Capítulo 60 - Um velho enigmático

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A aula de Feitiços transcorria normalmente, com o professor Flitwick explicando uma variação avançada do Feitiço Convocatório, quando alguém bateu hesitante na porta. Um aluno do primeiro ano espiou para dentro, visivelmente envergonhado.

— Com licença, professor. Tenho um recado para Potter.

Todos os olhares se voltaram para Holly, mas ninguém disse nada. Ela suspirou, pegando o bilhete das mãos do menino e lendo rapidamente. O conteúdo a fez revirar os olhos. A nota pedia que fosse ao escritório do diretor ao final da aula, e informava a senha de acesso.

Por que Dumbledore gostava tanto de dramatizar as coisas? Era um mistério além de sua compreensão.

O que realmente a deixou intrigada foi que ninguém havia anunciado no café da manhã a exorcização do professor Binns. Isso a fez duvidar se ele havia, de fato, partido para o além. De qualquer forma, ela manteve silêncio sobre o assunto. Os Malfoy e Zabini, por outro lado, não tiveram a mesma discrição. Acrescentando floreios dramáticos à história, em poucas horas toda a escola já estava ciente do ocorrido.

Holly dobrou o bilhete e o guardou no bolso da saia antes de voltar a prestar atenção na explicação de Flitwick. Ao seu lado, Morag parecia inquieta, querendo perguntar algo, mas a expressão impassível de Potter a desanimou.

Quando o sinal tocou, ela reuniu seus pertences e lançou um sorriso despreocupado aos colegas.

— Vou ao escritório do diretor. Nos falamos no almoço.

E saiu antes que alguém pudesse questioná-la.

Andou sem pressa pelos corredores, deixando Dumbledore aguardar um pouco mais do que o necessário. Não que achasse que isso o incomodaria. Ao chegar à gárgula que guardava a entrada do escritório, declarou a senha com um suspiro resignado.

— Queen of Puddings.

A estátua se moveu, revelando uma escadaria em espiral que começou a se mover sozinha assim que Holly pisou no primeiro degrau. A sensação lembrou-a das escadas rolantes trouxas.

Ao adentrar o escritório, ela observou o ambiente com curiosidade. Era a primeira vez que estava ali. Seus olhos brilharam levemente ao percorrerem as prateleiras repletas de livros e os estranhos instrumentos prateados espalhados pelo cômodo. Sua atenção pousou no surrado Chapéu Seletor, e ela se perguntou se ele ficava o resto do ano entediado naquela prateleira.

Um piar a fez desviar o olhar. Sobre um poleiro, um filhote de fênix a observava. A julgar pelo tamanho, havia renascido recentemente. Ela arqueou uma sobrancelha, refletindo sobre como Dumbledore havia conseguido um familiar tão raro.

— Holly, minha garota, obrigado por vir. Sente-se — a voz do diretor soou atrás dela.

Ela se virou e o viu surgir por uma porta que não havia notado antes. O sorriso e o olhar bondoso do velho bruxo nunca a enganavam. Para ela, ele era mais perigoso que Tom Riddle.

— Bom dia, diretor — respondeu, sentando-se na cadeira em frente à mesa. Evitou olhar diretamente nos olhos dele. Sua prática de Oclumência estava avançando, mas não o suficiente para se sentir segura diante de um mestre em Legilimência.

— Como vão às aulas? — perguntou Dumbledore, com o tom habitual de conversa fiada.

— Estou bem, obrigada. Ansiosa para as provas — respondeu com polidez, desviando a atenção para os itens sobre a mesa: penas e pergaminhos da mais alta qualidade. — E para o jogo de Gobstones e Quadribol.

— Sim, ambos nos trazem alegrias — disse ele com entusiasmo.

Holly observou a túnica roxa de Dumbledore, salpicada de pequenas estrelas brilhantes.

Holly Potter - Entre Mundos e VarinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora