CAPÍTULO 31

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Observei cautelosa meu pai tentar controlar a respiração e relaxar um pouco, mas isso não aconteceu. Ele cerrou os punhos e contraiu a mandíbula, então passou as mãos pelos cabelos e apontou para a porta.

-Eu só vou falar uma vez que saia da minha casa. -A voz do meu pai era rude e seca. Engoli em seco e fiquei tensa ao lado de Jefferson que passou um braço pela minha cintura, como se quisesse me acalmar.

-Por favor, pai. Entenda que eu o amo, ele só...

-Não, Alicia! Para de ser burra. Não tem motivos para ele estar aqui... -Meu pai apertou os olhos e se apoiou na mesa -Tudo bem, diz um motivo. 

Jefferson se endireitou e senti sua respiração calma até demais. Ele não parecia estar forçando isso. Como ele conseguia ficar calmo em uma situação dessas enquanto nem mesmo eu conseguia?

-Além de eu amar a sua filha, pretendo me casar com ela e criar juntos o nosso filho. -Fiquei boquiaberta com a revelação dele. Jefferson queria se casar comigo? Jesus de todas as causas! Meu pai ergueu uma sobrancelha e se endireitou -Eu a amo mais do que a minha própria vida, Sr. Gomorra. Não vejo uma vida em que ela não faça parte e não esteja ao meu lado. 

-Então porque não apareceu até agora?

Jefferson fez um resumo do que o impediu de estar ali antes e meu pai ouviu cada palavra atentamente, mas não deixou a expressão carrancuda no rosto um segundo se quer. Eu também não relaxei enquanto Jefferson contava a história de quando foi preso, de sentir medo quando Mayra contou da minha gravidez, de ser perseguido e ameaçado por Fátima, de estar na cidade a um mês procurando uma forma de falar comigo... Ele até confessou que chorou quando eu disse que estava noiva e nessa parte fui obrigada a prender as lágrimas para não interrompe-lo. Quando ele terminou, meu pai estava sentado e alisava o queixo como quem precisa de uma resposta de um simulado ou algo assim. Eu estava aflita e Soraya roía as unhas. Já Jefferson permanecia fiel com o braço envolto da minha cintura e o leve aperto me mantendo perto dele. Esse era o motivo de eu ainda não estar completamente desesperada. Meu pai se levantou e chegou tão próximo de nós que eu sentia a respiração confusa dele se misturando com as nossas. Ele passou os olhos na mão de Jefferson firme em minha cintura e suspirou. Só aí sua expressão ficou suave e eu me permiti ficar um pouco mais relaxada também.

-Se você se quer pensar em abandona-la novamente eu vou até nem que seja no inferno, mas te acho e mato você. -Meu pai disse e logo em seguida sorriu -Seja bem vindo a família. -Jefferson sorriu e me soltou para apertar a mão do meu pai que estava estendida. Observei por um segundo duvidando disso tudo enquanto meu pai ria e dava um abraço de urso em Jefferson. Eu só poderia estar sonhando!

-Ai que ótimo! A janta está pronta, que tal todos nós jantarmos agora, hein? -Soraya disse e eu sorri. Jefferson me deu um beijo e ficou sentado na sala conversando com o meu pai enquanto eu e Soraya servimos a mesa. Eu nunca imaginei que isso fosse acontecer.

QUATRO MESES DEPOIS

-Anna G. Simoní! - Hoje era o dia da minha formatura e eu estava tão nervosa que era capaz de cair dura para trás. Olhei e sorri para Jefferson que segurava Bernardo no colo. Ele estava impecável em um terno escuro que realçava seus músculos. Meu pai estava logo do seu lado acenando para mim também em um terno azul marinho lindo e Soraya em um vestido vermelho deslumbrante ao lado dele, rindo de algo que alguém havia dito atrás dela. Tudo estava tão bem que eu poderia dizer que era a pessoa mais feliz do mundo. 

Sr. ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora