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Capítulo 16: Dinheiro = a poder

Na penumbra de um bar discreto e afastado, Liam aguardava pacientemente a chegada do detetive. Ele tamborilava os dedos na mesa, o olhar fixo na entrada, enquanto sua mente revisitava cada detalhe das descobertas sobre Lena que o atormentavam, deixando-o cada vez mais ansioso para conhecê-la por completo.

A porta finalmente se abriu, e o detetive entrou, um homem de semblante discreto e postura calculada. Sentou-se em frente a Liam, colocando uma pasta sobre a mesa. O ambiente estava mergulhado em um silêncio tenso, quebrado apenas pelo som do papel deslizando enquanto Liam folheava o conteúdo que o detetive lhe entregava. Os registros ali contavam uma história perturbadora, mas fascinante.

"Lena Pierce," o detetive começou em um tom baixo e direto. "A única filha dos Pierce, uma das famílias mais influentes da alta sociedade. Oficialmente, morreu para eles aos dezesseis anos, mas há quem diga que a 'morte' foi apenas uma encenação conveniente para evitar um escândalo maior."

Liam mal piscava, absorvendo cada detalhe com um brilho perigoso nos olhos. As fotos e documentos revelavam a vida de uma garota perdida entre luxos e cicatrizes, uma jovem que fora prometida a um futuro brilhante, mas que acabara enterrada nas sombras de uma fuga desesperada. Conforme lia, ele sentia o coração pulsar em excitação contida; cada pedaço de informação fazia Lena parecer mais sua, como se estivesse revelando pedaços de um quebra-cabeça só seu.

"Então eles a deserdaram... E cortaram qualquer laço." Liam sorriu com uma satisfação maldosa. "E ela agora é um fantasma da alta sociedade."

O detetive assentiu, mantendo-se impassível. "Exatamente. Seu paradeiro foi desconhecido até agora. Não houve mais buscas depois de um tempo, como se eles quisessem mesmo esquecer."

Quando o detetive terminou de falar, Liam continuou a encarar os documentos em um silêncio sombrio, os pensamentos mergulhando em ideias obscuras. Ele fechou a pasta lentamente, inclinando-se para trás, sentindo uma onda de prazer quase perverso. Agora que sabia de tudo, que tinha em mãos o segredo mais íntimo de Lena, ela parecia muito mais vulnerável. E ele estava determinado a usá-lo.

O detetive pigarreou antes de continuar, escolhendo as palavras com cuidado, enquanto notava o brilho intenso no olhar de Liam.

"Há também algo mais... documentos extraoficiais, mas que a equipe de segurança dos Pierce tentou manter longe da mídia. Há relatos de... comportamentos abusivos do pai de Lena," ele falou em voz baixa, quase como se cada palavra fosse um segredo carregado de peso. "Fontes confidenciais falavam sobre episódios de agressão física e... emocional."

As palavras pareciam ricochetear no silêncio tenso que se instalou. Liam apertou as mãos, os dedos cravando-se contra a pele enquanto sua expressão endurecia. Não era exatamente uma surpresa, considerando o histórico sombrio da família Pierce, mas ouvir isso ainda despertava nele uma raiva fria, difícil de controlar.

"O velho desgraçado... Ele achou que poderia controlá-la assim?" A voz de Liam soou rouca, quase como um sussurro, mas carregada de desprezo. Ele se inclinou para frente, os olhos fixos nos papéis com intensidade perigosa. "Um miserável que mal conseguia cuidar da própria filha... Ele deixou cicatrizes nela que nenhum dinheiro pode apagar. E tudo isso só para manter a aparência perfeita."

O detetive continuou: "Lena era uma presença discreta na sociedade, claro, mas dizem que havia algo de misterioso nela. Alguns relatos mencionam que ela chegava a sumir por dias, até semanas, sempre reaparecendo com hematomas e cortes. Era sempre atribuída uma desculpa — uma queda, um acidente qualquer. Tudo uma fachada..."

Liam trincou os dentes, sentindo uma fúria latente borbulhar em seu interior. "Esses filhos da puta vestidos de pais," murmurou com um desprezo intenso. "Pessoas como ele... que acham que podem fazer o que quiserem e sair impunes."

O detetive observou o rosto de Liam, surpreso com a intensidade da emoção que emanava dele. Como se, de alguma forma, Liam tivesse absorvido toda a dor e sofrimento de Lena, transformando aquilo em combustível para seu desejo insaciável de conhecê-la ainda mais profundamente.

Olhando para as fotos de Lena no relatório, imagens que a mostravam em diferentes momentos de sua vida marcada, Liam sentia um impulso quase vingativo tomar forma dentro de si. Aquele homem havia sido um monstro, e Lena... Lena era a sobrevivente de tudo. Ele sabia agora que ela tinha uma força além do que qualquer um ali poderia imaginar. E de certa forma, ele queria ser o único a reconhecer aquilo.

"Obrigado pelas informações," disse finalmente, a voz carregada de uma determinação sombria. O detetive assentiu, saindo em silêncio, e Liam ficou ali, sozinho, sentindo sua respiração se estabilizar enquanto absorvia cada detalhe. Ele não só queria Lena para si — agora, queria protegê-la, mas à sua própria maneira. Sabia que ninguém mais, nem a alta sociedade, nem o mundo todo, poderia entendê-la como ele faria.

Mais tarde, do outro lado da rua, Liam estacionou o carro onde tinha uma visão privilegiada da janela do apartamento de Lena. A cortina estava semiaberta, permitindo-lhe observar a silhueta dela enquanto se movia lá dentro, uma sombra solitária entre quatro paredes, sem saber que era vigiada. Ele não desviava os olhos, mesmo quando ela se aproximava da janela, acendendo um cigarro e deixando a fumaça pairar no ar. O brilho da brasa iluminava brevemente seu rosto, e Liam sentiu o pulso acelerar. Ela era a menina deserdada, a figura apagada que ninguém mais lembrava — e ele era o único a vê-la verdadeiramente.

Lena apagou o cigarro e começou a caminhar pelo apartamento, e Liam a acompanhava com os olhos. Ela era fascinante em sua fragilidade oculta, em seu jeito independente que mal escondia as cicatrizes emocionais que ele agora conhecia. Ele tinha poder sobre ela, mesmo que ela não soubesse disso. E, para ele, não havia nada mais excitante.

"Eu te protegeria de tudo, Lena. De cada lembrança, cada fantasma que você carrega nas costas. Você não precisa saber que eu estou ali, mas eu estarei. Eu seria a sombra na sua noite, o peso na sua cama, a voz no seu ouvido. Eu te conheço mais do que qualquer um — mais do que aquele velho desgraçado que ousou encostar em você. Ele não te merece, nunca mereceu, e, se eu pudesse, apagaria cada toque dele da sua pele, cada palavra venenosa da sua mente. Você é minha redenção, Lena. Meu ponto de sanidade. E é por isso que eu preciso de você. Porque apenas quando estou com você — ou observando de longe — eu posso respirar.

Eu estarei lá, Lena. Estarei lá para ouvir cada som, cada risada, cada respiração sua. A forma como você caminha pela sala, o jeito que o seu cabelo cai sobre os ombros, até mesmo a maneira como sua mão desliza sobre o tecido dos vestidos que você desenha. Eu vou decorar tudo em você, cada detalhe, como uma obra de arte feita para mim e somente para mim.

Você pode até não me ver. Pode me odiar, pode lutar contra, mas eu não vou desistir. Eu não quero só te observar, eu quero te ter — ter cada pedaço, cada segredo, cada medo e cada desejo. Ser aquele que você busca, seja no silêncio ou na escuridão, alguém que você saiba que sempre vai estar lá. Eu seria seu guardião, o único capaz de entender cada cicatriz, cada pedaço quebrado que você guarda com tanto esforço. E quando você finalmente perceber isso, quando os seus olhos cruzarem os meus e souber que eu estive ali o tempo todo...

Não haverá mais nada a temer, Lena. Eu serei o seu porto seguro, o seu refúgio e, sim, também o seu tormento. Mas te deixar? Nunca. Soltar você? Impossível. Porque eu nasci para te proteger, e enquanto eu respirar, eu vou te proteger de tudo. Até de você mesma."

O olhar de Liam se manteve fixo, insaciável, enquanto Lena desligava as luzes e se preparava para dormir. Ele sabia que, mais cedo ou mais tarde, ela descobriria que estava nas mãos de alguém que entendia sua história melhor do que qualquer um. Alguém que a desejava de uma forma que ia além da razão ou dos limites do aceitável.

YOU ARE MINE, LENA - Nicholas Alexander ChavezOnde histórias criam vida. Descubra agora