28 O ladrão de memórias e outras atualizações

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Hoje vai ser um texto aleatório, simplesmente porque a minha mente está completamente aleatrória. Prova disso é o título do post de hoje, que é uma referência a um amigo do tempo da faculdade que roubou um pacote de fotografias quando voltou para a casa dos seus pais em outro estado.

Eu conheci o Mateus (nome fictício) quando estava no período de férias antes de iniciar o terceiro semestre da faculdade de psicologia. Vale lembrar que sou originalmente de uma cidade de interior na serra do Rio. Eu e uma amiga de infância entramos juntos para a mesma universidade, embora cursos diferentes. A mãe dela tinha uma amiga que morava em uma casa perto da faculdade. Era uma dessas casas antigas, com uma casinha menor abaixo do andar principal, tipo uma casa de porão - não sei se tem um nome para esse tipo de casa.

Passei o primeiro semestre com essa amiga nessa casa, mas foi o caos. Ela era extremamente controladora. Ela queria tudo tão do jeito dela, que chegou a criar (sem consultar a minha opinião) listas com os "10 mandamentos" de cada cômodo, para garantir que eu sempre deixaria tudo como ela queria.

Justamente essa minha amiga, tão perfeita, acabou roubando o namorado de outra amiga nossa. Essa outra amiga estava muito ferrada de grana, tanto que acabou pedindo abrigo à gente durante um tempo. Foi quando conhecemos o namorado dela. E foi quando minha amiga começou a criar situações para ficar a sós com ele quando ela não estava. Trairagem de todo lado.

Ao final do semestre, fui surpreendido com a notícia de que a proprietária havia pedido a casa. Acho que ela não estava gostando de ter tanta gente circulando pelo quintal. Minha amiga acabou indo morar com o seu namorado roubado em um apartamento perto dali. E eu fiquei sem teto.

No início do semestre seguinte, enquanto procurava um lugar para ficar, acabei descendo e subindo a serra todos os dias. Era exaustivo. Eu acordava às 4h da madruga e chegava do Rio por volta das 22h. Até que finalmente encontrei um anúncio, no mural da faculdade, de um quarto para alugar bem em frente ao campus. Era a solução mais perfeita. Bastava atravessar a rua para chegar à faculdade.

Liguei, marquei uma visita e foi um novo ciclo de caos na minha vida. A começar pelo fato de que eu havia alugado um quarto, mas quando levei minhas coisas, a proprietária disse que o único espaço disponível era o quarto de serviço - um cubículo minúsculo cuja janela dava para a área de serviço, onde os três cocker spaniels dela faziam suas necessidades.

Eu tinha imaginado que o apartamento tinha dois quartos E um quartinho de serviço. Mas a verdade é que só depois de me mudar descobri que tinha  apenas um quarto - o que eu supostamente tinha alugado. Acontece que quem estava no quarto era uma insraelense que estava de férias no Rio passando o rodo na mulherada. 

E onde a proprietária dormia? Acredite se puder: no sofá da sala, junto com seus cães fofos, porém fedidinhos.

Quando Ethel, a israelense, finalmente foi embora, a proprietária me transferiu para o quarto. Então achei que ela ia ocupar o quarto de serviço e finalmente teríamos um pouco de normalidade na casa, mas não foi o que ocorreu. Ela sublocou o quartinho para uma sobrinha muito louca, que estava sempre bebendo e fumando e fugindo da vizinha - de quem tinha pegado dinheiro emprestado, mas nunca tinha como pagar. Presenciei algumas cenas de vaudeville com elas, com a vizinha esmurrando a porta perguntando se a Ingrid estava, quando eu abria ela invadia o apartamento enquanto a tal Ingrid ia se escondendo pelos cômodos, pulando a janela do quartinho para a área de serviço, saindo pela cozinha e porta afora. Era hilário e tenso ao mesmo tempo.

Então, no final do semestre, eu fui visitar uma amiga em Laranjeiras. Essa amiga dividia o apartamento com uma estudante de teatro. E essa estudante de teatro disse que tinha uns amigos estudantes de teatro que estavam procurando mais uma pessoa para dividir um apartamento. 

Como ser normal sendo superdotado - DiárioWhere stories live. Discover now