CAPÍTULO 13

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Parte I

No dia seguinte, fiz de tudo para me acalmar. Eu tive de explicar a mesma história que contei aos meus tios, a Mayra e ainda tive que tomar iniciativa de pedir um, talvez, sacrifício a Jefferson. Quando o sinal tocou avisando que era hora do intervalo, tive que inventar um monte de desculpas para Mayra não se preocupar em me deixar na sala. Desjeitosamente, fiz meu caminho lento e hesitante de sempre até a mesa de Jefferson. Era difícil me concentrar quando ele está em um terno que faz todos os pensamentos pecaminosos fluírem pelo meu cérebro quase inútil quando se trata de Jefferson Partenon. Sorri um pouco sem graça e puxei uma cadeira para me sentar ao seu lado. Ele estava escrevendo, mas parou quando me aproximei e esperou que eu começasse. Como começar algo que nem deveria existir?
-Você dá aulas fora da escola? -Fui direto ao ponto. Rodeios naquele momento não era bem o que eu precisava.
-An... Não. -Respondeu estranhamente calmo.
-Nem uma exessão?
-Sem exessões. -Ele sorriu e deixou a cabeça cair um pouco de lado -Seria engraçado você dizer que precisa de aulas particulares. -Comentou e eu consegui ficar mais sem graça ainda. Como eu ia convencer um cara a me dar aulas fora se ele sabia que eu não precisava de nota?
-Não são aulas particulares -Murmurei -São apenas reforços escolares. -Dei de ombros.
Jefferson bufou e fez que não com a cabeça.
-Sem chance.
-Ah, porque?
-Porque sou apenas um professor comum e não um professor particular.
-Você é um dos melhores que já conheci. Por favor... Eu pago quanto quiser.
-O problema não é dinheiro, Alicia. Eu tenho uma vida fora da escola e isso não inclui aulas na casa dos meus alunos.
Revirei os olhos e bufei.
-Eu não pediria se eu não precisasse.
-Você não precisa.
-Eu... Quero. -Jefferson se levantou e eu fiz o mesmo.
-Você quer? -Perguntou com aquela mesma voz rouca que antes. Engoli em seco e fiz que sim com a cabeça. -Porque?
Isso seria a pior coisa a se dizer a ele. Todas as chances de ele me ajudar poderiam ir por água a baixo... Mas eu queria dizer, porque lá no fundo era verdade.
-Quero te conhecer melhor. -Isso saiu simplesmente ridículo. Não era nesse tom meloso e rouco que eu queria dizer... Mas foi.
-Como professor ou como pessoa?
-Como pessoa. -Suspirei e dei um passo em sua direção, ele não se afastou.- Por favor.
Ele se remexeu no lugar e se afastou, pegando seus materiais.
-Hoje depois da aula no Allen's. Acha que pode chegar lá para conversarmos melhor?
-Sem problemas. -Menti, mas eu precisava me livrar disso então faria. E eu realmente o queria por perto, mesmo sendo isso uma coisa que eu não conseguia explicar. Ele sorriu sem graça e saiu da sala. Ótimo...

Parte II
Depois da aula, segui para a lanchonete à três quadras dali assim como Jefferson pediu. Seria um pouco complicado enfrentar meu tio depois que chegasse em casa, mas valia a pena. Jefferson estava lendo o cardápio e uma mulher aparentemente nos seus vinte e cinco anos, ruiva e bonita estava parada esperando ele pedir. Vi fogo nos olhos da mulher e eu soube que ela o desejava. Era ridículo! Me endireitei e escorreguei no banco a sua frente. A mulher me olhou como quem me mataria e eu sorri fracamente.
-Oh, ela veio. -Jefferson brincou e deixou o cardápio sobre a mesa. -Um X-bacon e um X-salada, por favor. -Disse para a ruiva.
-Vai beber alguma coisa? -A ruiva perguntou, agora parecia entediada.
-Um suco de verduras e um refri...
-Não, -interrompi -Dois refrigerantes, por favor.
A ruiva olhou para mim incrédula e voltou a olhar para Jefferson. Foi como se ela lhe pedisse permissão. Ele suspirou e assentiu e a ruiva se foi.
-Espero que o X-salada seja pra você. -Murmurei e ele sorriu.
-Como eu disse: Você é adolescente, precisa comer alimentos saudáveis.
-Se toda vez que nos encontrarmos você querer me alimentar assim, vou precisar de terapia. -Sorri e ele riu. Ótimo, estávamos começando algo novo...
-O que você disse a seus tios sobre isso? -Jefferson perguntou e eu franzi o cenho.
-Sobre minha saúde?
-Não, -Sorriu -Sobre eu te dar aulas.
Oh sim. Suspirei e entrelacei os dedos no colo.
-Estão contando com sua presença lá em casa. -Eu disse e desviei o olhar para a mesa, esperando que ele me repreendesse.
-Então não é como se eu tivesse uma opção. -Ele disse e estava calmo. Fiquei um pouco surpresa e alegre. Isso era bom, quase perfeito!
-Não, você tem sim. Mais é que... Bom, eu tinha que argumentar minha ida a sua casa. Foi esse o jeito.
Observei as veias em seus pescoço e engoli em seco. Acho que eu não deveria ter dito isso.
-Então contou que foi a minha casa.-Deduziu e eu engoli de novo. -Você não pensa, não é? E se eles acharem...
-O que? -Sorri. Ele ia insinuar algo entre nós? -Eles não vão pensar nada, professor, por que não há nada para pensar ou "achar".
Ele balançou a cabeça e quando abriu a boca para falar, a ruiva chegou. Ela colocou as bandejas e as latinhas de refrigerante sobre a mesa e, com um sorrisinho diabólico para Jefferson, se foi. Ah, que ridículo! Eu cada dia a mais me surpreendo com tanta mulher oferecida.
Comemos o lanche tranquilamente e eu queria que ele pensasse no que pedi, então fiquei calada. Quando terminamos, ele ficou mexendo no celular e eu fiquei desconfortável. Obviamente era Silvia ou alguma outra mulher mais interessante que eu. Talvez eu estivesse ali em vão...
-Tudo bem. Diga a seus tios que eu vou estar lá amanhã depois da aula para conversarmos. -Jefferson disse e eu levantei o olhar. Oh, Deus! Isso é ótimo.
-Sério?-Perguntei preocupada por ele estar flertando.
-Sim. -Ele deixou o dinheiro em cima da mesa e se levantou. -Vem, eu te levo para casa.

Sr. ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora