Depois de mais de um mês capengando nas minhas atividades físicas, hoje finalmente acordei cedo e fui à academia. Na sequência, fiz uma caminhada intensa de quarenta minutos até a minha casa. Espero com isso retomar o ritmo, considerando que não me sinto tão disposto e feliz quando estou sedentário.
O trem saiu do trilho, em parte, porque meu marido teve um problema de saúde que não é grave, mas o tirou de combate por algumas semanas. Ainda não está cem por cento. De algum jeito, eu acabo me colocando muito à disposição dele, seja para ajudar realmente (o que ele neme stá precisando tanto), seja para dar apoio emocional (o que ele realmente tem me demandado).
Mas esse período foi bom. Assim como ter dado uma pausa na minha análise. Acho que ter mexido na rotina me ajudou a mudar um pouco de perspectiva sobre algumas questões. Especificamente em relação à análise, estou testando como me saio sem o suporte da minha analista. Esse não era o objetivo inicial quando pedi uma pausa, mas acabou sendo o que me motivou a querer estender esse intervalo, de fato, até o final do ano e, talvez, início de janeiro.
Por exemplo, estou vendo que estou me repetindo em relação ao trabalho. Você sabe (acho que já mencionei nesse diário), que tenho duas profissões. Eu divido o meu tempo entre a psicologia e a comunicação. A psicologia foi uma decisão recente, eu estava havia anos sem atender.
Decidi voltar para a psicologia, em parte, porque eu não queria depender exclusivamente do trabalho em comunicação, por diversas questões minhas com essa área de atuação e também com a empresa onde trabalho. Achei que a psicologia me daria meios de explorar mais a criatividade, me traria desafios intelectuais e poderia resultar em alguma satisfação pessoal por ajudar pessoas a lidar com seus sofrimentos.
Desde que comecei a atender, passei a lidar com alguns conflitos meus com a psicologia. Bom, nesse ponto você já deve estar pensando que tenho muitos conflitos com tudo. E é verdade. Tenho conflitos com a psicologia, e então me pego novamente com necessidade urgente de escrever. E esse é o ponto a que eu queria chegar.
Por que esse desejo de escrever ressurge de tempos em tempos?
Eu sempre penso na escrita como a realização máxima a que eu poderia chegar na vida. Como se eu tivesse sido inteiramente concebido para me tornar escritor. No entanto, sou movido pela curiosidade, acabo me interessando por muitas coisas diferentes. E também tenho crenças acerca das atividades artísticas como sendo coisa de sonhadores. Na vida real a gente tem que trabalhar "de verdade". Por isso acabei preferindo me deidicar, inicialmente, à psicologia, depois à comunicação. E, desde então, venho pulando de uma carreira para a outra.
No final das contas, acabei desenvolvendo "mais ou menos" duas carreiras. Sempre posso ir para um lado ou para o outro. Mas sempre me sinto como se a única coisa realmente importante é aquela que eu não estou fazendo, que é escrever.
Bem, até agora. Porque estou de fato me condicionando a escrever. Escrever realmente. Não um texto que eu imagine que deva ser escrito, mas tudo aquilo que eu realmente preciso escrever. Estou me desafiando a realizar isso que fica retornando como um desejo irrealizável. Mas não quero que seja irrealizável. Porque sinto que não dá mais para esperar. Não posso mais esperar o momento perfeito, a conjunção dos astros que vai guiar as minhas mãos para a criação das histórias perfeitas.
Estou dizendo isso porque sinto que há um caráter de urgência nisso tudo. Um desejo de escrever como se não houvesse amanhã. Então está sendo um processo muito intenso tocar esses bois para a frente sem deixar nenhum para trás. A comunicação, a psicologia e a literatura. Essa é a tríade que me sustenta nesse momento. Estou feliz por não ter que abrir mão de nenhuma dessas forças. Também estou feliz por não ser obrigado a escolher uma coisa ou outra.
Eu gostaria de descrever em mais detalhes tudo o que está em jogo nesse momento de transição. Mas vou destacar o ponto principal: descobrir a superdotação, que tem me ajudado a superar a baixa autoestima crônica, servindo de suporte para que eu acredite que sou realmente capaz de fazer essas coisas que no fundo sempre me acreditei capaz, embora me considerasse incapaz. Outras questões s eligam à superdotação, como o meu perfeccionismo, que sempre foi paralisante e agora me vejo conseguindo administrá-lo.
É isso, breve boletim informativo do mundo da minha mente.
Bjs, até a próxima.
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Como ser normal sendo superdotado - Diário
Non-FictionParecia que eu já tinha conseguido vencer na vida. Afinal, eu meio que tinha descoberto como ser normal sendo gay. Mas é como dizem, quando você encontra uma resposta, vem a vida e muda todas as perguntas. E foi isso o que aconteceu quando descobri...