Antes de iniciarmos a brincadeira, gostaria de lembrá-los que esse conto NÃO faz mais parte da linha cronológica principal. Os livros passaram por reformas, foram publicados em físico e nossos queridos mafiosos nos EUA estiveram em hiato... até agora.
Estou disponibilizando os contos novamente pq vocês fizeram essa escolha lá no insta e sei que muitos têm grande apego emocional com esses personagens (eu também tenho)! Quanto ao futuro, ainda é incerto, mas prometo manter vocês atualizados dos meus planos mirabolantes lá no Instagram
É isso! Por gentileza, ignorar quaisquer incongruências entre este conto e os livros reformados <3
Beijinho, Ana.
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BIANCA MONTANARI
Esperava uma festa menos lotada.
Não sou uma amante de multidões, prefiro estar em casa com meus computadores, ocupada com meus serviços. Gosto de trabalhar como hacker para a Famiglia, nascida e criada na Itália, tendo o vice-chefe de segurança como pai agraciou-me com alguns privilégios.
Conseguir me especializar em computação foi um deles. Infelizmente meu pai precisou vir até a América tratar de assuntos da Famiglia e sendo a filha mais nova - e a única solteira, que ainda vive com os pais - fui convidada a me juntar à eles na viagem. A princípio pensei que seria uma boa ideia, podia ser divertido, mas agora? Quero procurar o quarto mais próximo e me esconder ali até que essa festa acabe.
O salão está lotado, membros da Famiglia e mundanos dividindo o mesmo espaço. Não sou uma grande fã deste país, mas a maioria de meus empregadores - em meus trabalhos paralelos como hacker ética* para empresas - são daqui.
-Algo mais, senhorita? - O barman pergunta ao me entregar minha batida de morango sem álcool.
-Não, obrigada. - Dou-lhe um sorriso contido antes de me virar no banco para observar salão.
Uma tremenda perda do meu tempo. Pessoas transitando de um lado para o outro em suas roupas de gala, mulheres altas e esbeltas como modelos da Victoria Secret. Tive o vislumbre do capo e sua esposa quando cheguei com meus pais, Raphael e Emma Santinelle. Seus filhos ainda não foram vistos. Eu os conheço por vista, claro. Não tenho intimidade com a família, minhas relações são estritas ao Chefe Lorenzo ou seus primos e apenas quando necessário.
Olho para o meu colo, analisando meu visual em comparação ao restante do salão. Um vestido de tecido liso, rodado a partir da cintura e cor clara, nos pés uma sapatilha preta. Nada que favoreça meu corpo ou coisas assim. Não que haja muito para exibir como o restante das mulheres aqui. Sofro de seios pequenos, um pouquinho de peso em excesso e quadris largos.
O maior problema é que realmente gosto do meu corpo assim. Para mim o cérebro é mais importante que sua porcentagem de gordura corporal.
Com uma careta empurro meus óculos da ponta do nariz de volta para seu lugar, termino minha bebida e pego minha bolsa, caminhando até os banheiros. Com sorte esse salão de gente rica tem um daqueles banheiro chique com poltronas, posso me ocupar em meu tablet até que meus pais estejam prontos para irmos embora.
O problema é que este salão de festas em particular fica dentro de um hotel chique e há corredores para as mais diversas direções. Virei no corredor errado, pensando estar indo para o banheiro, mas encontrei a saída da cozinha. No mesmo instante um garçom estranho passou pelas portas duplas, me olhando de um jeito esquisito, sério demais para um profissional de buffet.
Ok, meu chapa. Não queria invadir seu espaço de trabalho.
Fazendo uma careta interna virei meus calcanhares e segui na direção oposta, com passadas largas para fugir dali. Virei outro corredor, pensando ser o caminho que vim, mas deparei-me com um sem saída. Estou em um hotel ou em um cazzo de labirinto? Dio Santo.
Escuto passadas atrás de mim e coloco a mão em minha bolsa. Infelizmente não nasci apta para treinamentos pesados como meus irmãos, então minha proteção é resumida ao spray de pimenta que estou segurando agora.
O mesmo garçom de momentos atrás está parado na saída do corredor, me encarando sério e inexpressivo. Certo, Bianca, mantenha a calma. Não estrague tudo.
-Olá, desculpe atrapalhar. Estou perdida e preciso voltar para o salão. Poderia me ajudar? - Pisco os olhos de maneira inocente. Posso não saber lutar, mas sou ótima em sorrir docemente.
Ninguém desconfia da gordinha de sorriso simpático.
-Privati, estou aqui para te busca.
Um bolo começou a se formar em minha garganta. O homem acaba de falar meu nome de usuário? Sempre fiz questão que meu usuário não tivesse rastros ou qualquer ligação a pessoa Bianca. Empurrando o medo crescente para o fundo da mente, tentei manter a pose tranquila.
-Pri o que? Desculpe, mas não tenho ideia do que está falando.
-Meu chefe quer você e o seu programa.
Puta merda. Puta merda. Puta merda.
-Bem. - Sorrio nervosamente e dou alguns passos vacilantes em sua direção - Continuo sem saber do que está falando. O senhor toma algum tipo de remédio? Talvez seja bom ligar para o seu médico!
-Você não tem escolha, Privati.
-Sendo assim. - Aproximo-me um pouco mais - Isso não vai rolar.
Sou rápida em puxar o spray e esguichá-lo em seu rosto de uma vez. O homem de desestabiliza e o empurro antes de soltar um grito e sair correndo na maior velocidade que minhas pernas curtas podem me levar.
Tristeza por não ser alta e ter pernas cumpridas. Pude escutar quando se levantou e começou a correr em minha direção. Eu só queria estar em casa comendo pizza.
-Cazzo, cazzo, cazzo. - Aumento a velocidade de minha corrida, virando um corredor de maneira desesperada. Segurando a bolsa contra mim fortemente. Sinto-me como uma lebre assustada. Puta merda.
Quando virei a terceira esquina tropecei contra uma parede macia. Oh, não. É um peitoral, grande, forte e duro. Dio mio, o que está acontecendo hoje? Assustada, sintas duas mãos fortes segurarem meus braços, impedindo que eu caia ou continue com minha corrida maluca.
Levanto meu rosto para olhar o homem. Céus, ele é alto. Poderia ser facilmente confundido com um arranha-céu. Quando meus olhos encontram seu rosto sinto o ar sumir de meus pulmões como se eu tivesse levado um soco. Cabelos escuros bagunçados, barba ligeiramente grande e os olhos? Eu já vi esse tom de azul antes. Esse homem é um Santinelle. Eu poderia estar mais encrencada essa noite?
E agora seremos mortos pelo meu perseguidor. Na melhor das hipóteses, sequestrados e torturados.
-Por que está correndo? - Sua voz rouca e baixa alcançou meus ouvidos enviando ondas de arrepios por todo o meu corpo.
-Estão tentando me pegar! - Estremeço em seus mãos.
-O que?
-Estão tentando me levar. Eu não sei quem, como e talvez saiba o porquê, mas o garçom realmente parece interessado em cortar minha garganta.
Seus olhos ficam subitamente atentos, observando o corredor que acabei de virar. Não há ninguém, nenhum som ou sinal de vida. Eu só queria um pizza, por que essa noite virou uma completa bagunça?
-Venha comigo. - Ordena ao me pegar pelo cotovelo e começar a me arrastar pelo corredor que estava vindo.
-Aonde vamos?
-Apenas venha.
Hacker ética/o* - hacker que procura por falhas em sites/sistemas e comunica a empresa, de forma voluntária (recebendo como pagamento o valor que a empresa considera justo) ou contratada (valor combinado previamente entre contratantes e contratado).
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O Matador - Contos Santinelle 01
RomanceLuca Santinelle detesta tudo o que é puro, tudo o que lembre bondade e delicadeza. Ele é o herdeiro do título de Capo da Famiglia na América, ele não pode ter fraquezas, rachaduras e não comete erros. Luca não vacila e isso o torna imbatível. Até qu...