Quebrando tudo

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Entrei em casa e bati a porta com tudo. FODA-SE!

Corri pro meu quarto e do mesmo jeito, bati a porta com força outra vez.

Me sentei na ponta da cama e me curvei, agarrando nos meus cabelos.

PORRA!

Me levantei e comecei a andar de um lado para o outro. Vi o espelho e andei até ele, me vendo no mesmo.

Eu não quero mais me ver. Eu me pareço muito com ela.

Não quero que aquela mulher continue estragando a minha vida, mesmo que esteja morta. Sinto que é ela. É ela que faz tudo de mal acontecer comigo!

Que merda.

Andei de um lado para o outro mais uma vez. Por que eu tinha que ter ido no mercado com aquele imbecil?

E pensar que havia uma flor de esperança crescendo entre a gente.

QUE BURRA QUE EU SOU!

ANGELL.

BURRA!

Vi um pente de madeira no criado-mudo. Andei apressadamente até ele, agarrei no mesmo e arremessei com tudo no espelho da penteadeira, que se quebrou em mil pedaços.

Arrastei a penteadeira até à frente da porta e comecei a bagunça-la, jogando todos os objetos pelo quarto. Peguei um vaso de plantas e atirei contra a parede, que também se quebrou e fez um barulho do caralho.

Baguncei a minha cama e rasguei a fronha dos travesseiros.

Quebrei a gaveta do criado-mudo e atirei-a contra o espelho do guarda-roupas. Abri o meu armário e atirei as roupas para fora do mesmo. Rasguei algumas e joguei outras pela janela do quarto.

Procurei a foto que eu guardava por toda a minha vida. Assim que achei ela, olhei com lágrimas nos olhos, ao ver uma criança de olhos azuis abraçada com a sua mãe, que tinha os mesmos olhos que os olhos da sua pequena. Ambas pareciam bem felizes. Só pareciam.

Rasguei a foto no meio e joguei no chão.

Andei até o canto do quarto e deixei o meu corpo cair no chão. Me encostei na parede e apoiei os braços em cima dos meus joelhos, começando a chorar.

- Angell?! - ouvi alguém gritando do lado de fora do quarto - Que merda está acontecendo aí? - a voz gritou, agora tentando abrir a porta.

- Eu só quero ficar sozinha - sussurrei, com soluços frequentes.

Eu não quero ninguém aqui. Preciso de um tempo...

Eu só quero ficar sozinha com a minha escuridão.

- Porra, Angell! - ele gritou - Abre essa porta! Você está me deixando preocupado! - gritou outra vez - Me responde! - berrou.

O choro foi aumentando a cada segundo e a raiva também.

Um silêncio reinou no local, agora os gritos da pessoa, pararam. Só os meus soluços eram audíveis.

Once Again - (Angell)Onde histórias criam vida. Descubra agora