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Capítulo 12: Tecidos

No início da tarde, Lena entrou na loja de tecidos com a mesma familiaridade de quem já havia feito isso inúmeras vezes. O lugar tinha aquele cheiro de algodão cru e tintas de cor, e ela amava o simples ato de folhear os rolos de tecido, imaginando as criações que poderia transformar em realidade. Vestia sua saia vermelha e suéter branco, sempre com aquele batom vinho escuro, uma marca que fazia parte de sua essência.

Enquanto examinava os tecidos com atenção, um caderno de esboços em mãos, ela trocava algumas palavras com a balconista, uma jovem simpática que sempre a atendia. Lena era exigente, e sabia exatamente o que queria. O desenho em seu caderno retratava um vestido ousado, com linhas minimalistas e uma sofisticação que contrastava com o tecido simples que havia escolhido.

"Você tem algum tecido que combine com isso aqui?" Lena mostrou o esboço para a balconista, que franziu a testa e saiu para procurar algo. Lena suspirou, paciente. Ela sabia que seria difícil encontrar o material exato que estava em sua mente.

Foi nesse momento que uma figura chamou sua atenção no canto da loja. Uma mulher mais velha, provavelmente na casa dos cinquenta, estava à frente de um espelho, segurando um pedaço de seda com olhar desinteressado. A senhora era impressionante: uma mulher chique, de pele impecável e cabelos perfeitamente penteados. O tipo de beleza que não se apaga com o tempo, mas se transforma em uma elegância ainda mais marcante. Estava claramente bem cuidada, com roupas de alta costura que gritavam riqueza e bom gosto. Mas havia algo em seu olhar que parecia distante, quase entediado.

Enquanto Lena aguardava o retorno da balconista, a senhora olhou de relance para o tecido que a jovem escolhera. E então, com um sorriso que misturava curiosidade e condescendência, ela se intrometeu:

"Querida, você vai fazer um pano de chão com isso?" A voz era doce, mas a crítica estava lá. "Esse tecido é... francamente, muito feio." Ela continuou sorrindo, os olhos fixos em Lena, esperando uma resposta.

Lena, por um breve momento, sentiu o calor da vergonha subir ao rosto. Não era incomum que os outros julgassem suas escolhas, mas ela tinha uma confiança silenciosa no que fazia. Olhou para a atendente, um tanto sem graça, e depois devolveu o olhar à senhora, dessa vez com um brilho divertido nos olhos.

"Eu faço milagres," Lena respondeu com um sorriso calmo. "Pode acreditar."

A senhora arqueou uma sobrancelha, um pouco surpresa pela ousadia na resposta, mas definitivamente intrigada. Seu sorriso se alargou. "É mesmo? Agora fiquei curiosa... O que exatamente você vai criar com essa... peça?"

Lena abriu seu caderno de esboços e mostrou os desenhos detalhados de vestidos elegantes, linhas fluidas e cortes inovadores. A senhora se aproximou, pegando o caderno nas mãos e examinando cada detalhe com um olhar crítico, mas visivelmente impressionado.

"Você tem talento," disse ela, devolvendo o caderno. "Esses desenhos são... inesperados. Confesso que não imaginei algo assim vindo desse tecido."

Lena sorriu, satisfeita com o reconhecimento. "A ideia é transformar o ordinário em algo extraordinário. É isso que me move."

A senhora a observou por um longo segundo, como se analisasse cada traço do rosto de Lena. Havia uma decisão sendo tomada ali, uma oportunidade se desenrolando.

"Interessante... Você já vendeu alguma dessas peças?" a senhora perguntou, agora com uma seriedade que deixava Lena um pouco nervosa.

"Eu faço por encomenda, mas... nada em grande escala," Lena admitiu, seus olhos acompanhando os gestos elegantes da mulher. "Estou tentando começar."

YOU ARE MINE, LENA - Nicholas Alexander ChavezOnde histórias criam vida. Descubra agora