Capítulo 05

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BIANCA MONTANARI

É errado ter fantasias com o homem que está me abrigando em sua casa. É terminantemente indevido sonhar acordada com o futuro Capo dos Estados Unidos. Sejamos sinceros, eu sou italiana, toda essa visão interminável de prédio e capitalismo exacerbado não chega aos pés dos campos sicilianos. Eu não deveria gostar desse país e também não deveria me sentir atraída por um homem tão grosso, mal educado, raivoso e incontrolável como Luca Santinelle e seus malditos olhos azuis.

Se eu fosse uma menina decente teria vergonha de mim mesma. Desde que Luca jogou sobre mim a bomba/notícia de que gostaria de transar comigo minha imaginação viu os limites e passou sobre eles. Não importa em que lugar da casa eu esteja olhando, consigo me imaginar transando com meu "protetor". Dio Santo, Bianca!

Ah, mas a culpa não é toda do meu cérebro. Eu sempre acordei cedo para terminar meus projetos e realizar meus afazeres, só não esperava que o maldito par de incríveis olhos azuis - com um sobrenatural tom de mistura entre as profundezas do oceano e o mais limpo dos céus sicilianos - estaria entrando na cozinha banhado de suor. Será que o Universo gosta de brincar com a minha cara? Não é preciso muito para incitar a mente feminina, ao menos as que gostam de testosterona. Me enviar um homem alto, bonito demais para o próprio bem, musculoso, suado e ofegante depois de um longo treino com a camisa colada em seu tronco é demais para qualquer um. Eu repito, a camisa estava tão banhada de suor que grudou em seu abdome, não deixando seu six pack* para imaginação. Santa protetora das mocinhas de mente corrompida, ajude esta pobre garota que implora por seu socorro.

Como se meu drama pessoal de perversidade e libertinagem - incluindo muitas fantasiadas com prazer e suor - não fossem o suficiente. Estou encarando a mãe do indivíduo nesse exato momento. Seria muito embaraçoso se a senhora Emma Santinelle soubesse dos pensamentos indevidos que estou tendo com seu filho? Imagino ser de consenso geral que seria traumático demais para todas as parte envolvidas.

-Eu gostaria de pedir desculpa por qualquer comportamento inadequado do meu filho. Eu os eduquei direito, mas a convivência com os parentes os desviou do bom caminho. - Ela me abre um belo sorriso compadecido e segura minhas mãos em um ato de apoio e conforto - Eu garanto que Luca não é assim, ele tem estado sob muito estresse e seu quase sequestro deixou a todos nós muito tensos.

-Como Luca normalmente é? - Eu juro que tentei... Okay, talvez não tenha tentado segurar minha curiosidade com muito esforço. Sou uma pessoa amante de informações e quaisquer que eu poder descobrir sobre o homem das minhas fantasias libidinosas é um avanço.

-Ele é muito divertido, está sempre brincando e rindo com o irmão. Meu filho também é muito protetor e nunca deixou de visitar seu pai e a mim desde que decidiu morar sozinho. Ele costuma ser leve, apesar de ser direto como o pai algumas vezes, sua companhia é reconfortante e sua personalidade caseira é ótima.

-Eu adoraria ter conhecido esse lado dele. - Forço um sorriso para ela - Mas desde cheguei tudo o que fazemos é discutir. Luca parece não ter paciência para lidar comigo e por mais que eu tente conversar ele não está exatamente disposto.

-Não entendo. Luca aceitou te proteger enquanto procuramos por sua ameaça, ele deveria estar sendo cordial.

-Não há tempo para cordialidade quando estamos sempre brigando e discutindo. Senhora Santinelle, eu trabalho para a Famiglia há muitos anos e sou leal a organização. Respeito os Santinelle e sua liderança, mas detesto o seu filho. Ele é grosso, arrogante, mal-educado e parece que tem um pau na bunda.

Quando dei-me conta das palavras que saíram da minha boca sem autorização prévia, arregalo meus olhos e encolho os ombros. Bianca, o que conversamos sobre certos comentários perto da mãe da sua fantasia proibida? Dio Santo garota, você não me ajuda a te ajudar.

Para a minha surpresa a senhora Santinelle joga sua cabeça para trás e gargalha alto. Eu continuo perdida em meu próprio choque para comentar alguma coisa enquanto a mulher diante de mim limpa uma lágrima que escorreu de seu olho durante a crise de riso. Devo ter perdido alguma coisa porque não estou entendendo nada.

-Dio Santo, eu não acredito nisso! - Ela enxuga mais uma lágrima rebelde e inspira fundo numa tentativa de controlar o riso - Vocês parecem Raphael e eu quando mais jovens.

-Desculpe?

-Eu não quero te assustar, querida. Acontece que fui obrigada a casar com Raphael e eu odiava essa ideia. Ele era irritante e bonito demais para o próprio bem, não conseguíamos terminar uma conversa sem nos ofendermos. Levei um bom tempo para entender que toda aquela raiva que eu sentia por ele era paixão. Eu nunca havia sentido aquilo antes, a vontade de socar e beijar uma pessoa ao mesmo tempo foi bem assustadora no começo.

-E o que aconteceu? Eu sei que agora estão casados e reinam sobre este país, mas como a senhora percebeu que seu marido não era um caso perdido? Não quero ser indelicada ou grossa, porém seu filho parece um verdadeiro caso perdido para mim.

-Você se casaria com meu filho, Bianca?

A senhora Emma pergunta sem disfarçar seu interesse. Em contrapartida consigo engasgar com a minha própria saliva. Não esperava um questionamento como esse e sinceramente não pensei sobre isso. Minha cabeça tem estado ocupada fantasiando sexo com Luca para cogitar um casamento com ele.

-Não acho que eu seja o tipo de mulher que se casa, senhora.

-Poderia me explicar melhor, por favor?

-Eu me encontrei na tecnologia, todo o funcionamento e criação de sistema me encanta. Passei minha vida tentando e me aperfeiçoar e me tornar a melhor no que faço, consegui servir à Famiglia e isso é uma grande honra, mas não tive tempo para desenvolver o campo amoroso da minha vida.

-Nada?

-Não, minhas prioridades eram outras e todo o romance tornou-se segundo ou terceiro plano.

-Engraçado você dizer isso. Para alguém que disse não se ter tempo em sua vida para romance, usar todos os verbos no passado me passa a impressão de que esteja mudando de ideia.

-Não. - Solto uma risada nervosa, ela está me olhando de um jeito estranho, como se pudesse estudar meu cérebro com uma lupa -Senhora Santinelle, mesmo que por um acaso eu tivesse um mínimo interesse no seu filho, estou longe de ser a pessoa adequada para estar ao lado de um Capo.

-Eu também não me considerava boa o bastante e veja onde estamos agora. Luca pode ter muitos defeitos e Dio sabe que ele tem, mas sei que criei um verdadeiro homem, senhorita Montanari. Meu filho será um excelente marido porque ele é um excelente filho e mesmo que a ideia lhe pareça muito absurda agora, deveria considerá-la. Luca precisa de uma mulher como você ao seu lado.

-A senhora não me conhece, como pode saber algo assim?

-Acha mesmo que eu colocaria uma estranha sob nossa proteção? Sob responsabilidade do meu filho? Seu relatório foi uma pesquisa interessante, mas não me importa que seu cérebro esteja avaliado em muitos bilhões para a Famiglia. Se eu não tivesse gostado de você teria a mantido naquele hotel desprotegido com seus pais.

-Então eles podem ficar desprotegidos, porém meu cérebro caro não?

-Seu pai é o segundo no comando da segurança na Famiglia, ele sabe defender a si mesmo a sua mãe. Além disso estão atrás de você, não dos seus pais. Ele estão sendo muito bem protegidos por nossos soldados e ficarão bem.

-E eu?

-Você deve terminar o Olimpius. Sei que eu filho é o melhor para te manter protegida, estamos caçando seus sequestradores e você deve nos honrar fazendo o seu trabalho. Fazer parte da Famiglia significa que nosso dever está acima de qualquer coisa, Bianca e o seu é terminar esse sistema.

*****

Six pack* - gíria em inglês para o nosso famoso tanquinho. Amado por muito, inclusive por esta autora que vos escreve.

O Matador - Contos Santinelle 01Where stories live. Discover now