Capítulo 27

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~MAYA MANOELLA TORRES~

O ar frio da noite soprava forte quando a roda gigante parou no alto. As luzes da cidade piscavam como estrelas no chão, mas tudo o que eu conseguia sentir era a presença opressora de Joaquim ao meu lado.

Quando a máquina finalmente começou a se mover de novo, eu mal esperei a cabine se aproximar do solo para saltar, sentindo meu coração bater como um tambor descontrolado. Desci rapidamente, tentando me misturar na multidão do parque de diversões.

O cheiro de pipoca e algodão doce contrastava violentamente com o medo que me consumia. Meus passos eram rápidos e descoordenados, a adrenalina pulsando em minhas veias.

— Qual é, Manoella, tá achando que agora fui eu que matei a imprestável da Clarice?
— A voz de Joaquim me alcançou, gelando meu sangue. Me virei e o vi sorrir, um sorriso que não tinha nada de humor. — Aquela ali não servia nem pra morrer.

— Você é maluco!! - Gritei, minha voz trêmula, ecoando entre as barracas de jogos e brinquedos.

—Não... eu não. Já a Giovanna, a mulher com quem você casou, com toda certeza é. - Ele avançou em minha direção, seus olhos brilhando com uma mistura de prazer e loucura. — Deveria ter cuidado com a pessoa que mora no mesmo teto que você, Manoella Torres!

— O que você sabe sobre ela? —
Perguntei, minha voz quase um sussurro enquanto lágrimas ameaçavam cair. Meu peito subia e descia rapidamente, minha respiração um esforço doloroso. Joaquim e aproximou ainda mais, seu rosto tão próximo que podia sentir seu hálito quente contra meu ouvido.

— Sei que... - Ele parou, prolongando o momento. - Com aquela, nem o diabo brinca porque ele sabe que vai perder. — Ele se afastou, observando minha expressão de puro terror. — Mas eu amo brincar com o perigo.

O parque parecia fechar-se ao nosso redor, as luzes agora pareciam menos festivas e mais sinistras, lançando sombras que dançavam em volta de nós.

As risadas e gritos de alegria das crianças e famílias ao redor se tornaram distantes, como se estivéssemos em um mundo à parte, isolados pelo nosso confronto.
Eu podia sentir meu corpo tremendo, cada músculo em alerta. A brisa fria não ajudava, fazendo com que minha pele se arrepiasse ainda mais. As lágrimas finalmente caíram, escorrendo quentes pelo meu rosto.

— Por que está me dizendo isso? - Consegui perguntar, minha voz falhando.

— Porque, Manoella, é divertido ver você assim, apavorada, vulnerável. - Joaquim deu um passo atrás, o sorriso nunca desaparecendo de seu rosto. — E porque talvez eu goste de ver até onde você consegue aguentar antes de quebrar.

Sem pensar, me virei e corri, a escuridão e
as luzes piscando criando um labirinto em minha mente. As palavras de Joaquim ecoavam em minha cabeça, e a imagem de Giovanna, a mulher com quem eu estava casada, se tornava cada vez mais confusa e aterrorizante.

Ela era realmente tudo isso que Joaquim dizia? Ou ele estava apenas jogando um jogo doentio? Minhas pernas doíam e meu peito ardia, mas eu continuei correndo, tentando escapar não apenas de Joaquim, mas dos pensamentos e medos que ele havia plantado em mim.

Sabia que, de alguma forma, precisaria enfrentar isso. Precisaria confrontar Giovanna e descobrir a verdade, por mais aterradora que fosse. Me sentei em um canto escondido, longe de todos, minha respiração acelerada e descompassada. Minhas mãos tremiam incontrolavelmente, e meus dedos estavam dormentes, como se estivessem distantes do meu corpo. Minhas pernas pareciam de chumbo, incapazes de me sustentar.

O mundo ao meu redor parecia girar, as luzes do parque distorcidas em manchas brilhantes e irreconhecíveis. Meus ouvidos zumbiam, abafando os sons do riso e da música que vinham dos brinquedos e barracas de comida. Cada som parecia distante, como se estivesse submersa em água

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