Capítulo 40 - Proposta

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Os olhos caramelo de Remus Lupin fixaram-se no prédio de três andares no centro do Beco Diagonal. Tinha lido no jornal e ouvido os murmúrios sobre a inusitada biblioteca pública e o café que servia bolos e doces deliciosos, mas esta era oficialmente a primeira vez que a visitava.

A fachada era agradável, com cores claras e um letreiro dourado, contrastando com os outros prédios ao redor, que tinham um toque mais sombrio.

As grandes janelas ofereciam uma visão interna do lugar, que parecia bastante movimentado, mesmo em período letivo e horário comercial. Havia principalmente jovens e damas sentadas nas mesas redondas e cadeiras ornamentais da cafeteria.

Remus duvidava que tivesse dinheiro sequer para uma xícara de chá; suas economias dos últimos meses estavam apertadas desde que fora mandado embora do último emprego.

Apesar de ter apenas 33 anos, aparentava ter mais de quarenta. A licantropia encurtava a vida do hospedeiro.

Ele ajeitou seu terno gasto, o melhor que tinha, e seguiu em frente, entrando na biblioteca. Aproximou-se do balcão de madeira de mogno com entalhes de corujas e flores, e sorriu o mais agradavelmente para a mulher sentada atrás do balcão.

— Bom dia, estou aqui para encontrar o senhor Bianchi — disse com educação.

Algumas semanas antes, havia recebido uma carta inusitada de um sujeito chamado Francesco Bianchi, oferecendo-lhe uma oportunidade de emprego. Alegava que ele fora indicado por um conhecido.

Remus temeu que fosse uma armadilha, porém a sua escassa economia o forçou a, ao menos, conferir a oferta.

— Senhor Lupin? — indagou a mulher.

Remus não pode deixar de notar a semelhança com Madame Pince, a bibliotecária de Hogwarts.

— Sim! Feliz encontro — respondeu.

A mulher levantou-se.

— Siga-me, por favor. O Sr. Bianchi o aguarda em seu escritório — disse, e seguiu em frente pela biblioteca, com Remus acompanhando-a de perto. Seus dedos coçaram ao ver as estantes cheias de livros. Ler sempre fora um prazer culposo para ele.

Eles seguiram para o fundo do local, e a bibliotecária tirou a varinha das vestes e bateu contra uma parede. Segundos depois, uma porta surgiu. Subiram um lance de escadas que os levou ao segundo andar do prédio.

Remus reparou que o ambiente parecia uma recepção, com uma mesa elegante, estantes ao fundo e um gaveteiro, além de algumas cadeiras dispostas em duas fileiras. Percebeu que havia algumas portas fechadas, que provavelmente davam acesso a escritórios.

A mulher bateu os dedos contra uma das portas e a empurrou antes de receber qualquer resposta.

— Senhor Bianchi, ele está aqui!

— Mande-o entrar, Srta. Pince. E envie alguém com xícaras de café e biscoitos.

— Claro, senhor! — respondeu à mulher, voltando-se para Remus. — Pode entrar!

Remus acenou em agradecimento e entrou. O escritório era simples, mas decorado com bom gosto. Atrás da mesa havia uma janela que permitia a entrada de luz natural.

— Feliz encontro, Senhor Bianchi — cumprimentou Remus.

— Feliz encontro, Sr. Lupin, obrigado por vir. Sente-se — respondeu Bianchi. — Vou direto ao ponto. Meu chefe está abrindo uma agência de emprego. Não é algo comum no mundo mágico, mas bastante usual na sociedade trouxa. Basicamente, a empresa busca clientes, como empresas que precisam contratar funcionários temporários ou fixos, e nós realizamos o processo de triagem e entrevista para, então, encaminhar essas pessoas para as vagas. Claro, as empresas pagam uma taxa pelos serviços.

Holly Potter - Entre Mundos e VarinhasOnde histórias criam vida. Descubra agora