Sooyan sentia o peso do próprio corpo a cada passo.
O ar dentro da delegacia já era carregado, mas ali, naquela sala, era sufocante. Uma presença invisível esmagava seus ombros, tornando sua respiração irregular. A luz fria refletia no chão de linóleo gasto, e o cheiro forte de café requentado e suor impregnava o espaço, deixando tudo ainda mais incômodo.
Ela não desviou os olhos.
A pessoa sentada à mesa mantinha a cabeça baixa, os dedos entrelaçados sobre o tampo metálico. As unhas, antes impecáveis, agora estavam desgastadas, com pequenas feridas ao redor das cutículas. O balançar da perna sob a mesa era frenético, quase descontrolado, como se o corpo estivesse tentando desesperadamente dissipar o pânico que se instalara.
Ao ouvir o som da porta se fechando, a mulher ergueu o rosto.
Os olhos marejados encontraram os de Sooyan, e naquele instante, tudo ao redor delas desapareceu.
A expressão de choque se transformou em puro desespero.
As lágrimas que antes apenas se acumulavam em suas pálpebras transbordaram, deslizando por suas bochechas. Os lábios trêmulos se entreabriram, mas nenhuma palavra saiu.
O corpo dela se encolheu instintivamente.
E Sooyan continuou se aproximando.
Cada centímetro reduzido entre elas tornava a cena mais angustiante.
O coração de Sooyan batia de forma errática, uma mistura de raiva, incredulidade e algo que ela ainda não conseguia nomear. Seus pulmões lutavam para puxar o ar pesado da sala, enquanto seus olhos captavam cada detalhe da pessoa diante dela.
O tremor das mãos.
A forma como os ombros se retesaram.
A culpa estampada em cada fragmento daquele rosto tão familiar.
Sooyan sentiu um nó se formar em sua garganta, seco e áspero, sufocando qualquer palavra que tentasse sair. Mas ela forçou.
Ela precisava perguntar.
Mesmo que doesse.
Mesmo que a resposta fosse insuportável.
Ela engoliu em seco e finalmente quebrou o silêncio.
— Por quê?
A única palavra que conseguiu pronunciar veio carregada de dor.
A mulher diante dela fechou os olhos com força, como se aquilo fosse suficiente para escapar da realidade.
Mas não era.
Seus lábios se entreabriram mais uma vez, e a voz que saiu foi fraca, quebradiça.
— Eu... eu sinto muito.
Foi tudo o que Thoria conseguiu dizer.
E foi ali, naquele instante, que a verdade finalmente desabou sobre Sooyan.
Ela puxou a cadeira lentamente, o som do metal raspando o chão ecoando no ambiente apertado. Sentou-se de frente para Thoria, os olhos fixos no rosto dela, tentando encontrar algum resquício da pessoa que um dia havia confiado.
Mas tudo o que via agora era culpa.
Thoria mantinha os olhos baixos, as mãos inquietas sobre a mesa, os dedos crispados, beliscando a própria pele. Seu peito subia e descia em um ritmo irregular, o peso da situação esmagando seus ombros.
Sooyan queria falar, queria exigir respostas. Mas por mais que sua mente estivesse fervendo, sua boca não conseguia acompanhar.
Foi Thoria quem quebrou o silêncio primeiro.
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v3 - Not Celebrity • Immoral Fame
FanfictionNa nova fase como empresária de sucesso, Tak Soo-yan acaba envolvida além do permitido com um jovem ídol de uma empresa parceira, essa ligação acaba mexendo com sua vida profissional e pessoal, o que acaba afetando seu senso moralista. Seguir em fr...