Capítulo 08

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LUCA SANTINELLE

Eu estava deitado no sofá por cima de Bianca, suas pernas estavam apertas para me acomodar e eu não me contive em moer contra ela durante nosso beijo. Suas mãos subiram por meus braços e ombros até alcançar minha nuca, seus dedos brincando com meus cabelos. Os movimentos de meu quadril assumem maior pressão contra ela e Bianca separa seus lábios dos meus para um gemido ofegante. Fiz meu caminho beijando seu queixo e mandíbula até chegar ao pescoço. Minha língua, lábios e dentes em sua pele, aproveitando os arrepios que dominam seu corpo.

-Luca. - Sua voz é ofegante, não mais alta que um sussurro quanto volto a beijá-la.

Meus dedos subiram por debaixo de sua blusa, acariciando sua lateral e já conseguindo me imaginar enterrado até as bolas nela quando meu celular começou a tocar no bolso. Bianca se afastou e deixou sua cabeça cair contra o sofá com um suspiro frustrado. Muito puto da vida puxo e aparelho e atendo sem verificar quem seja, maldição.

-Santinelle.

-Venha para cá agora. - A voz grossa e irritadiça do meu pai ecoa do outro lado da linha. Sua convocação para me encontrar em casa deixou meu corpo tenso no mesmo instante.

-O que aconteceu?

-Lorenzo está aqui. Cazzo. Essa merda ficará sangrenta.

-O que ele faz no país? - Me levanto do sofá, a apreensão tomando conta do meu corpo enquanto Bianca se apoia em seus cotovelos para tentar me analisar.

-Ele ainda não disse, mas está malditamente calmo. Não demore.

-Estou indo. Só preciso de um banho para me livrar do sangue impregnado em mim.

-Você tem quinze minutos para estar na minha porta.

-O que aconteceu? - Bianca pergunta. Eu me viro para encará-la e mesmo que esteja puto de preocupação não posso deixar de sentir um certo orgulho ao encontrar seus lábios avermelhados e inchados, seu cabelo bagunçado e suas roupas amassadas.

-Arrume-se, troque de roupa ou qualquer merda assim. Vou tomar um banho rápido e iremos para a casa dos meus pais.

-Por que?

-Lorenzo está no país.

Exatos quinze minutos depois Bianca e eu estávamos abrindo a porta de entrada da casa dos meus pais, a sede do território Leste da Famiglia. Ela está inquieta ao meu lado e tomo sua mão na minha para tentar acalmá-la; surpreendendo-me Bianca entrelaça nossos dedos e abre um pequeno sorriso tremulo antes de caminharmos para dentro.

Duas cabeças loiras estavam sentadas no sofá aos risos quando entramos. Uma delas eu reconheci imediatamente como minha mãe, já a outra era dedução básica sobre quem se tratava: Lana. Seu vestido social preto e um simples colar de pérolas no pescoço, seus cabelos preso em um coque elegante e sua postura de primeira dama. Todo o conjunto era a imagem perfeita de uma mulher poderosa, de alguém que não corre risco algum pois sabe que seu marido caçaria qualquer alma que tentasse contra ela.

-Luca, Bianca! - Minha mãe se levanta e caminha até nós, dando-nos dois beijos em cada - Estou feliz em tê-los aqui, mas preciso assumir que Bianca ficará conosco enquanto vocês podem ter uma conversa chata sobre negócios.

-Eles estão no escritório? - Pergunto.

-Sim. - Minha mãe responde já arrastando Bianca junto consigo. Ela relutou um pouco em soltar meus dados para seguir minha mãe, mesmo que nós dois soubéssemos que resistir era inútil.

-Senhora Santinelle. - Cumprimento a esposa de Lorenzo com um aceno respeitável de cabeça.

-Luca. - Ela devolve meu aceno antes que eu faça meu percurso até o escritório.

Quando chegou à sala do meu pai, encontro meu irmão de pé ao lado da janela, meu pai sentado em sua mesa e Lorenzo no sofá, todos os três aproveitando de doses de uísque. Assim que notaram minha presença Lorenzo foi o primeiro a se manifestar com um sorriso de saudação, seus gélidos olhos azuis me olhando em constante análise enquanto todo o terno que ele usa passam a imagem de um homem calmo e controlado.

Definitivamente não é o caso. Don Eduardo é conhecido por todo o mundo como O Diabo da Famiglia, mas não acredito que estavam todos preparados para Lorenzo quando ele assumiu a cadeira de Chefe - mesmo que as expectativas fossem muito altas. O homem é justo, ninguém pode argumentar contra isso, suas decisões são sábias e táticas, entretanto Lorenzo governa a Famiglia com mãos de ferro e as histórias que correram sobre suas atrocidades causa medo e respeito em toda criatura vivente. A pior parte é que as histórias são verdadeiras e o que corre entre as fofocas não é um terço do que ele vem fazendo.

-Entre, Luca. - Meu pai diz esforçando-se para parecer relaxado, mesmo que seus olhos gritassem para ser cuidadoso - Estávamos esperando por você.

-Estou aqui agora. - Fecho a porta atrás de mim - Não esperávamos a sua visita, senhor Santinelle.

Lorenzo se levanta e caminha calmamente até a mesa de bebidas do escritório. Observo-o reabastecer seu copo e encher um segundo antes dele fazer seu caminho até mim e me entregar. Pietro apenas observava tudo junto a janela, parecendo tenso demais para falar alguma coisa.

-Acho o Império Romano um fenômeno a ser estudado. - Lorenzo fala, seus passos tranquilos e quase predatórios até ele acomodar-se no sofá novamente, encarando o líquido ambar em seu copo com grande interesse - Ele cresceram e se expandiram, tinham o maior poderio militar já visto e deixaram que tudo ruísse por desleixo, ganancia, má administração, desconfiança e, acima de tudo, muita traição. Os considero um exemplo, aprenda os pontos fortes e corrija os ruins. Em nenhuma outra vez na história um Império teve duas capitais ao mesmo tempo, mas os romanos tiveram. Eles conseguiram marcar a história mesmo falhando em manter seu poder. Acho isso fascinante.

Ele se remexe no sofá, soltando o único botão preso de seu paletó antes de virar a bebida de uma vez em sua boca. Dentro do escritório não era possível ouvir se quer uma única respiração. Meu pai, meu irmão e eu estamos tensos de qualquer maneira, como se esperássemos a bomba explodir diante de nós e lutando para não demonstrar fraqueza.

-Qual é a pena para traições na Famiglia? - Lorenzo pergunta.

-A morte. - Pietro responde. Sua voz alta, clara e dura.

-Se assim eles tivessem resolvido no Império Romano a história poderia ser diferente. Agora imaginem a minha surpresa ao saber que tentaram sequestrar nossa peça mais valiosa no momento, nosso cérebro mais precioso. Fiquei mais surpreso ainda quando soube que vocês haviam feito um interrogatório e até o momento eu não fui avisado de nada. Engraçado isso, não acham?

-Queremos resolver por nós mesmos. - Meu pai fala - Não queremos uma chacina e sabemos que é exatamente isso que aconteceria se te chamássemos.

-Não vendi minha alma para governar essa Famiglia e permanecer no escuro, Raphael. Não interfiro na maneira como cuidam do território, mas exijo notícias de qualquer possível ameaça a nossa Organização e o que vocês fazem? Tentar levar Bianca Montanari não é uma simples briga de ganguezinha de rua.

-Chamaremos o Capo do Canadá, nosso interrogado o apontou como mandante do sequestro. - Digo rodando o uísque em meu copo, sem vontade de tomá-lo.

-Eu tenho um animal pronto para o interrogatório em seu galpão nesse momento. Posso deixá-los cuidar disso, mas quero esclarecer que essa é a última vez que tolero esse comportamento. Se eu me fizesse de cego toda maldita vez que alguém agir com boas intenções essa Famiglia estaria destruída. Nós somos a Máfia Italiana, respeitamos o nossos valores e honramos nossas regras e vocês não são apenas italianos como também são Santinelle então esqueçam os costumes modernos e independentes desse país e foquem no que nasceram para fazer. Vocês são Homens Feitos e juraram fidelidade, Tutto per la Famiglia. Se houver qualquer omissão no futuro serei obrigado a vir pessoalmente e implantar uma bala no crânio de cada um por traição, estamos entendidos?


O Matador - Contos Santinelle 01Where stories live. Discover now