LUCA SANTINELLE
Cazzo! Isso não dará certo. Eu sabia que seria um problema no instante em que coloquei meus olhos sobre ela, só não imaginei que seria a tal ponto de tê-la em minha casa. Aqueles malditos olhos inocentes e rosto de boneca. Puta que pariu, viu! Maldita responsabilidade de herdeiro que não me deixa jogá-la para outro cuidar dela.
Cazzo.
Eu não costumo ser assim. Fui criado para ser frio, calculista, um assassino de primeira categoria. Eu tenho paciência para lidar com as pessoas, eu não sei usar uma fala mansa e um sorriso fácil como o meu irmão. Ele é o galanteador, eu sou o matador da família.
Uso minha camisa para secar o suor que ameaça escorrer para os meus olhos enquanto faço meu caminho para a cozinha. Não consegui dormir a noite inteira pensando em como lidar com o problema de mulher na minha casa por isso fui para a academia na esperança de esgotar todas as minhas forças e conseguir descansar um pouco. O resultado foi que quanto mais eu pensava na situação mais irritado eu ficava e agora são cinco da manhã e preciso começar a trabalhar. Cazzo dall'inferno.
Assim que entro no cômodo sou presenteado com o cheiro de café e sinceramente não sei se a abraço ou a jogo pela janela. Encontro Bianca sentada na ilha da cozinha mexendo em seu notebook tomando uma xícara de bebida fumegante.
-Buongiorno!
Seu grande sorriso de recepção faz-me sentir ainda mais frustrado. Não entendo o que caralho está comigo. Talvez eu precise de uma válvula para o estresse. Vou ligar para Pietro mais tarde e perguntar se ele quer ir a um dos clubes. Oh, é verdade, eu não posso deixar minha missão sozinha. Glorioso.
-Boungiono. - Resmungo ao adentrar mais a cozinha.
-Você sempre acorda de tão mau humor?
-Só quando você está por perto.
-Por que eu te incomodo tanto?
-Eu também gostaria de saber, mas não encontro uma maldita explicação. Talvez sejam seus olhos ou a porra da inocência que você exala. Provavelmente é tóxico para mim.
-Eu não sou esse exemplo de pureza todo que você ainda, ok?
-Quer mesmo comparar as atrocidades que já cometemos na vida?
Ela me analisa por alguns instantes, como se realmente pudesse houver uma comparação, até que finalmente desiste e recua com um suspiro derrotado.
-Tudo bem, vamos pular essa parte. Tem café ali. - Bianca aponta para a cafeteira do outro lado da cozinha e me apresso em me encher de cafeína para que meu organismo consiga lidar com o restante desse dia de merda.
-Grazie.
Bianca gira em seu banco até conseguir me encarar por completo, seus olhos estão flexionado e sua cabeça levemente inclinada para o lado estudando alguma ideia que passou por sua cabeça.
-Você estaria disposto a uma trégua?
-Como assim?
-Nós dois sabemos que eu não deveria estar aqui e acredite em mim eu adoraria estar em um avião de volta para a Itália neste exato momento, mas eu não posso, assim como você também não pode se livrar de mim até que todos descubram quem quer a minha cabeça.
-Eu já pude perceber isso. - Forço um sorriso, inclinando minha cabeça na mesma direção que a dela em uma tentativa desesperada de parecer amigável. Talvez eu esteja apenas parecendo um maníaco e me forçar a ser doce seja ridículo. Provavelmente a segunda opção.
-Por que não estendemos a bandeira branca? Eu adoraria que pudéssemos conversar sem pensar em vinte formas diferentes de acabarmos com a vida um do outro.
-É ótimo que você esteja hospedada na minha casa e tramando a minha morte. Me sinto honrado.
Seu olhar indica que ela está prestes a me xingar nos mais diversos nomes quando meu celular começa a tocar. Retiro o pequeno aparelho do meu bolso e sorrio quando o nome do Pietro brilha na tela, o infeliz não poderia ter me ligado em melhor hora.
-Fala.
-Onde você está? Temos uma tortura para fazer fratello* mio.
-Estou com a garota, não posso simplesmente sair.
-Seu apartamento parece um forte do governo, ela me pareceu bem crescidinha e aposto que consegue ficar sozinha por alguns minutos sem uma babá. Mama está a caminho para ficar com ela, traga a sua bunda até aqui.
-Vou tomar um banho rápido antes de ir, estou suado e fedendo.
-Per l'amor di Dio, Luca não me diga que você transou com protegida?! Ela só passou uma noite aí! Por Dio, mama vai te matar.
-Estou suado porque estava na academia, seu desocupado do caralho.
-Oh! Isso é ótimo realmente, eu gosto do meu trabalho, mas não quero ser o Capo da Famiglia. Você é muito mais útil vivo.
-Nos vemos daqui a pouco. - Antes que meu irmão tenha a oportunidade de falar mais alguma besteira eu encerro a chamada. Não me surpreendeu que Bianca estivesse me olhando com tanto interesse agora.
-Era uma das suas amantes?
-A única puta que verei hoje é meu irmão. Você e sua inocência fortemente protegida podem relaxar. Sua pureza continuará como está.
-Por que acha que sou tão inocente? - Ela volta a inclinar a cabeça para o lado enquanto me olha com ainda mais curiosidade. Eu não deveria, mas acho isso gracioso.
-Por que tudo em você grita inocência Com todo o respeito, mas você não parece o tipo de mulher que fode em qualquer lugar que não seja uma cama fazendo amor e tudo mais.
-Nós nunca fodemos para você saber como eu gosto.
-E você já fodeu com alguém?
-Não, mas duvido muito que eu ficaria presa à cama. Há muita coisa para se explorar além de um colchão.
-Per l'amor di Dio. Eu não acredito que estamos tendo essa conversa.
-Foi você quem começou com as suposições aqui. Eu só estou tentando me defender.
-Dio Santo, mulher! Eu preciso ir, minha mãe deve chegar a qualquer momento para ficar de olho em você.
-Tudo bem.
-E quando eu chegar esteja com uma roupa própria para atividade física, você precisa aprender pelo menos o básico sobre autodefesa.
-Hm, para quem diz me odiar tanto você está sendo muito gentil querendo me ensinar a bater nas pessoas.
-Eu não te odeio, eu quero transar com você e não posso. São coisas completamente diferentes.
Não acho que Bianca esperava uma resposta tão sincera, ela foi tão surpreendida que congelou na cadeira, seus olhos duplicaram de tamanho e seu rosto e pescoço ganharam um tom muito interessante de vermelho. Contudo não fiquei para ali esperando que sua boca atrevida voltasse a funcionar, preciso tomar um banho e fazer uma tortura hoje, mas não consegui esconder o pequeno sorriso de vitória quando deixei a cozinha.
*****
Fratello* - irmão, em italiano.
YOU ARE READING
O Matador - Contos Santinelle 01
Storie d'amoreLuca Santinelle detesta tudo o que é puro, tudo o que lembre bondade e delicadeza. Ele é o herdeiro do título de Capo da Famiglia na América, ele não pode ter fraquezas, rachaduras e não comete erros. Luca não vacila e isso o torna imbatível. Até qu...