O Matador - Contos Santinelle 01

Capítulo 02

LUCA SANTINELLE

-Estou em apuros? - Seus olhos castanhos me olham através das lentes grossas. Mexo em minha gravata tentando aliviar o desconforto de ter esse olhar inocente sobre mim.

Detesto inocência, não sei lidar bem com coisas ou pessoas inocentes. Por Dio, meu irmão é médico e ajuda bebês inocentes a nascerem. Eu estou feliz matando pessoas e sendo o esquisito da família.

-Nome. - Resmungo desistindo da porcaria da gravata, não adianta nada. o que está me sufocando é mulher, não a maldita gravata.

-O que?

-Qual o seu nome? - Inferno.

-Bianca. Bianca Montanari.

Montanari? Montanari. Oh, cazzo. Definitivamente não é meu dia. O que diabos a filha de Leandro Montanari estava fazendo perdida entre os corredores do hotel dizendo que alguém quer matá-la, sequestrá-la ou não sei.

Espere um instante.

-Bianca Montanari?

-Sim, senhor. Foi o que eu disse. - Aproximo-me dela, abaixando o suficiente para conseguir falar em seu ouvido.

-Deve haver alguma câmera nesse elevador, então acene com a cabeça se eu estiver correto. Você é o Privati, não é? O hacker da Famiglia? - Ela acena. Oh, porra.

-Para onde estamos indo?

-Uma suíte. Preciso pensar. - Retiro meu celular do bolso e mando uma mensagem para o meu irmão, pedindo que me encontre na suíte com meu pai e o pai de Bianca também.

-Estou em apuros? - Volta a perguntar.

-Não, você não está em apuros. - O elevador para na cobertura e a puxo para fora, arrastando-a gentilmente pelo cotovelo. Destranquei a porta e assim que a tranquei atrás de nós voltei a me virar para a garota com irritante olhos inocentes - Como foi parar naquele corredor?

-Eu estava procurando o banheiro, mas esse hotel parece um labirinto e quando percebi estava na frente da cozinha. O garçom estranho começou a me perseguir, disse que eu teria que ir com ele, que o chefe dele me quer e tudo mais.

-E depois? - Cruzo meus braços, encostando-me na parede.

-Joguei spray de pimenta no rosto dele e corri.

-Por que não lutou? Você não é filha do Leandro?

Por Dio, o pai dela é o segundo no comando de toda a segurança da Famiglia. A garota não sabe quebrar um simples pescoço?

-Eu pareço alguém que pratica alguma atividade física?

Não foi intencional, eu juro que não foi, mas meus olhos desceram por seu corpo antes que eu percebesse o que estava fazendo. A pele parece macia ao toque, pernas grossas perfeitas para acomodar um homem. Ela como um todo é absurdamente desejável. Como um anjo na terra, vindo especialmente para testar minha sanidade.

-O homem disse especialmente o que queria? Ou apenas disse que te levaria?

-Ele está interessando em mim e no meu mais novo programa.

-O Olimpius?

-Imagino que seja. É o único serviço que estou fazendo no momento.

O Olimpius é um programa de software em desenvolvimento pela Famiglia, para uso em algumas de nossas operações especiais. O sistema consegue reunir dados de agencias governamentais em todo o mundo para conseguirmos alcançar nossos objetivos. Sim, somos criminosos egoístas. Nos condenem.