Sr. Professor

CAPÍTULO 27

Espero que gostem, de verdade... Boa leitura! 

Bônus

Jefferson;

Agora nem a Mayra falava mais comigo. Eu queria para-la para perguntar sobre Alicia para saber como ela está e com quem está. Agora eu fazia parte disso, eu fazia parte de um mundo preso a Alicia e se bastasse isso para que eu fosse feliz, eu nunca reclamaria. Lembranças era a única coisa que eu tinha... Eu não devia ter me dado como eu me dei a ela, já era de se esperar que isso acontecesse. Sempre foi assim. Se eu me apaixono, perco a pessoa como se um imã a afastasse de mim, chega a ser irônico. Essa foi a primeira semana sozinho, sem Alicia na mesma cidade que eu. Todos os dias eu queria ficar na cama e não ter que ir para a escola, porque eu já sei que ela nunca mais vai estar lá, mesmo assim tenho algumas esperanças de que Mayra pode me dizer algo sobre ela, mas não diz. Ela nunca diz. Na sexta feira eu pedi, com a autoridade que um professor tem, para que ela ficasse na sala para resolvermos um assunto, mas bastou eu citar o nome da Alicia e Mayra começou a inventar desculpas dizendo que tinha algo para fazer e simplesmente corria dali. Então eu fico me perguntando: Porque ela decidiu seguir em frente sem se importar comigo? Eu sei, eu podia ver nos olhos dela que doía ter que ir embora e eu senti que não era isso o que ela desejava para si mesma. Eu também podia ver nos olhos da amiga que havia algo ali para ser contado, mas o que seria? Essa dúvida me deixava com insônia, me fazia ficar mal, pra valer. Eu estava a ponto de explodir e jogar tudo para o alto. Eu não queria ter que aturar aquele barulho todo na escola e ter que agir como um professor responsável e maduro, porque na verdade eu não era. Eu não queria ser. Mas saber que ela já esteve ali na sala, sentada olhando para mim enquanto eu lhe retribuía os olhares... Era o bastante para me fazer mudar de ideia sempre que eu estava a beira do abismo. Eu não queria perder essa lembrança, era importante para mim. Mas se tudo continuasse desse jeito... Eu não sei. Acho que eu simplesmente desistiria. 

No dia em que ela se foi... Talvez para nunca mais voltar, eu senti que precisava correr e ir atrás dela, mas como sempre a Fátima estava lá para me atrapalhar. Ela apareceu, bêbada como sempre fazia ultimamente e eu tive que me livrar dela, o que levou muito do meu tempo. Tempo o suficiente para deixar que Alicia escapasse para nunca mais voltar e eu me culpo todos os dias por isso. Eu penso que se talvez eu tivesse feito diferente, deixando a Fátima lá e ido atrás da pessoa que realmente é importante para mim, talvez a Alicia teria mudado de ideia quanto a nós. Essa era a única chance, a última chance... Nada do que eu fizesse poderia mudar o que eu era. Um grande, imundo e completamente perdido sem a pessoa que sempre foi a razão dos meus sorrisos, pelo menos durante alguns meses. 

Eu estava encostado no carro, parado no estacionamento da escola com um cigarro na boca enquanto alguns alunos passavam me olhando e riam de algo, provavelmente do meu cigarro. E quem está aí pra isso? Fumar era o menor dos meus problemas e dar exemplo a crianças petulantes é menor ainda. 

-Professor? -Levantei o olhar rapidamente e joguei o cigarro no chão, pisando em cima em seguida. 

-Mayra... Oque...? -Eu não estava acreditando. Fiquei a semana toda tentando falar com ela e, de repente a mesma estava ali na minha frente. Ela estava com o olhar caído, talvez até triste... -Aconteceu alguma coisa com a Alicia? -Não pude evitar o pânico na minha voz. Ela parecia estar saindo de um enterro.

-Não, nada com ela -Ela suspirou pesadamente e trocou o peso da perna -Mais olha só pra você... Está um lixo, Jefferson! -Eu respirei fundo e coloquei as mãos no bolso da calça cáqui. -Você tem que seguir em frente, droga! Não é justo com a Alicia e não é justo com você.

-Não é justo com a Alicia? -Sorri e passei as mãos pelos cabelos -Isso deve ser uma piada, não é mesmo? Francamente, ela está pouco se fodendo para mim, Mayra.