BIANCA MONTANARI
Apartamentos não deveriam ser tão grandes e para um herdeiro da Famiglia não deveria haver tanto vidro assim, mas devo admitir que a vista da cidade é invejável e só de pensar no valor desse imóvel sinto um aperto no peito. É impressionante como há pessoas com oceanos de dinheiro.
Não que eu esteja exatamente reclamando, os membros da Famiglia ganham muito bem e possuem um estilo de via muito confortável, eu só estou impressionada que alguém esteja disposto a gastar tanto dinheiro em um apartamento desse nível, um lugar tão amplo e espaçoso quando se mora sozinho. Isso aqui abriga mais três famílias inteiras com facilidade.
A contragosto sigo na direção em que o senhor Santinelle levou minha mala. Essa poderia ser considerada uma bela de uma aventura se não houvessem pessoas interessadas em arrancar minha cabeça e eu pudesse manter algum contato com meus pais, fui obrigada a me despedir deles no hotel por tempo indeterminado antes de entrar em um carro com o senhor herdeiro todo poderoso e vir até essas mansões empilhadas que ele chama de prédio.
-Esse é o seu quarto. - Luca se vira e aponta para a porta no final do corredor - Aquele é o meu, se alguma coisa parecer estranha grite e estarei aqui o mais rápido que conseguir. Você sabe atirar?
-Não sou uma completa incompetente, se quer saber. - Cruzo os braços e assumo minha melhor pose de criança irritada. Maturidade é tudo. Digamos que quando seu pai trabalha na chefia de segurança de uma poderosa organização criminosa você aprende a atirar, gostando disso e tendo habilidade para tal ou não.
-Tudo bem. - Ele caminha para dentro do quarto e já posso me considerar ofendida, é certo que cheguei há cinco minutos, mas se esse será meu santuário privado nos próximos tempos ele não tem o direito de invadir, sendo sua casa ou não - Alguma dúvida?
-Quando você levará todos os seus músculos e rostinho bonito para fora do meu quarto?
Eu não estava pensando exatamente isso, vocês sabem, com todas essa palavras tão específicas, mas tenho um problema sério de pouca ligação entre meu cérebro e minha boca. Eles não se entendem e não se respeitam, eu não gosto quando isso acontece, é sempre embaraçoso e um clima vergonhoso toma conta do lugar. Como agora eu gostaria de correr para o mais longe possível e me enterrar em um buraco.
Indo contra todas as reações costumeiras de vergonha alheia ou timidez, Luca simplesmente ri. Ele ri minha gente. Um sorriso bonito que ilumina seu rosto, o faz parece mais jovem e seus olhos brilharem como se tivessem luz própria. Dio Santo, o homem é muito bonito. Mesmo que ele tenha substituído o terno que estava usando por uma calça jeans que marca todos os pontos certos de sua cintura, pélvis e pernas e uma blusa cinza escuro de mangas longas que não deixa nenhum contorno muscular para a imaginação. Errado, Bianca, mude a linha de raciocínio garota!
-Eu agradeço o elogio. Há uma arma debaixo dessa mesa de cabeceira. - Ele estende a mão por debaixo da madeira branca e puxa uma pistola consigo, levantando a arma no ar para exibição pública - Há uísque no bar, comida na geladeira e a senha da internet está no balcão da cozinha, a rede é protegida e não precisa se preocupar com nada.
-O senhor estará sempre aqui? Pelo apartamento, quero dizer.
-Precisarei sair ocasionalmente para resolver assuntos de negócios, a fechadura é de última tecnologia e só pessoas cadastradas conseguem ter acesso, invadir esse lugar é praticamente impossível. Na pior das hipóteses você receberá visita da minha mãe.
-Tudo bem, eu realmente gosto de ficar em casa.
-No andar superior há um salão de jogos, academia e piscina. Acho pouco provável que atentem contra a sua vida no meu terraço, mas todo o cuidado é pouco.
-Entendi. Devo ficar fora do seu caminho, certo?
-Não sou um velho rabugento que detesta a presença de outros seres vivos, Bianca. Sendo sincero eu aprecio muito a companhia humana, mas como sua inocência precisa ser preservada e a senhorita imaginava minha casa como um refúgio do sexo e da perversão, não haverá trânsito de pessoas por aqui.
-Oh! O senhor está abrindo mão das suas amantes por minha causa? - Coloco minha mão de modo teatral sobre meu peito - Essa é a coisa mais romântica que já fizeram por mim.
-Não brinque com isso. - Luca se aproxima perigosamente para perto - Estamos presos juntos por tempo indeterminado e isso não será divertido.
-Pode não ser tão chato como imagina.
-Se tornará uma das minhas amantes? - Ri de modo irônico e levemente amargurado - Claro, vamos terminar essa estadia casados ou você será enviada para um prostíbulo e eu receberei um tiro na testa por brincar com você, com sorte lembrarão que seu cérebro vale muito dinheiro e perdoarão seu descumprimento das regras te restabelecendo no setor tecnológico da Famiglia.
-Eu não estava falando de sexo, seu grande idiota pervertido. Pensei que pudéssemos ser amigos ou algo assim, a vida não se resume a transas ocasionais.
-Melhor eu ir, não quero começar a fazer perguntas indevidas que acabem ferindo sua inocência.
-Minha inocência tem uma proteção muito grossa, obrigada por se preocupar.
-De nada. - Abre um grande sorriso arrogante que me dá nos nervos, que vontade de arrancá-lo desse rosto bonito.
-Ótimo!
-Ótimo!
Luca sai do quarto fechando a porta atrás de si, saio sentada na cama bufando de raiva. Eu sempre fui uma garota doce e gentil, educada e reservada, mesmo que meu cérebro e minha língua não estejam em perfeita sincronia, mas Luca Santinelle consegue despertar uma personalidade desconhecida em mim pelo simples fato de estar ao meu lado.
Como é a possível que a senhora Natureza tenha criado uma criatura tão indigna de tamanha beleza? Sinceramente é difícil concentrar em qualquer coisa que não seja aqueles olhos azuis e aquele sorriso provocador que parece estar preso em seu rosto de modo permanente. Por Dio, eu não poderia ter um carcereiro feio e tenebroso que me causasse arrepios de pavor por apenas imaginá-lo? Não, ao que parece isso seria difícil demais de providenciar para minha pobre alma. Nunca pensei que teria pensamentos tão selvagens, mas olho para Luca e quero pular em seu colo.
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O Matador - Contos Santinelle 01
RomanceLuca Santinelle detesta tudo o que é puro, tudo o que lembre bondade e delicadeza. Ele é o herdeiro do título de Capo da Famiglia na América, ele não pode ter fraquezas, rachaduras e não comete erros. Luca não vacila e isso o torna imbatível. Até qu...