31 Uma nova história

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Estou trabalhando em um livro novo. É uma ideia bem complexa, o que me coloca em risco de falhar outra vez. Mesmo assim, estou decidido a fazer isso. Vou contar como aconteceu.

Eu estava fazendo aquele meu exercício quase diário de escrever em fluxo livre de consciência por dez minutos quando um insight se cofigurou na minha mente. Eu entendi que:

- Quero escrever sobre a minha infância;

- Penso que contar a minha perspectiva infantil sobre alguns problemas que enfrentei pode ser uma forma de ajudar outras crianças a lidar com situações parecidas;

- Quero ser escritor;

- Sou capaz de realizar esse projeto;

- Sinto que devo à minha criança interior o reconhecimento e suporte emocional que não tive, o que pretendo conseguir escrevendo essa história.

De uma certa maneira, essa ideia se organizou de um modo, e eu me senti tão seguro emocionalmente falando sobre isso, que não tive mais dúvida. É isso o que eu tenho que fazer.

Então comecei a delinear o projeto. Estou desenvolvendo o enredo, os personagens, escrevi duas versões do primeiro capítulo e basicamente já tenho uma boa noção do que vou escrever.

Meu personagem (foto gerada com IA) tem dez anos de idade e está tendo que lidar com fortes cargas emocionais de uma mãe grávida com traços de depressão e um pai violento, em meio às tensões de um divórcio iminente. Parece forte demais para o público infantil, mas estou usando recursos visuais de mistério e terror e também humor para ficar suportável. A ideia é ajudar os leitores a perceber e identificar as emoções, além de inspirá-los a enfrentar as dificuldades com coragem.

Ou seja, é um projedo complexo. Mas estou focado em escrever, independente de ser perfeito ou não. Acho que a ideia é boa, me motiva e vale a tentativa.

Não é uma história autobiográfica, nem exatamente uma autoficção. Estou emprestando a minha biografia para construir a história desse personagem. Ele é, de certa forma, o eu criança que eu gostaria de proteger e cuidar. Estou curioso para saber se, ao longo desse processo, vou ter sido capaz de tratar algumas feridas da infância.

Para além disso, gostaria de dizer que estou em um momento bastante fervilhante de criatividade. A cada dia, minha lista de ideias para contos e livros aumenta. Por isso estou separando três momentos do dia para me dedicar à escrita como um todo. Um momento pela manhã, quando trabalho nesse projeto principal; um momento no meio do dia, para estudar técnicas de escrita e ler meus autores de referência para o projeto atual; e um terceiro momento, em que me dedico a outras formas de escrita, como conto, poesia, ou o que surgir.

Estou planejando fazer isso todos os dias. Até aqui estamos indo bem. Para isso, estou reduzindo outras frentes de estudo e focando no que realmente interessa atualmente, que é escrever. É isso, sou muito vida loka mesmo.

Família

Por falar em família, anteontem meu pai me ligou para perguntar qual é o tipo de porta do meu apartamento. Parece viagem, mas é que ele está construindo uma casa e está tentando descobrir se existem materiais mais modernos do que os que ele já conhece.

Meu pai está com pouco mais de setenta anos. Tem alguns problemas complexos de saúde e isso tem feito com que ele se sinta bastante desmotivado. Apesar de entender que ele realmente precise encontrar um modelo de porta eficiente para a necessidade atual da sua obra, é estranho ele me ligar. Minha irmã e meu cunhado são arquitetos, eles seriam as pessoas mais indicadas para orientar nesse assunto.

Fiquei um pouco preocupado e resolvi ir à casa dele ontem à tarde, já que era feriado. Acabou que a visita foi ótima, meu pai bem, apesar das preocupações novas e recentes com a saúde.

Não tem como passar ileso das mudanças que estão acontecendo com ele. Eu fico tentando entender como me sinto. Passei toda a minha vida achando meu pai terrível. Agora ele se apresenta tão comum, frágil e humano. Parece que eu vou ter que reelaborar o que penso e como me sinto sobre ele nessa nova fase da sua vida.

Clima

Aqui em Forks continua nublado e chuvoso. Esse clima me incomoda tanto que uma vez escrevi uma história que se passava inteira dentro do nevoeiro. Tenho vontade de reescrever essa história. A verdade é que no background da minha mente estou sempre desenvolvendo algum aspecto da trama, mas principalmente da protagonista, que representa um lado muito enigmático meu. Sei que em algum momento, quando estiver maduro o suficiente para isso, vou reescrever essa história como ela precisa ser contada.

Fim das atualizações. Obrigado por ler :)

Até breve!

Como ser normal sendo superdotado - DiárioWhere stories live. Discover now