Aconchego Familiar.

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Me olhei no espelho uma última vez, passando o pente devagar pelo cabelo molhado. O pijama que vestia era confortável, mas mesmo assim não me fazia sentir melhor. A tinta já havia saído com o banho, mas a sensação de humilhação ainda pesava no meu peito.

Suspirei, desviando o olhar do espelho e me virando para encarar o quarto. Hinata estava sentado na beira da cama, o olhar fixo na tela do telefone, os dedos digitando algo lentamente. Mas o que me chamou atenção não foi o celular e sim sua expressão. Ele estava triste, cabisbaixo.

Caminhei até ele, sentindo o chão gelado sob meus pés descalços. Me aproximei devagar, me inclinando um pouco para ver seu rosto melhor.

— O que foi? — perguntei baixinho, me sentando ao seu lado.

Ele suspirou, trancando a tela do celular e esfregando o rosto com as mãos.

— Eu me sinto culpado — confessou, sua voz carregada de arrependimento. — Eu deveria ter falado sobre o término com a Yachi antes na internet. Eu devia ter esclarecido tudo logo. Agora, por minha causa, você passou por isso.

Franzi o cenho, pegando delicadamente sua mão e entrelaçando nossos dedos.

— Hinata, isso não foi culpa sua.

— Mas se eu tivesse contado antes...

— Ainda assim, alguma coisa parecida poderia ter acontecido — interrompi, apertando sua mão de leve. — Eu já passei por situações assim antes.

Ele ergueu o olhar para mim, parecendo curioso e ao mesmo tempo confuso.

Suspirei e soltei um pequeno sorriso cansado.

— Uma vez, em um ensaio fotográfico, uma mulher invadiu o set e me deu um tapa no rosto. Outra vez, uma jogou café na minha roupa do ensaio, só porque achava que o marido dela gostava de mim.

Seus olhos se arregalaram, seu corpo enrijeceu.

— O quê?!

Assenti devagar.

— O mundo da moda tem suas vantagens, mas também tem seus lados ruins. Eu sabia que em algum momento teria que lidar com esse tipo de situação de novo.

Hinata ficou em silêncio por um instante, parecia digerir o que eu havia dito. Então, de repente, seu semblante mudou.

— Espera aí... alguém já te bateu e jogou café em você?!

Eu soltei um riso baixo, vendo o jeito indignado dele.

— Sim...

Ele bufou, soltando minha mão apenas para cruzar os braços.

— Eu devia ter estado lá — resmungou, os olhos faiscando.

Eu ri de leve e toquei seu rosto, fazendo-o me encarar.

— O importante é que agora estou bem.

Ele suspirou, fechando os olhos por um instante antes de abrir e me encarar intensamente.

— Eu prometo que nunca mais vou deixar algo assim acontecer com você.

Meu coração aqueceu com suas palavras.

— Eu sei que vai.

Ele soltou um sorriso pequeno e me puxou para um abraço apertado. Eu fechei os olhos, sentindo seu calor, e naquele momento percebi que, apesar de tudo, estar com ele fazia tudo valer a pena.

Me afastei do abraço dele devagar, ainda sentindo o calor do seu corpo. Suspirei e o encarei com um pequeno sorriso.

— Nosso encontro foi bom... pelo menos por um curto tempo.

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⏰ Última atualização: 4 days ago ⏰

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