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Capítulo 22: Onde?

Preparem para um capítulo repetitivo, pois assim está a cabeça de Liam... Confusa e desesperada.

Haviam se passado dias, e Liam sentia que o mundo ao seu redor se esvaía, mergulhando-o em uma escuridão crescente. Ele não havia se aproximado de Lena desde aquela noite, uma escolha que, agora, parecia uma lâmina cortando sua alma em pedaços cada vez menores. A obsessão que antes conseguia mascarar com sorrisos confiantes e olhares calculados agora gritava em seu peito como uma fera enjaulada. O simples fato de não vê-la, de não sentir sua presença, fazia seu coração bater descompassado e suas mãos tremerem.

Sentado no carro estacionado em frente ao prédio onde ela morava, Liam encarava a fachada como se pudesse trazê-la de volta apenas com a força de seu desejo. Os dias se misturavam em uma massa confusa de tempo; o sol nascia e se punha sem que ele sequer percebesse. As sombras das árvores projetadas pelo entardecer desenhavam contornos trágicos em seu rosto, marcando a profundidade dos olhos que, agora, estavam opacos de exaustão.

"Ela não pode ter sumido... não, ela é minha," murmurava, a voz rouca e entrecortada pelo cansaço. Os dedos longos tamborilavam no volante, em um ritmo frenético que refletia a tempestade interna. A cada pessoa que passava na calçada, seus olhos arregalados buscavam pela silhueta de Lena, uma fagulha de esperança que se apagava a cada rosto desconhecido que surgia.

Liam não queria admitir que a tinha perdido de vista. Isso não estava acontecendo. Nunca. Ela sempre esteve ao alcance de suas mãos, seus movimentos cuidadosamente estudados, cada gesto e olhar gravados em sua mente como um mapa que ele podia seguir de olhos fechados. Mas agora, esse mapa estava em branco, rasgado, e ele se encontrava perdido em um deserto sem fim.

As noites se tornaram um tormento insuportável. O apartamento silencioso parecia ecoar sua dor, as paredes testemunhando sua luta silenciosa. Ele não dormia; o sono era um luxo que sua mente atormentada não permitia. Quando fechava os olhos, a imagem dela o invadia — seus lábios entreabertos, o riso suave que carregava uma promessa de algo inalcançável. E, então, vinha o vazio, um abismo que o fazia despertar em um sobressalto, com o coração em disparada e o suor frio escorrendo pela testa.

"Onde você está?", sua voz era um sussurro, uma prece tortuosa que o tempo transformava em um grito silencioso. Ele sabia que Lena não tinha voltado para ele, que estava além de seu alcance. O pensamento de outro homem tocando sua pele, arrancando risos que um dia foram seus, era como uma faca retorcendo-se em seu peito. Liam sentia o ciúmes tomar forma, uma entidade que o dominava, tornando-o irracional. Ele fechava os punhos com força, os nós dos dedos ficando brancos, enquanto as unhas cravavam nas palmas das mãos.

Certa vez, havia passado horas parado em frente ao apartamento, na esperança de um vislumbre. A noite se estendeu e a lua se ergueu, fria e indiferente, enquanto ele lutava contra a vontade insana de arrombar a porta e forçar sua presença em sua vida. Mas não. Ele não podia assustá-la — não ainda.

Sua possessão estava sem controle, um animal selvagem que ele mal conseguia conter. A cada dia que se passava sem um sinal dela, sem seu perfume adocicado ou a visão de seus cabelos caindo em ondas suaves sobre os ombros, Liam afundava mais na escuridão. O que antes era desejo agora era uma necessidade visceral, uma fome que o corroía de dentro para fora.

O trabalho não era mais uma distração. As reuniões se tornavam borrões sem sentido, sua mente vagando entre o som da voz de Lena em suas memórias e os cenários que criava em sua imaginação perturbada. Seus colegas o olhavam com preocupação, mas ele os ignorava. Nada importava, exceto encontrá-la, trazê-la de volta ao seu mundo, onde ela sempre pertenceu.

Em um dia particularmente sombrio, quando nem mesmo o calor do sol parecia alcançá-lo, Liam sentiu algo se quebrar dentro de si. A dor da ausência de Lena se transformava em desespero. Ele encostou a testa contra o volante, o coração pesando como chumbo em seu peito. Sentia-se impotente, algo que jamais experimentara antes. E essa impotência era uma tortura que ele não sabia como suportar.

"Lena... você vai voltar para mim, queira ou não," prometeu em um sussurro que ressoou como um juramento. Ele não sabia como, mas iria trazê-la de volta, mesmo que precisasse ir mais longe do que jamais fora.

A escuridão da noite se dissolvia lentamente em tons nebulosos de cinza enquanto Liam permanecia no carro, estacionado em frente ao apartamento de Lena. Os dias se arrastavam como um tormento interminável, e cada hora sem sinal dela o devorava por dentro, um veneno sutil mas implacável. Aquele sentimento de perda, uma maré de frustração e desejo, misturava-se com a pulsante necessidade de controle que ele não conseguia mais esconder.

"Onde está você, Lena?" A pergunta ecoava em sua mente, como um mantra repetido tantas vezes que parecia gravado em sua própria pele. Ele pressionava os punhos contra o volante, a tensão dos músculos ameaçando romper a pele. A raiva não era apenas contra ela, mas contra si mesmo, por ter deixado que escapasse de sua vista. Ele não podia suportar a ideia de perdê-la para sempre.

As horas viravam noites, e as noites, madrugadas insones. Do lado de fora do apartamento dela, ele observava o movimento vazio da rua, os vultos que passavam sob a luz amarela dos postes, cada figura acendendo uma fagulha de esperança que morria ao perceber que não era Lena. O tempo não importava; a linha entre os dias e as noites havia sido obliterada por sua obsessão. Ele se perdia nos detalhes: o céu encoberto, o som do vento batendo contra as árvores, as sombras que dançavam nas paredes do prédio, como se zombassem de sua impotência.

A frieza de sua própria respiração o incomodava. O silêncio se tornava insuportável, um espelho de sua mente onde o caos reinava. Ele havia deixado a barba crescer nesses dias, o rosto pálido e marcado pelas olheiras que contavam a história de noites sem descanso. Liam não comia, não pensava em mais nada; sua existência inteira tinha sido reduzida a uma única missão: encontrar Lena.

"Ela tem que voltar", ele murmurava para si mesmo, em uma tentativa desesperada de manter a sanidade. A lembrança do toque dela ainda queimava em sua pele, e ele podia ouvir a risada abafada dela ecoando como um fantasma que o assombrava. Sentia o peso da ausência, cada minuto ampliava o vazio que ela deixara.

Não tinha notícias, era um testemunho mudo da distância que se tornava insuportável. Ele passava os dedos pela tela, procurando indícios que já não existiam, imagens antigas que lembrava e relembrava, na esperança de captar algo que pudesse guiá-lo. A cada novo dia, Liam se perdia um pouco mais. A linha entre o amor e a loucura se misturava, tornando-se indistinguível.

Ele sabia que aquilo não era normal. Sabia que seu comportamento beirava o insano, mas a perspectiva de afastar-se, de simplesmente aceitar a ausência dela, era uma derrota que ele não estava disposto a encarar. Observava as janelas do prédio como se, a qualquer momento, ela fosse aparecer, olhar para ele e sorrir como antes. Esse pensamento o mantinha ali, imóvel, enfrentando o frio da manhã, enquanto o mundo ao redor acordava sem que ele percebesse.

"Ela não pode estar longe. Ela é minha." As palavras ressoavam, sombrias e absolutas, como uma promessa. Enquanto o sol nascia, tingindo o céu de tons rosados, Liam permanecia em vigília, cada segundo mais consumido pelo desespero de encontrar a única coisa que fazia seu coração bater: Lena.

YOU ARE MINE, LENA - Nicholas Alexander ChavezOnde histórias criam vida. Descubra agora