Capítulo quatro

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- Por que você não me contou que tinha um namorado? – pergunto, irritada, a Lola. Bato a porta atrás de mim para dar um efeito dramático, mas não estou zangada de verdade.

Ela arregala os olhos.

- Quem foi que te contou? São uns fofoqueiros esses meninos!

Eu quase dou risada do que ela disse. Parecia uma criança.

- Por que você não me disse nada? – pergunto novamente.

- Porque eu queria que fosse uma surpresa! – ela me diz, triste. – Planejei um encontro para nós amanhã à noite.

E então eu me sinto um pouco culpada.

- Desculpe – digo, me jogando sobre minha cama. – Eu vou adorar conhecê-lo.

Ela sorri.

- Eu pensei que você iria reclamar por ter que ir.

E eu reclamaria mesmo, na verdade. Mas já que eu estraguei sua surpresa, o mínimo que eu poderia fazer era fingir que eu estava animada.

- Claro que não. Eu preciso conhecer o namorado da minha melhor amiga.

Seu sorriso se torna ainda maior.

- Você vai ama-lo! Ele é perfeito! E lindo! E gentil!

- São muitos adjetivos para uma pessoa só – digo enquanto balanço a cabeça com minhas sobrancelhas levantadas.

- Você vai morrer de inveja!

Eu dou uma risada.

- Por que? Esqueceu que eu tenho um perfeito ex-namorado canalha? – eu a provoco.

Ela faz um biquinho, triste.

- Nós precisamos arranjar um namorado bonzinho para você.

- Nem sonhando! – eu digo a ela, me levantando da cama em um pulo. – Não quero nem pensar em homens.

- Mas devia – ela me diz, cruzando os braços. – Você começou uma nova vida, Za.

- Uma nova vida sem homens – respondo enquanto pego uma toalha no armário e vou ao banheiro para tomar um banho.

- Quero ver você dizer isso quando se apaixonar por alguém – ela grita, rindo, para que eu possa escuta-la de dentro do banheiro.

- Eu não vou me apaixonar! – respondo, e ligo o chuveiro, que lava todas as preocupações de meu péssimo dia.

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- Você prometeu que não iria reclamar de ir ao nosso encontro – Lola diz, cruzando os braços sobre o peito. Ela estava usando um vestido muito delicado e sapatilhas. Eu me sentia horrível ainda vestindo o uniforme da cafeteria. Meu dia de trabalho tinha sido péssimo - derrubei café em um cliente, porque aparentemente esse é meu melhor talento, e quase quebrei uma máquina. Eu estava cansada.

- Eu não prometi nada – digo, fechando os olhos. – Eu apenas disse que iria gostar de conhecê-lo.

- Vá tomar um banho e se arrumar – ela diz. – Esteja muito bonita, porque meu namorado convidou um amigo para o jantar.

Eu arregalo os olhos.

- Por que ele faria isso?

- Para que você não sinta como se estivesse sobrando. Assim você pode conversar com o amigo dele, também.

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