Primeira Parte - Capitulo 7

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Capítulo 7
"Precisamos entender que não somos o único mundo com vida existente no universo, precisamos nos desfazer de nossa imagem egocentrista e orgulhosa e parar de achar que em um universo infinito e banhado por todos os lados de energias que não conhecemos ou compreendemos somos os únicos seres vivos 'racionais'.
Outros mundos existem e estão tão ligados ao nosso quanto estamos ligados a eles, esses mundos por si só têm vida, eles interagem entre si e sabem da existência um do outro, todos eles estão ligados e compartilham energias a todo momento.
Nós fomos criados a partir da interação dessas energias e hoje somos o que somos devido à evolução que elas nos proporcionam. Precisamos entender que, como fomos criados a partir dessas energias, as temos fluindo em nosso corpo e interagindo com as energias do espaço à nossa volta.
Um exemplo prático que podemos observar é a energia que se dá pela curvatura do tecido espaço-tempo, a energia conhecido por nós como gravidade. Ela está presente em todos os lugares, e todos os corpos, móveis ou inertes, interagem com ela de alguma forma. O simples fato de podermos andar nos mostra que, sem perceber, manipulamos essa energia, abrindo espaço por ela e se movendo através desse espaço criado, mas como citei anteriormente essa interação acontece pois ela faz parte do que somos.
Outro exemplo que podemos observar é a eletricidade, energia que sempre esteve na natureza e que sempre se faz presente em inúmeros aspectos de nossa vida. Com o tempo aprendemos a produzir essa energia em grande escala e aprendemos a manipular ela cientificamente, porém temos que saber que também interagimos com ela.
Um choque é uma interação de nosso corpo com essa energia, durante ele podemos a sentir percorrendo nossos membros e sendo canalizada por eles, mas como é uma energia muito forte nem sempre essa interação é positiva.
Além dessas duas que acabei de citar acima existem várias outras, conhecidas e desconhecidas, a própria luz é uma energia, assim como a ausência dela, que também deve ser considerada outra.
Se nos permitirmos podemos sentir essas energias fluindo à nossa volta e até mesmo através de nós, assim podendo fazer parte dessa interação, deixando-a mais intensa e a manipulando de acordo com nosso desejo.

Evolução

Quando o processo de criação de tudo a nossa volta estava em andamento, essas energias faziam-se presentes por todo o lado, mas conforme a evolução foi trilhando seu curso essas energias foram se dispersando e se concentrando, de acordo com as diferentes evoluções de cada um.
Isso não quer dizer que existem outras criaturas disformes em mundos que não conhecemos, quer dizer apenas que as energias se distribuíram de modo diferente entre eles, fazendo-se mais presentes em alguns e menos presentes em outros.
Como disse antes, todos nós fomos criados a partir dessas energias, e como as energias são as mesmas, independente do mundo em que estivermos, somos todos iguais, podemos encarar isso como obra do acaso ou de um criador superior.
Porém, como as energias se distribuíram de modo diferente no decorrer da evolução, no momento em que fomos criados, ou quando o processo de evolução de nossa espécie teve seu início, seres de alguns mundos se viram envoltos por maior quantidade de energia do que outros, tornando assim a interação mais forte em alguns e em outros, mais fraca.
Isso em nenhum ponto se liga a nossa vontade ou desejo de poder interagir com as energias, isso depende apenas do lugar onde nascemos (...).

(...)
Os outros mundos

Sabemos então, a partir das constatações ilustradas nas páginas anteriores, bem como com os argumentos apresentados, que temos notícia hoje de dois mundos, dois grandes recipientes de energia interagindo entre si.
Assim, ambos os mundo são iguais até certo ponto e totalmente diferentes em outro, tudo devido à diferente interação das energias em ambos os espaços (...). "

Lash foi acordado de seus pensamentos, que andavam junto com sua leitura, pelo despertador do celular, que o avisava que já era hora de voltar para casa. Sem perceber, havia passado algumas horas mergulhado no estranho livro na sala de estudos da biblioteca, agora deveria voltar para casa o mais rápido que podia, logo sua mãe estaria de volta e ela não gostava de chegar em casa e não o encontrar.
Fechou o livro, marcando a página que havia parado a leitura e o colocou embaixo do braço, queria o levar para casa para poder continuar sua leitura no silêncio e na tranqüilidade de seu quarto.
Foi caminhando em direção ao balcão e encontrou novamente com Isabella.
- Queria retirar esse livro, não consegui ler o suficiente e quero continuar minha leitura em casa.
A moça pegou o livro e digitou algo no computador.
- Infelizmente esse livro é só para pesquisa local...
Sua visão se escureceu, sentiu uma tontura repentina e quase caiu, porém se segurou para não ir ao chão, sentiu a coxa esquentar e quando a visão voltou estava em uma estrada de chão batido ladeada por altos pinheiros.
Parecia ser inverno e tudo estava coberto de neve, ao longe podia ver algumas colinas de fumaça, provavelmente vinham de chaminés de casas nos arredores. Sentiu uma fria rajada de vento lhe cortar a pele e desejou poder estar junto de sua cama agora.
Em uma tentativa de tentar se esquentar abraçou seu peito com os braços e deu alguns passos à frente em direção à fumaça, sua visão se escureceu novamente, a tontura voltou, não tão forte como da primeira vez, e o frio se foi, quando voltou a enxergar estava novamente na biblioteca em frente ao balcão da recepção.
- Infelizmente esse livro é...
- Você viu isso?
Isabella pareceu confusa com a pergunta.
- O que exatamente?
- A estrada, a neve, a fumaça...
- Nunca li essa livro, parece ser bom - ela falava analisando a capa do volume que segurava -, mas normalmente não sinto frio enquanto leio...
Lash achou a afirmação estranha, até perceber que ainda estava encolhido em seu abraço. Realmente aquilo havia sido muito estranho.
- Ok. Desculpe. Não é nada. Mas então não poderei retirar esse livro?
- Então está bem! - ela ainda parecia meio desconfiada - É, como eu ia dizendo esse livro é somente para pesquisa local, ninguém pode retirá-lo, mas se quiser pode voltar aqui amanhã e continuar a leitura.
- Pode ser. Se conseguir passo aqui amanhã à tarde então. Até mais.
Ele se despediu e foi em direção à saída, a cabeça latejando um pouco por causa da estranha experiência que tivera, tinha sido como na escola, naquela manhã, porém era diferente ao mesmo tempo, lembrou-se então da coxa esquentando e levou a mão ao bolso, sentindo nele o pequeno colar.
Rapidamente Lash saiu do prédio, subiu na bicicleta e pedalou de volta para casa, no caminho tentava colocar seus pensamentos em ordem, o que havia lido, as experiências que havia tido, era tudo tão anormal, porém não havia tido tempo suficiente de ler o livro na biblioteca, mas pelo que havia lido sentia que estava no caminho certo.
Assim que chegou na rua de casa conseguiu avistar de longe a porta entreaberta, sua mãe já deveria ter chegado, pedalou rapidamente para dentro do pátio e deitou a bicicleta na grama, subindo os degraus da varanda com apenas um pulo.
Mas sua mãe não havia chegado. Quando abriu a porta, ao invés de ver sua mãe feliz na cozinha preparando alguma coisa para a janta e aliviada por vê-lo, viu sua casa completamente bagunçada, os móveis todos fora do lugar, papéis jogados no chão, gavetas e portas dos armários e prateleiras abertas, tudo espalhado por todos os lados.
Fechou a porta e subiu rapidamente os degraus em direção aos quartos, e o mesmo se via também nos cômodos do andar superior, roupas e calçados espalhados por todos os lados. A princípio pensou que havia sido obra de alguma gangue de assaltantes, porém nada havia sumido, tudo ainda estava ali, fora do lugar, mas ali.
Pensou em ligar para a polícia, mas lembrou-se dos homens de terno preto o vigiando na escola e acreditou que fosse obra deles, então achou melhor não ligar.
Olhou o relógio e viu que sua mãe deveria chegar a qualquer momento, foi quando lembrou que ela havia dito que chegaria mais tarde hoje, o que queria dizer que ele ainda tinha umas três horas até ela voltar.
Colocou uma música alta no rádio da sala e começou a arrumar aquela bagunça o mais rápido que conseguia, colocando os móveis em seus lugares, os papéis nas gavetas e pastas, as roupas dobradas nos armários dos quartos.
Quando colocou no lugar a última colher que ainda estava desordenada sua mãe estacionou na garagem, ele correu até a sala, desligou a música e pulando os degraus de três em três correu até seu quarto, o único cômodo que ainda não havia arrumado. Quando se deitou na cama escutou sua mãe abrindo a porta.
- Lash você ainda está acordado?
Ele olhou no relógio e viu que já eram quase dez da noite. Cansado, se levantou e foi até o início da escada, de onde podia ver sua mãe largando a bolsa e as chaves do carro na pequena mesinha ao lado da porta.
- Sim, estava terminado um trabalho.
- Que bom, porque agora você vai descer aqui e guardar sua bicicleta na garagem. Quantas vezes eu já lhe disse para não deixar ela atirada na frente de casa?
- Desculpe mãe. - ele foi descendo os degraus preguiçosamente - Acabei esquecendo.
- Só não esqueça mais. Vou preparar algo para o jantar, está com fome?
- Um pouco sim!
Lash saiu na rua e viu um carro preto com homens de terno dobrando a esquina. Guardou sua bicicleta e voltou para dentro de casa.
- Filho, você usou as panelas hoje de tarde?
- Não mãe. Por quê?
- Eu jurava que elas ficavam no armário de cima. Devo ter me enganado.
Rindo de sua própria desatenção, o garoto subiu os degraus e foi novamente ao seu quarto, deitando-se na cama acabou dormindo sem nem mesmo trocar de roupa.

A NONA TRIBOOnde histórias criam vida. Descubra agora