CAPÍTULO 20

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Gente, capítulo postado hoje, é um presente para vocês! Boa leitura...

Parte I
Confesso que senti uma sensação sinistra vindo dos pés até a cabeça. Foi como um arrepio ou um alerta. Também, não era pra tanto visando o lugar em que eu estava entrando agora. Era uma garagem sem tinta e com as paredes borradas de ferrugem e cinzas descoloridas. Como um cenário de filmes de terror. Aí estava a segunda promessa não cumprida que fiz a Jefferson, mas o que posso fazer? A curiosidade sempre falou por mim...
Quando Fátima parou o carro, ainda em silêncio mesmo que depois de algumas longas horas, me esperou descer para travá-lo e começou a andar em direção a uma portinha que eu suponho ser o elevador. Quando ela apertou o botão e as portas se abriram, observei o pequeno quartinho e percebi que havia errado feio, era um cômodo com escadas no final que levavam a alguma parte parecida com o sótão. Será que é aqui que a Fátima me mata? Prendi a respiração enquanto subíamos os degraus e eu temia a cada passo que eles desmoronassem. Não demorou para entrarmos por outra porta e eu perceber o cenário mudar completamente. Estávamos em um saguão amplo e iluminado com uma vista da cidade perfeita que eu duvidava existir em outro lugar vista por esse anglo. Tinha poucos móveis, mas era tudo bastante arrumadinho. Percebi uma mala média no canto do lugar e um sofá-cama ao lado.
-Bem-vinda ao meu cafofo. -Murmurou Fátima e começou a caminhar em direção a uma pequena cômoda de madeira. Eu estou louca ou ela acabou de dizer que mora ali?
Olhei em volta ainda me convencendo de que isso realmente era verdade e decidi aceitar. De qualquer forma, não era de todo tão horrível assim...
-É bem modesto. -Murmurei de volta e cruzei os braços sobre o peito em uma forma protetiva. Sim, ela conseguiu me intimidar um pouco. Talvez ela fosse uma vampira!? Ela sorriu e se sentou, me induzindo a fazer o mesmo, mas um pouco longe.
-Acredite, eu posso morar em um lugar muito mais agradável. O dinheiro que arranquei do Jefferson foi o bastante. -Ironizou e me controlei para não ficar furiosa -Mas não pretendia ficar muito tempo quando vim para cá.
-E agora pretende? -Perguntei, cautelosamente e ela sorriu novamente.
-Isso vai depender da sua boa vontade. -Ela disse e se levantou, caminhando pelo saguão. Franzi as sobrancelhas e me remexi no lugar em que estava...
-Como assim?
-Você deve estar curiosa para saber porque eu te defendi e não entreguei os dois pombinhos, certo? -Perguntou e eu assenti, afinal, esse era o ponto por eu estar ali -Pois então, aqui está o motivo. -Ela pegou duas taças e serviu de vinho, depois caminhou até a mim e me entregou uma taça -Você vai marcar um encontro e dizer que desiste dele...
Fiquei boquiaberta com a audácia e simplicidade em que ela disse isso e bufei.
-E porque diabos eu faria isso? -Perguntei, com as sobrancelhas erguidas.
-Porque você gosta dele e não quer ver a vida dele arruinada novamente. Além disso -Ela deu um gole no vinho e pousou a taça em cima da cômoda -Eu não acho que ele goste realmente de você e, bem, digamos que eu estou aqui e posso muito bem retomar o lugar que você roubou de mim.
Pisquei inúmeras vezes perplexa demais para digerir tudo isso. Ela queria que eu simplesmente abrisse mão do primeiro cara que eu realmente gostei na vida para dá-lo a ela?
-Você é doente. -Indaguei e ela riu.
-É, pode ser. -Ela respirou fundo e começou a fuçar seu celular. Fiquei ainda perplexa olhando ela divertida procurar algo e, quando finalmente pareceu encontrar, me entregou seu aparelho e instantaneamente lágrimas brotaram nos meus olhos. Era um vídeo onde eu e Jefferson estávamos nos beijando na sala de aula antes de eu e ela brigarmos. Ela tinha uma porra de um vídeo nosso! -Você é uma criança, garota... Eu sou uma mulher de verdade e posso satisfazê-lo da maneira que ele merece. Já você... O que tem a oferecer? -Ela riu novamente e se sentou ao meu lado, tomando o celular das minhas mãos e segurando meu queixo para que eu a olhasse -Você nunca se perguntou o que ele viu em uma garotinha feito você? Ele é um homem de trinta anos, Alicia... Homens não conseguem se manter sem querer sexo. Eles vivem para isso e é só isso que ele busca em você.
Limpei as lágrimas com as costas da mão e me levantei, ajeitando minha bolsa nos ombros.
-Eu vou fazer isso, mas não é por me sentir insegura porque eu sei que ele gosta de mim, é porque eu me preocupo com ele e não quero destruí-lo da forma que você quer. -Falei e comecei a pisar duro em direção a porta.
-Alicia -Parei, mas não me virei -Espero que não deixe claro de mais essa conversa que tivemos. Quero ser digna do amor dele. -Ela suspirou e eu, chorando feito uma criança, saí daquele inferno.

Sr. ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora