Capítulo 31

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~MAYA MANOELLA TORRES~

O silêncio da sala era insuportável. Apenas o gotejar de uma torneira quebrada no canto da sala fazia companhia à minha respiração pesada. Meu corpo tremia de exaustão, os olhos ardiam de tanto lutar contra o sono.

A sujeira do chão grudava nas minhas roupas rasgadas, o cheiro de mofo impregnando minhas narinas. Estava sem comer, sem dormir... horas, dias talvez. Perdi a noção de tempo.

Quando meus olhos finalmente começavam a ceder, um estalo cruel ecoou pela sala, e eu estremeci, sabendo o que vinha a seguir. Xavier entrou, os passos lentos e calculados, com um sorriso frio dançando nos lábios. Ele gostava de me ver nessa condição, quebrada, à beira do desespero.

— Vai desistir, May? - Ele se agachou na minha frente, o olhar penetrante. — Não vai demorar muito para você perceber que está lutando contra o inevitável.

Eu tentei erguer a cabeça, manter a dignidade, mas a dor e o cansaço pesavam sobre mim. Xavier sabia o efeito que causava. Ele gostava disso.

— Ela vai vir por você, não vai? — Ele riu, o som baixo e cruel.— Giovanna... tão orgulhosa, tão invencível. Quero ver o que ela vai fazer quando souber que perdeu.

Antes que eu pudesse responder, Ygor entrou na sala, trazendo consigo um ar ainda mais pesado. O sorriso predatório no rosto dele era o que me dava pesadelos.
Ele se aproximou lentamente, observando cada movimento meu, saboreando o medo.

— Parece que está na hora da diversão, não acha? - disse Ygor, a voz carregada de malícia. Ele se ajoelhou ao meu lado, segurando meu rosto com força, me forçando a olhar para ele. Meu coração batia freneticamente, e eu podia sentir o terror crescendo em cada célula do meu corpo.

— Não... - Minha voz saiu rouca, fraca

— Ah, vamos lá... — Ygor sussurrou, os dedos frios escorregando pelo meu braço.

— Vai ser divertido.... pelo menos para mim.
Ele estava prestes a fazer algo pior, algo impensável, quando o som de um telefone interrompeu o momento A vibração ecoou pela sala escura, e por um breve momento, Ygor parou, seus olhos indo até o aparelho no bolso dele. Ele olhou para o visor, um brilho de satisfação iluminando seu rosto.

— Ora, ora... — Ele se levantou devagar, atendendo a ligação com um sorriso. — Parece que sua heroína ligou.

Meu coração parou. Giovanna...

— Giovanna... - sussurrei, a esperança despontando, mesmo que por um segundo.
Ygor colocou o celular no ouvido, a expressão sombria.

— Se quiser essa vadia viva, vai me dar um bilhão de dólares. Nada menos. - Ele fez uma pausa, ouvindo do outro lado da linha.

Assim que Ygor desligou o telefone, o silêncio que se seguiu foi ainda mais assustador. Eu sabia que Giovanna faria de tudo para me salvar, mas vinte e quatro horas? Eu não tinha certeza se sobreviveria a mais um minuto naquela sala escura, imunda e sufocante.

Foi quando um som ensurdecedor tomou conta do espaço. Antes que eu pudesse reagir, uma explosão violenta sacudiu o prédio. Meu corpo foi jogado contra a parede com força, e o impacto fez tudo ao meu redor girar.

Ouvi um zumbido agudo no meu ouvido enquanto o chão tremia sob meus pés, e a sala foi tomada por uma nuvem espessa de poeira e destroços. Minha visão estava embaçada, mas através da poeira, uma silhueta emergiu. Meu coração disparou. Giovanna.

Eu nunca a tinha visto assim antes. Ela estava diferente, perigosa. Vestida toda de preto, com armas presas ao corpo, parecia uma versão sombria e mortal da mulher que eu conhecia. Seus olhos, normalmente tão controlados, agora estavam ferozes, consumidos por uma fúria incontrolável.

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