CAPÍTULO 14

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Depois que o diretor Willian confirmou os boatos de que abririam um novo projeto de dança liderado por uma tal de Fátima, a loira que vi conversando com ele, era a vez dela de se apresentar e foi um pouco difícil parar os murmúrios e comentários insanos em relação a loira enquanto ela lutava para achar a voz em meio a tantas outras. Não era para pouco, ela realmente era linda... Uma coisa que me chamou um pouco a atenção, mas também o interesse, foi o fato de Jefferson não estar na sala enquanto ela se apresentava. Mas não era só isso, em todo o lugar que Fátima estava, Jefferson parecia evitar estar e como se minha desconfiança já não surgisse interesse eu os peguei discutindo no corredor vazio. Nenhum dos dois me viu, mas eu sentia que precisava fazer alguma coisa, já que a situação estava ficando meio tensa ali. Antes de intervir, observei o quanto aquilo não fazia absolutamente nenhum sentido.

Apesar de eles estarem falando bem baixo, eu podia ouvir algumas coisas. Uma hora Jefferson parecia dizer que não queria ela ali naquela escola. Era como se ele estivesse irritado e talvez furioso. Em outro momento, Fátima dizia com convicção que o meu professor era só dela. Acabei deduzindo que ela poderia ser um tipo de ex-namorada perseguidora que foi deixada por Jefferson mais nunca de fato aceitou isso. Quando o ambiente fechou e o clima pareceu ter ficado ainda mais tenso a ponto de Jefferson talvez já pensar em poder agredi-la, me interferi na discussão sem nem pensar direito. Me senti uma completa intrometida na mesma hora. Mas era como se eu precisasse fazer isso naquele momento. Eu precisava saber a história de como eles chegaram a este ponto, já que eu tinha certeza de que eles se conheciam, algo dentro de mim precisava saber como.

-Com licença, am... -Gaguejei e me repreendi porque as poucas palavras que saíram da minha boca foram tão baixas e falhas.

Os dois me olharam e, diferente de Fátima que estava sorrindo tão relaxada como se a poucos segundos toda aquela discussão não tivesse acontecido, Jefferson estava a ponto de cuspir fogo.

-Posso falar... Am... Com você um minuto? É sobre as aulas. -Pedi a Fátima.

Ela arqueeou uma sobrancelha e olhou para Jefferson. Fiz o mesmo. Ele ainda estava com a expressão furiosa, mas ao mesmo tempo preocupado. Era como se ele estivesse pronto para avançar nela a qualquer momento. Sua apreensão me fez franzir a testa.

-Quero você na sala, Alicia, agora! -Ordenou ele.

Confesso que encolhi um pouco com o quanto aquele tom de voz fez meu corpo estremecer. Ele nunca havia falado assim comigo. Nem nas vezes em que me encurralou ou quanto me prendeu na parede outro dia. Eu me sentia em uma silada e a culpada era a minha curiosidade.

Fátima sorriu ainda mais, como se fosse possível, e entrelaçou seu braço ao meu de forma teatral.

-Não seja bobo, professor Jefferson. Não vamos demorar. -Sua voz era baixa e tranquila, assim como seu comportamento.

Antes que ele respondesse, Fátima começou a me puxar em direção ao pátio, para longe dele. O olhei antes de atravessar a porta e Jefferson estava parado no mesmo lugar, porém seu corpo estava mais tensionado e seus punhos estavam cerrados de forma que me fez ficar preocupada. Se ele era tão preocupado por ela estar ali, significava que eu também devia me preocupar?

Fátima desvencilhou o braço do meu e se virou para mim. O sorriso e o seu humor sarcástico foram substituídos por pura desconfiança. Seus olhos estreitaram em minha direção e suas mãos pararam em seu quadril.

-Então, o que tem as aulas? -Perguntou e eu ponderei antes de responder.

-Estou interessada... eu gosto bastante de dançar e ainda não sei  quando serão as aulas e quais os horários.

Sr. ProfessorOnde histórias criam vida. Descubra agora