Revelações e Recomeços.

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Naquela manhã, eu acordei com a mente ainda confusa pelos acontecimentos da noite anterior. Hinata não estava facilitando minha vida. Desde o beijo que compartilhamos, ele vinha me provocando de todas as formas possíveis – toques sutis quando passava por mim, olhares demorados, sorrisos que me desarmavam completamente. Era impossível ignorar.

Mas, ao mesmo tempo, algo dentro de mim ainda pesava. Adrian. Desde a sua confissão, ele simplesmente desapareceu. Nenhuma mensagem, nenhuma tentativa de contato. Eu não sabia se isso era um alívio ou se deveria me preocupar. Apesar de tudo, Adrian sempre foi um amigo leal. Seu silêncio parecia estranho, quase preocupante.

Mas eu não podia me distrair com isso agora. Hoje era o último dia de treino antes da grande competição. Karasuno contra Nekoma. A partida definitiva, aquela que decidiria o verdadeiro vencedor depois de anos de rivalidade. Meu coração já estava acelerado só de pensar.

No ginásio, todos estavam reunidos, a energia era elétrica. O time Karasuno, depois de tanto tempo sem jogar junto, parecia mais determinado do que nunca. Daichi comandava tudo com sua seriedade de sempre, Sugawara incentivava todos com palavras motivadoras, Tanaka e Nishinoya estavam ainda mais barulhentos e cheios de energia. Kageyama, como sempre, se concentrava em cada detalhe tático, trocando olhares intensos com Hinata, relembrando a antiga conexão que os tornava imparáveis na quadra.

Hinata, por sua vez, não estava apenas focado no treino – ele estava focado em mim também. Cada vez que se aproximava, ele encontrava um jeito de me distrair, fosse com um comentário sussurrado no meu ouvido, um toque rápido quando passávamos um pelo outro ou aquele sorriso que me fazia revirar os olhos, mas que, no fundo, eu adorava.

– Você tá concentrada, Hana? – Ele perguntou, se inclinando levemente para perto de mim enquanto pegava uma bola.

Eu fingi não me abalar, respirando fundo antes de responder:

— Mais do que você, pelo visto.

Ele riu, me lançando um olhar desafiador.

– Então vamos ver quem vai se sair melhor no jogo de hoje.

O treino começou intenso, como se já estivéssemos na competição. As jogadas eram rápidas, os bloqueios cada vez mais fortes, e cada ponto disputado parecia um teste de resistência. Eu me sentia viva naquela quadra, como se todos os problemas e distrações do lado de fora desaparecessem por um momento.

Mas, entre os pontos e as jogadas, não pude deixar de notar que Hinata estava jogando diferente. Mais explosivo, mais determinado. Como se quisesse provar algo – para mim.

E eu sabia que, no fundo, ele queria.

Afinal, essa não era apenas uma partida entre times rivais. Era uma batalha entre passado e presente. E, de alguma forma, eu e Hinata também tínhamos nossa própria disputa para resolver.

O peso da dúvida ainda me acompanhava. Hinata e Yachi. Eles supostamente tinham terminado, mas ainda conversavam, ainda tinham algo não resolvido. E eu me recusava a ser a segunda opção ou um momento de distração. Ou ele colocava um ponto final nisso, ou eu colocava um ponto final nele.

Eu respirei fundo e tentei afastar esses pensamentos enquanto me aquecia para o treino. O Karasuno estava pegando ritmo novamente, e meu papel como líbero nunca foi tão importante. Minha defesa estava cada vez melhor, meus reflexos afiados. Eu queria estar preparada para qualquer ataque, tanto dentro quanto fora da quadra.

Durante o treino, os ataques de Hinata estavam mais rápidos e letais, mas eu estava determinada a não deixar passar nada. Se ele queria chamar minha atenção, ia ter que lutar para isso.

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