Aqui escrevemos pequenas e incontinuas histórias envolvendo o adolescente pobre JJ Maybank, morador de uma ilha, que põe sua vida em risco junto ao seu grupo de amigos em busca de ouro. Há aqui somente um pequeno diferencial: você existe.
(Pedidos f...
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Você e JJ estavam sentados no chão da rua. Era noite e garoava um pouco. Os dois estavam se recuperando dos últimos goles de álcool que haviam tomado na festa. Vocês não tinham dinheiro, não tinham bateria e não sabiam onde estavam. Essas eram as melhores noites.
Sem ter opções, os dois decidiram ficar na calçada enquanto esperavam alguma alma bondosa conceder uma carona.
— Já pensou como seria se a gente não tivesse que correr atrás de ouro?
Você surgiu com a pergunta de repente, sem nem tentar aquecer o assunto antes.
— Eu sonho com isso as vezes. — ele admitiu puxando um cigarro do bolso enquanto procurava o isqueiro. — É divertido mas cansa.
Você entregou o seu isqueiro pra ele, vendo ele ficar feliz.
— O que você faria se nós tivessemos a sorte de nascer como Kooks? — já que não tinha nada pra fazer, por que não conversar? E sinceramente, a situação que vocês estavam te fazia pensar justamente nesse assunto.
— Eu pediria um táxi. — vocês riram.
— É sério, J. O que você faria se você simplesmente tivesse nascido em um berço de ouro como aqueles babacas?
— Uau, é uma pergunta boa! — ele pensou um pouco, encostando as costas na parede gelada. — Depende. — ver ele tão concentrado em responder era legal. — Acho que agora, durante a adolescência eu faria a exata mesma coisa que os Kooks fazem. Falar merda, ir pra festas, me drogar.
— Você já faz isso.
JJ revirou os olhos, puxando gentilmente a sua cabeça pra descansar no ombro dele.
— Sim, mas eu ia fazer isso sem medo de ser demitido por causa de uma ressaca fudida no dia seguinte. — é, faz sentido. — Sem medo de ser preso voltando pra casa. — JJ continuou. — Sem medo de gastar mais do que eu tenho.
E então, o assunto que deveria servir para entreter começou a ficar um pouco mais pesado.
— Ok, e sobre os sonhos reais?
— Sonhos reais? — ele franziu as sombrancelhas. — Não sei. O que são sonhos reais pra você?
— Não sei também. — você se colocou pra pensar em todas as coisas que já teve vontade de fazer. — Acho que eu gostaria de tanta coisa. Não só eu sei que eu não posso, como eu sei que, se eu pudesse, eu não teria tempo pra nada disso.
De certa forma, JJ sempre odiava esse tipo de assunto. Fazia ele lembrar que você, a pessoa mais gentil que ele conhece, provavelmente nunca iria realizar seus sonhos, e nem era sua culpa.
— Eu iria comprar um navio pirata.
A fala dele fez seu peito se aquecer. Você não tem dúvidas de que ele realmente faria isso.
— É uma boa! Eu iria virar fotógrafa. — a sua confissão supreendeu JJ. Ele não sabia dessa. — E atriz. — de novo, mais um sonho que você nunca comentou. — E bailarina.
Caraca. Quantas coisas você queria ser?
Todas. Mas não tinha como.
— Eu iria passar um mês inteiro na praia.
Imaginando isso, os músculos dele automaticamente se relaxaram.
— A gente passa o mês inteiro na praia. — você pontuou.
— Trabalhando.
— É, você tem um ponto. — JJ sorrriu de canto com a sua fala. Ele adorava "ter pontos". — Eu tentaria aprender todas as línguas do mundo.
— Isso parece chato pra caralho. — ele deu mais um trago antes de responder.
— Eu tenho quase certeza de que você tentaria jogar todos os jogos do mundo. — você acusou.
— Sim, mas isso é divertido pra caralho.
Os braços de JJ aqueciam você. Ele assoprava a fumaça para o outro lado, não querendo prejudicar você por conta de um vício que era dele.
— Você acha que seríamos mais felizes se fossemos Kooks?
A sua voz saiu genuinamente curiosa. Era o tipo de pergunta que você se fazia ao menos uma vez ao dia.
— Você ainda pergunta?
— É que na maioria das vezes eles parecem estar irritados com alguma merda. Eles tem tudo. Eu não entendo.
A frustração na sua voz era visível. E de certa forma isso frustrava JJ também. Ele queria que você tivesse uma chance. Ele queria poder ver você trabalhando com algo que você ama, mesmo que fosse longe da ilha. Ele gostaria de ver você feliz com a vida. Mesmo se ele não estivesse.
— Eles não percebem a sorte que tem.
— Eu tenho medo de não estar percebendo a sorte que eu tenho. — você confessou com um toque de desespero na voz. — Tipo, a gente não tem nada. Mas tem pessoas que faria loucuras para ter uma amizade como a dos Pogues.
Fato.
— Tem gente que faria loucuras pra não ter medo de ver os próprios amigos morrendo qualquer dia desses. — quando JJ falava assim, você lembrava que ele também já foi um garotinho. Que ele também já ficou se questionando porque a vida era diferente paras as outras crianças.
— Agora você tem dois pontos.
O silêncio sempre vinha e sempre ia embora. Como se vocês fossem fisicamente incapazes de não conversar.
— Na nossa próxima vida você acha que vai ser diferente? — você olhou para JJ, um sorriso cansado no seu rosto.
— Sim. Eu acho que vai ser como o karma. — ele riu de leve. — Os Pogues vão nascer no Figure 8 e os Kooks vão nascer no The Cut.
— Isso seria cinema.
— E nós comprariamos todos os doces.
— Doces? Eu acho que você se afundaria em cervejas.
— Sim, mas você gosta de doces. Então nós compraríamos todos os doces. — ouvindo isso, um sorriso cresceu de ponta a ponta. — Fala aí, amor! Chocolate, bombom, sorvete.