Capítulo 07

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LUCA SANTINELLE

Eu havia me preparado durante todo o trajeto até em casa, eu estava pronto para um guerra ou mais uma discussão com Bianca. Assim que estacionei fui informado que minha mãe havia voltado para casa, a mulher nem se quer esperou que eu chegasse. Será que Bianca conseguiu assustá-la? Não que mãe seja uma pessoa fácil de assustar, porém estamos falando de Bianca e eu não ficaria impressionado.

Passo pela trava de senha e digitais para entrar em casa. O ambiente está estranhamente silencioso, com a exceção de teclas sendo rapidamente pressionadas. Atravesso o hall de entrada, parando na passagem para a sala. Bianca está sentada no sofá com um estranho notebook em seu colo, seu óculos está pendurado na ponta do nariz, seu cabelo preso de modo desleixado no alto da cabeça.

Ela está tão concentrada em sua atividade que não notou minha presença. Encosto-me na parede e cruzo meus braços para observá-la melhor. Seus olhos movimentam-se com rapidez pela tela do aparelho e seus dedos não param de digitar, o cenho está franzido e seus lábios estão pressionados com força. Ela consegue ter uma mistura de inocência e sensualidade que parece impossível.

Após tantos anos afundado no serviço para a Famiglia, em meio a tanta carnificina e morte eu simplesmente assumi que não havia nada bom para um homem como eu. Minha família parece amaldiçoada para lidar com seus próprios demônios; somos os melhores no que fazemos porque gostamos disso. Toda a matança, o poder, o dinheiro. É o mundo em que vivemos, nascemos e morreremos nele. Vivemos pela Organização e sabemos que não importa nossa vontade pessoal, ao final sempre será Tutto per la Famiglia.

Bianca não parece parte de toda a crueldade. Eu facilmente consigo imaginá-la em uma universidade, preocupada com seus trabalhos e seu próprio futuro ao invés de explorar seu talento em tecnologia para o benefícios do crime. Ela seria a mulher da família perfeita com marido, filhos, cachorro e a cerca branca. Seria esse o motivo para que eu me sinta atraído para ela como uma maldita mariposa pela luz? Ela representa tudo o que não sou e não posso ser. Bianca é pura, inocente a sua maneira e boa demais para nosso mundo.

Não, não é apenas o que ela representa. Bianca é fodidamente bonita, seu corpo desperta minha curiosidade para explorá-lo, sua boca parece perfeita para os beijos que eu daria se pudesse, seus olhos tem um brilho próprio que me fascina. Ela é perfeita aos meus olhos, mesmo que racionalmente eu assuma que não seria a primeira mulher a ter minha atenção em uma festa ou evento da Famiglia. Ela tem um espírito introvertido e parece tímida - esquecendo sua timidez quando quer debater sobre sexo comigo. Ao que parece não há uma única resposta para o mistério dela me fascinar tanto, talvez seja todo o conjunto.

Tenho um sentimento dualista para com as regras da Famiglia, nós sabemos que são necessárias para que continuemos existindo, que tudo se mantenha funcionando e justamente por isso não posso pegá-la como eu realmente gostaria. Em contrapartida minha frustração é grande demais para me atentar aos detalhes. Uma bela foda poderia resolver isso, eu poderia chamar Pietro para ir ao clube e procurar por uma garota que pareça Bianca e fodê-la, contudo sei que depois de terminar eu estaria enraivecido novamente porque a garota poderia parecer mas não seria Bianca. A fodida guerra de "querer e não poder".

Bianca franze o nariz e faz uma careta para o computador. Seus olhos desviam da tela e procuram pela sala até me encontrar, ela salta no sofá e coloca uma mão sobre o peito antes de empurrar seus óculos mais acima da ponta do nariz.

-Por Dio, você me assustou. Desde quando está aqui?

-Faz uma tempo. - Descruzo meus braços e coloco minhas mãos nos bolsos da calça - Minha mãe saiu há muito tempo?

-Não muito, eu acho. Estive trabalhando no Olimpius e perdi a noção da hora. Você está fedendo a sangue.

Olho para a minha camisa e encontro algumas manchas avermelhadas nela, nada realmente sanguinário, eu diria que a tortura de hoje foi muito tranquila apesar de cuspes e estresses envolvidos.

-Estive em um interrogatório, por isso as manchas. - Retiro as mãos dos bolsos e começo a desabotoar toda a fileira que botões.

-Descobriu algo? - Bianca coloca o notebook ao seu lado no sofá e se levanta, seu short jeans instantaneamente atrai minha atenção para suas pernas enquanto retiro a blusa de uma vez.

-É uma situação mais complicada do que esperávamos, logo estará segura de qualquer maneira. Poderá voltar para a sua amada Sicília.

-Sua família não é de lá? - Seus olhos caem dos meus olhos para meu tronco e observo-a engolir em seco - Não precisava falar com tanto desprezo.

-Eu não desprezo minha terra natal. São as minhas origens e eu não desprezaria algo tão importante. - Dou passos tranquilos até ela - Eu só não consigo entender o porquê, mas curiosamente não gosto da ideia de tê-la longe.

-Bem, você não é o único com esse dilema. - Quando paro diante dela seus olhos sobem do meu tronco para meus olhos - Eu deveria te testar, odiar esse lugar e esse país estranho. Eu não gosto que minha mente esteja fantasiando tanto com você mesmo sabendo que me decepcionarei no futuro, quando você será obrigado a encontrar uma boa moça na Famiglia e se casar com ela enquanto eu passarei o restante dos meus dias em meio aos computadores, temendo que eu seja convocada para trabalhar com vocês e veja sua bela e perfeita família formada.

-Você pensou um pouco longe demais, não acha?

-Estou sendo realista. - Seu sorriso é amargo, a infelicidade estampada em seu rosto - Acha mesmo que permitirão que eu me case com qualquer um na Famiglia para criar uma família quando eu poderia dedicar meu tempo exclusivamente para sistemas, softwares e novos planos para a Famiglia? Meu talento é algo a explorar, o máximo possível, certo?

-Errado. - Mergulho nas profundezas de seus olhos e por um instante perco meu fôlego com seu encantado. Não estou apenas fascinado por essa garota que acaba de chegar, estou beirando a obsessão - Você parece duvidar do que uma boa influência pode fazer.

-Quem com influência e em sã consciência iria contra um propósito tão importante quanto meu dever para com a Famiglia?

Eu não respondo, apenas puxo sua cintura em minha direção e quando Bianca bate contra meu peito deixo que meus lábios tomem posse dos seus, carnudos e macios. Minhas mãos a seguram com força e puxo seu lábio inferior com os dente antes de voltar a beijá-la. Ela não demora muito para me corresponder, parece não ter muita experiência, mas nenhum de nós se preocupa com isso. Toco seus lábios com a ponta da língua e Bianca me cede passagem, levo uma mão até seu rosto e a outra - finalmente - segura sua bunda com força, para que ela possa sentir minha crescente ereção e saiba o estrago que ela faz no meu corpo.


O Matador - Contos Santinelle 01Where stories live. Discover now