Capítulo 15

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Na manhã seguinte, acordei com o som insistente das notificações no meu celular.
Pisquei algumas vezes, tentando espantar o sono, e alcancei o telefone na cabeceira. A tela estava cheia de mensagens novas.

Quando vi que todas eram de Giovanna, senti um frio na espinha. As mensagens eram curtas e diretas, praticamente me atropelando com instruções.

"Vai ter um novo funcionário no escritório hoje. Ele vai te ajudar."
"Quero você bem vestida."
"Temos um almoço com os acionistas ao meio-dia. Não se atrase."

Cada mensagem parecia mais fria e impessoal que a anterior, sem nenhum resquício da conversa emocional da noite anterior. Não havia saudação, nenhum "bom dia", nem uma palavra a mais do que o necessário. Era como se toda a raiva e ciúme que ela sentira tivesse se transformado em uma barreira impenetrável .

Suspirei, sentindo uma mistura de culpa e frustração. Sabia que as coisas não iam ser fáceis hoje, mas a forma como Giovanna estava lidando com isso me deixou mais nervosa do que eu queria admitir.

Levantei-me da cama com um suspiro, sentindo o peso do dia que estava por vir. Fui direto ao banheiro, tentando não deixar os pensamentos sobre Giovanna me distrair.
Enquanto escovava os dentes e lavava o rosto, a mente ainda rodava nas mensagens frias que recebi mais cedo.

Voltei para o quarto e comecei a vasculhar o armário, sabendo que a escolha da roupa hoje precisava ser impecável. Não era apenas um dia qualquer. Era um dia em que eu precisava mostrar profissionalismo e confiança, mesmo que por dentro eu estivesse uma bagunça.

Depois de alguns minutos, decidi por um terno completo preto, de corte elegante e bem ajustado. O tecido caía perfeitamente, dando um ar de sofisticação que eu sabia que Giovanna esperava.

Fechei o paletó, prendendo o botão na cintura, e acrescentei um pequeno broche prateado, discreto, mas que trazia um toque de personalidade ao conjunto. Deixei o cabelo presos e bem alinhado, apenas com algumas ondas suaves na frente. Os sapatos pretos de salto baixo completavam o look

Assim que terminei de me vestir, o celular vibrou novamente. Outra mensagem de Giovanna "Vou mandar um carro te buscar. Esteja pronta e no horário."

Ela não deu nem tempo para eu responder, o que deixava claro que aquela não era uma simples gentileza. Era mais uma maneira de garantir que eu estivesse onde ela queria, quando ela queria, sem margem para erros. Verifiquei o relógio e percebi que tinha menos de uma hora até o carro chegar.

Respirei fundo, ajeitando o terno uma última vez no espelho. Se Giovanna queria que eu estivesse impecável e pontual, era exatamente assim que eu ia aparecer. Não havia espaço para hesitações. Hoje, eu seria tudo o que ela esperava.

O carro chegou em instantes, e eu mal tive tempo de preparar algo para comer. Fred, o motorista conhecido, estava à minha espera.
Ele era um homem de estatura média, com cabelos grisalhos bem aparados e um olhar que transmitia sabedoria e simpatia. Seu sorriso acolhedor era um conforto, mesmo em um dia tão carregado de tensão.

— Bom dia, Fred - disse, tentando manter a voz leve

— Bom dia, pequena - respondeu ele, com um tom amigável. — Dia importante hoje, né?

— Sim... vai ser um almoço com os acionistas, certo? - perguntei, tentando confirmar o que sabia.

— Não exatamente, minha pequena - Fred respondeu, com um olhar que misturava curiosidade e uma leveza que parecia esconder algo mais. — Foi isso que a patroa te disse?

— Foi sim, senhor Fred. - Respondi, um pouco desconcertada com a resposta vaga.

— Bem, o que a Giovanna não te contou é que a família Torres vai estar lá também. Eles aparecem uma vez a cada seis meses para ver se a Giovanna está gerindo tudo de maneira correta. — Fred explicou, com um tom que parecia mais informativo do que crítico.

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