl, estendendo a mão.

— Vamos? — disse ela, os olhos brilhando em antecipação.

Meryl riu, ainda com os cabelos levemente bagunçados pela brisa, e aceitou a mão de Julianne. Ambas se levantaram, e num último olhar de confirmação, entrelaçaram os dedos e, em um impulso sincronizado, pularam juntas na água. O impacto as envolveu em um frescor imediato, e logo elas emergiram, rindo como crianças, enquanto a água salgada escorria por seus rostos.

— Que sensação maravilhosa! — Meryl exclamou, balançando os braços e sentindo-se completamente livre.

Julianne, com os cabelos molhados e um sorriso largo, aproximou-se de Christiane e a envolveu em um abraço espontâneo, apertado, deixando escapar uma gargalhada alta. Meryl também se aproximou, abraçando as duas, e por um instante, as três ficaram ali, flutuando e rindo juntas, como se o tempo tivesse parado.

À medida que o sol continuava a descer no horizonte, pintando o céu com tons cada vez mais intensos de laranja e vermelho, elas nadavam e brincavam, mergulhando e emergindo, como se fossem três amigas que haviam se conhecido pela primeira vez e estavam redescobrindo a magia da amizade e da liberdade. Christiane, mais animada, começou uma pequena disputa de nado com Julianne, enquanto Meryl observava, rindo e incentivando as duas a competirem.

Julianne fingiu estar emburrada ao ser deixada para trás, pois Christiane era tão ágil quanto uma sereia, cruzando os braços na frente do corpo, fazendo um bico deliciosamente gracioso:

- Não acho que a sua vitória tenha sido justa, senhora Torloni! - então sendo recompensada pelos beijos de Meryl.

- O que não é justo é essa mocinha ganhar o prêmio - se referindo ao beijos de Meryl - se quem ganhou fui eu, e ganhei justamente.

- Não tenho culpa se sou a favorita queridinha! - Provocou, fazendo Meryl gargalhar e então ela se aproximou de Christiane e a beijou com a mesma intensidade.

- As duas são as minhas favoritas, igualmente e a vencedora sou eu, em tê-las em minha vida.

Tomadas pelas palavras de Meryl, as duas a abraçaram, num gesto recheado de carinho e desejo até que depois de alguns mergulhos e risadas, as três flutuaram lado a lado, observando o pôr do sol que agora tingia a linha do mar de dourado e rosa. O silêncio entre elas era preenchido pelo som do mar e pela respiração tranquila de quem sabia estar exatamente onde deveria. A beleza daquele momento, a conexão e o afeto que sentiam, tudo parecia tão certo.

Christiane, com um sorriso suave, estendeu a mão e segurou as mãos de Julianne e Meryl, como se quisesse congelar aquela sensação de pertencimento e unidade.

— Isso... é o que eu chamo de liberdade — sussurrou ela, com a voz embargada de emoção.

Julianne e Meryl concordaram, apertando suavemente as mãos de Christiane, como uma confirmação silenciosa de que aquela aventura juntas, em meio ao mar e ao pôr do sol, era exatamente o que precisavam para se sentirem inteiras.

Finalmente, quando o sol desapareceu completamente, transformando o céu em um manto estrelado, elas nadaram de volta à lancha, exaustas, mas preenchidas com uma sensação de paz e alegria.