LUCA SANTINELLE
Atiro no homem rolando de dor no chão. Não me importa que ele seria uma boa chance de interrogatório, ele não parece ser o cabeça dessa porra e já sabemos quem está mandando esse monte de gente atrás da minha mulher. Agora estou sedento por tirar o Barone-pai do poder, não o quero na maldita cadeira, não o quero com a mínima influência e definitivamente não o quero respirando.
-Mãe? - Coloco minha arma de volta em meu coldre, verificando as duas com o olhar em busca de danos.
-Estamos bem, querido. Tenho um tiro de raspão no braço, mas nada que eu não consiga cuidar. - Minha mãe sorri e deixa a pistola em cima de minha mesa - Seu pai?
-Na sala com os outros.
-Vou encontrá-lo. - Fala já fazendo seu caminho para fora do escritório, passando por Bianca e me contornando na saída - Acho que vocês gostariam de conversar um pouco.
No momento em que minha mãe desaparece de vista eu foco meus olhos em Bianca. Sua trança está bagunçada, seus olhos vidrados pela adrenalina e pelo pânico, sua respiração é rápida e descompassada. Ela parece tão pequena e indefesa que me sinto sendo rasgado ao meio.
-Puta merda. - A pego em meus braços e a engulo em um abraço, sentindo-me tranquilizando quando seu cheiro me alcança - Nunca mais a deixarei mais longe que a distância de um braço.
-Eles invadiram e quebraram tudo. - Seu voz ainda é assustada, mas não consigo ler sua expressão com seu rosto afundado em meu peito e seus braços circulando minha cintura em um abraço apertado - Sua mãe me colocou no quarto do pânico e quando eu vi que ela não me seguia fiquei assustada. Ela estava presa aqui em cima com três homens e nas câmeras eu vi sob a mira de dois deles. Eu fiquei tão... Dio Santo, eu fiquei aterrorizada. Não sabia o que estava fazendo e agredir costelas é mais doloroso do que parece.
Com impossível não sorrir com seu último comentário. A apertei mais contra mim e beijei o topo de sua cabeça, feliz por saber que ela está viva e bem.
-Eu não ligo para a porcaria das coisas quebradas. Vocês duas eram as coisas mais importantes para mim. Estou orgulhoso que tenha batido no idiota. Você não tem ideia do pânico que senti quando vi as duas em perigo. Cazzo, a mínima possibilidade de tê-la ferida me deixa louco. Jurei ao seu pai que a protegeria e quero honrar essa promessa. Não vou deixar isso acontecer de novo, Bianca. Inferno, vendo minha alma para garantir que esteja segura.
-Você não pode se responsabilizar pelas atitudes dos outros. Não pode me prometer o que não pode cumprir, Luca. - Bianca me olha rapidamente antes de voltar a esconder seu rosto em meu peito.
-Cazzo. - Me afasto dela, segurando seu rosto entre minhas mãos, obrigando-a a me olhar - Eu te amo, entendeu? Eu não sei como, quando ou porque, mas eu te amo e prefiro morrer a deixar que qualquer merda assim te aconteça. Eu deveria estar aqui para te proteger. Cazzo, eu falhei de novo, mas não voltará a se repetir. Nós temos a bênção do seu pai, você será minha esposa e vou garantir que você esteja protegida. Posso triplicar a segurança e...
-Eu te amo também. - Bianca se estica na ponta dos pés para conseguir segurar meu rosto como eu havia feito com ela - Eu sei que você faz o seu melhor, Luca. O que aconteceu hoje foi uma exceção, geralmente não há pessoas querendo a minha cabeça por aí. A maioria delas nem sabe a minha verdadeira identidade. Nós podemos lidar com isso. Eu confio em você, entende? Eu sei que estou protegida e que nada acontecerá comigo porque eu confio em você.
-Ah, merda. - Pressiono minha testa na dela - Isso não é nada como eu havia planejado. A essa hora estaríamos fodendo como loucos, não expressando sentimentos no meio de quatro corpos. Infelizmente é o estilo da família, não há muito o que eu possa fazer sobre meus genes.
-Gosto dos seus genes. - Ela sorri e me dá um beijo rápido nos lábios - Eles conseguiram gerar olhos bem pecaminosos.
-Bianca? - A voz de Leandro ressoa no corredor, aproximando-se do escritório - Filha, onde você está?
-Aqui, papa. - Sou presenteado com um último sorriso antes que ela se afaste. Leandro aparece na entrada e marcha direto para a filha dando-lhe um abraço apertado - Papa, eu estou bem.
-Fiquei tão preocupado, Dio mio. Grazie a Dio está tudo bem com você. Oh, minha querida.
-Eu estou bem.
-Bianca, talvez você queira levar o seu pai para conversar em outro lugar. - Gesticulo na direção dos corpos no chão - Não é o melhor cômodo da casa no momento. Se precisarem de mim, estarei na sala.
-É melhor você verificar o seu irmão. - Leandro sugere e eu confirmo, fazendo meu caminho para fora dali.
Não foi exatamente uma surpresa quando retornei para a sala finalmente verifiquei os estragos. Muita coisa quebrada, corpos para todos os lados, pessoas feridas e muito sangue. Os invasores tiveram maiores danos, tivemos poucos abates entre nossos soldados, porém um número considerável de feridos. O tiroteio deve ter sido intenso.
Se meu pai está a caminho da aposentadoria e eu herdarei a cadeira, não poderemos continuar morando em um apartamento. Devemos começar a procurar uma casa para nós dois, o Capo está sempre recebendo visitas e tendo reuniões, não é prático fazer isso em um apartamento.
Meus pais estavam conversando baixinho perto da cozinha, meu pai examinava atentamente o tiro de raspão que minha mãe levou em seu braço. Pietro estava perto de uma das janelas, observando a paisagem enquanto se perdia dentro da própria cabeça. Seu estado foi o que mais me surpreendeu. O homem estava banhando de sangue, um homem bem esfaqueado caído em uma poça grande no chão poucos metros atrás do meu irmão.
Meu pai sempre foi um exímio apreciador de armas brancas e quando Pietro demonstrou um interesse semelhante, nosso pai não hesitou em presenteá-lo para que pudesse desenvolver algumas habilidades com as lâminas. As pessoas costumam olhar Pietro como um homem calado e observador, não costumam se exaltar muito e fala quando lhe convém, mas todos esquecem que ele está sempre armado com muitas adagas, facas e navalhas diferentes. Pietro consegue lançar uma lâmina no olho de um homem antes que alguém pisque e quando se sente sob grande carga emocional, seu lado mais sangrento vem à tona.
-Elas estão bem. - Toco seu ombro, parando ao seu lado para examinar a vista da cidade.
-Poderíamos ter perdido nossa mãe hoje.
-Poderíamos, mas ela é resistente demais para nos deixar agora. Quem mais no mundo teria tanto prazer em puxar as orelhas de seus filhos adultos?
-Eu vou me casar e o pai da noiva quase matou a nossa mãe hoje.
-Isso não voltará a acontecer, Pietro.
-Não, não vai.
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O Matador - Contos Santinelle 01
RomansLuca Santinelle detesta tudo o que é puro, tudo o que lembre bondade e delicadeza. Ele é o herdeiro do título de Capo da Famiglia na América, ele não pode ter fraquezas, rachaduras e não comete erros. Luca não vacila e isso o torna imbatível. Até qu...