Capítulo 21

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~MAYA MANOELLA TORRES~

Naquela manhã, depois de passar horas tentando trabalhar de home office, frustrada por não receber nenhuma tarefa, decidi explorar a casa. Era uma mansão imponente, cada cômodo parecia ter saído de uma revista de decoração. Salas amplas, com janelas enormes que deixavam a luz natural invadir, sofás elegantes, quadros abstratos nas paredes e um silêncio quase reverente, como se cada peça estivesse no seu lugar perfeito.

A cozinha era moderna, com eletrodomésticos de última geração, tudo em aço escovado e mármore. Ao lado, uma sala de jantar com uma mesa imensa de madeira escura e cadeiras estofadas, perfeitas para receber convidados importantes, embora, naquele momento, estivessem vazias.

No segundo andar, os quartos eram verdadeiros refúgios de luxo. O meu, que mal comecei a me acostumar, tinha uma cama king size com lençóis de linho, um closet que parecia não ter fim, e um banheiro com uma banheira de mármore e uma vista para o jardim. A sensação de
opulência em cada detalhe só aumentava meu desconforto, me fazendo sentir ainda mais deslocada.

Depois de andar por todos os cômodos, decidi descer até a garagem. Lá, além dos carros luxuosos, notei uma bicicleta encostada na parede. Decidi que um pouco de ar fresco me faria bem. Voltei ao quarto, tomei um banho rápido e me vesti com um short e um top preto da Nike.

Prendi o cabelo em um coque, coloquei os fones de ouvido e saí para dar uma volta pelo condomínio.
O condomínio era enorme, com ruas largas e arborizadas, cercado por casas tão luxuosas quanto a da Giovanna. Conforme pedalava, sentia o vento bater no rosto,
tentando, sem muito sucesso, clarear meus pensamentos. Estava tão distraída que acabei batendo em outra bicicleta que vinha na direção contrária.

— Ei, cuidado, moça! - Uma voz masculina me trouxe de volta à realidade. Olhei para cima e encontrei o dono da voz.

Ele era um homem alto, com olhos puxados e profundos, quase hipnotizantes. Seus cabelos pretos contrastavam com sua pele clara, e sua boca carnuda se curvou em um meio sorriso, enquanto ele me olhava com uma mistura de surpresa e diversão.

— Desculpa, eu... eu estava distraída. - Murmurei, tentando recompor meu equilíbrio e minha dignidade ao mesmo tempo.

— Percebi - Ele respondeu, ainda sorrindo. - Mas tudo bem, acidentes acontecem.

— Sou Maya, e você? - Falei, tentando desviar o assunto da minha falta de atenção.

— Joaquim. — Ele estendeu a mão para mim, que eu aceitei, sentindo o toque firme e quente.

— Você mora aqui no condomínio? — Perguntei, tentando puxar conversa.

— Sim, faz um tempo. E você, é nova por aqui? - Ele perguntou, me observando com curiosidade.

— Pode-se dizer que sim. Me mudei recentemente. - Respondi, sem entrar em detalhes, tentando manter a conversa leve.

— Bom, se precisar de alguma coisa, é só avisar. O condomínio é grande, mas nos esbarramos por aí. - Ele piscou, antes de começar a pedalar de novo.

— Vou lembrar disso. - Sorri de volta, aliviada por ele não ter insistido em maiores detalhes.

Enquanto continuava a pedalar pelo condomínio, não conseguia deixar de pensar no que tinha acabado de acontecer. Conhecer alguém ali, naquele contexto tão fora do comum, era estranho, mas talvez fosse um sinal de que as coisas não precisavam ser tão solitárias.

Depois do encontro inesperado com Joaquim, voltei para casa com a mente ainda cheia de pensamentos desconexos. A primeira coisa que fiz foi ir direto tomar um banho, tentando lavar junto com a água o peso dos últimos acontecimentos.

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