Primeira Parte - Capítulo 1

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Sete e dezoito da manhã e o apitar estridente do despertador ainda não havia parado, o que já devia ter acontecido há três minutos, e mesmo com o barulho ensurdecedor vindo do criado mudo, e sua mãe batendo na porta do quarto e gritando seu nome, Lash custou a abrir os olhos e responder aos chamados.

                Começou silenciando a pequena máquina redonda que o acordava toda manhã, mas que naquele dia não tinha sido o suficiente, depois pediu à sua mãe que não se preocupasse e ligou a luz do pequeno e bagunçado quarto, cobrindo rapidamente a nuca com o travesseiro e apoiando as mãos sobre ele.

                Na noite passada havia ficado acordado até mais tarde do que seu habitual terminando um trabalho de história da escola, o tema até que era legal, o início de tudo, mas qualquer trabalho em grupo fica chato quando tudo cai sobre suas costas. Lila até tinha se oferecido para fazer alguma coisa, mas como ele já ia fazer quase todo o trabalho não se incomodou em pegar a parte dela também.

                Na verdade ele era meio orgulhoso, até que gostava de fazer tudo sozinho, do seu jeito, mas aquela pesquisa tinha acabado com ele.

                Quase que com um único movimento levantou da cama, colocou uma camiseta qualquer, uma calça, calçou os tênis azuis fortes, seus preferidos, e desceu rapidamente as escadas para tomar café.

                Como sempre sua mãe o esperava com uma linda mesa de café da manhã, suco, leite, pão, bolo, frutas, tudo o que poderia querer. Sua mãe sabia que ele não comia muito pela manhã, mas fazia questão de preparar a mesa todos os dias, mesmo quando saia mais cedo para trabalhar deixava a mesa posta aguardando seu despertar.

                Ele comeu rapidamente enquanto sua mãe terminava de se aprontar para o trabalho, depois voltou ao quarto para arrumar suas coisas, logo o ônibus chegaria e não queria se atrasar e deixá-lo esperando.

                Voltou novamente ao quarto, abriu a mochila e colocou nela seus livros, que ainda o esperavam abertos sob a luz fraca da escrivaninha, e o restante de seu material que estava espalhado por todo o canto. Ouviu então uma buzina vinda da rua.

                Fechou rapidamente o zíper da mochila, colocou um casaco e quando ia sair correndo do quarto enganchou o pé em um par de chinelos e caiu com toda a força, espalhando parte de seu material que estava em um pequeno bolso da mochila que havia se esquecido de fechar.

                Reclamando e se xingando por não ter guardado os chinelos na noite anterior, se colocou de joelhos e começou a juntar seus pertences enquanto a buzina repetia seu som agudo na rua.

                ­— Filho, rápido ou eles vão embora sem você!

                — Já estou indo!

                Juntou rapidamente os objetos espalhados pelo chão, um fone de ouvido, algumas canetas e alguns papéis e correu escada abaixo torcendo para não cair novamente.

                Sua mãe já esperava com a porta aberta enquanto o gordo motorista do ônibus esperava impaciente com o grande ônibus amarelo.

                — Se cuide querido! Não vá arranjar confusão!

                — Tchau mãe! Até mais tarde.

                Entrou no ônibus e buscou um banco vazio, sentando-se à janela, gostava de olhar as coisas passando enquanto ia para a escola, e gostava de perceber um certo metodismo de algumas pessoas. Sempre via uma mulher fazendo sua corrida matinal, um homem parado ao lado do carro lendo o jornal antes de ir trabalhar, um senhor esperando alguma condução que vinha do sentido contrário, entre outras coisas.

A NONA TRIBOOnde histórias criam vida. Descubra agora