Capítulo dezesseis

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- Se você não levantar essa bunda da cama e trocar de roupa, eu juro que não sei mais o que fazer com você! – Lola, a drama queen, joga sua súplica sobre mim enquanto tudo o que eu queria era dormir na minha cama gostosa. EM PAZ!

- Eu já falei que não estou com vontade de sair – respondo, curta e grossa.

- Mas os meninos estão nos esperando e, além disso, faz uma eternidade desde que nós saímos todos juntos. Ultimamente você só tem tempo para o Kevin.

Eu a lanço meu melhor olhar de "você só pode estar de brincadeira comigo" e Lola faz um beicinho. Isso não era inteiramente verdade, mas também não era mentira. Eu tenho mesmo passado bastante tempo com Kevin. Não é como se eu tivesse outra escolha, uma vez que todo fim de semana (ou às vezes até mesmo no meio dela) ele aparece com aquele sorriso lindo e simpático que me faz querer largar a faculdade e fugir para alguma ilha reclusa para cuidar de ovelhas (junto com ele, óbvio).

- Nós quatro almoçamos todos os dias juntos durante a semana – eu tento dizer, mas ela fecha a cara em uma carranca.

- Zahara!

Eu bufo, vencida. Imagino se eu sou a única pessoa que quase sempre faz o que não está com vontade apenas para fazer seus amigos felizes. Eu deveria ganhar um prêmio, ou algo assim.

Em quinze minutos já estou completamente pronta e Lola como sempre está aterrorizada e não consegue entender como eu consigo me arrumar tão rápido. Ela diz que é porque meu cabelo é naturalmente belo e por isso eu não preciso passar tanto tempo cuidando dele. Papo furado. Eu apenas não gosto de ficar horas na frente do espelho tentando escolher a roupa "correta". Qualquer coisa que tampe o que não deve aparecer está mais do que ótimo, na maioria das vezes.

- Você vai adorar o lugar que nós vamos e... – Lola está falando enquanto saímos de meu quarto, mas se interrompe. Não entendo o motivo até que eu chegue ao corredor e veja Conrado.

Ele está... Lindo. Uau. Eu não imaginava que ele pudesse ficar ainda mais bonito. Embora Conrado esteja conversando com alguém pelo celular e sua expressão esteja um pouco entristecida, ele está muito muito muito bonito. O terno escuro contrastou com sua pele clara e seus olhos cinzas parecem ainda mais claros nessa noite.

Quando seu olhar pousa sobre o meu, ele arregala os olhos, um pouco surpreso, e então sorri. Eu sorrio também, porque não consigo evitar. Ele desliga o celular.

- Aonde vocês pensam que vão vestidas desse jeito? – Conrado pergunta, arqueando as sobrancelhas. – Lola, Danilo sabe que você está "vestida para matar", essa noite?

Lola dá uma risada.

- Meu bem, eu sempre estou "vestida para matar" – responde enquanto caminha para o banheiro. Quando ela me lança uma piscadela para lá de descarada tenho certeza de que vai fingir um xixi apenas para que eu fique sozinha com Conrado.

ISSO É QUE É AMIGA!

- Gostei do vestido – Conrado diz apontando com a cabeça para a minha roupa. – Quer fazer algum cara sofrer um ataque do coração?

- Engraçadinho.

- Eu tento – ele diz, dando de ombros com um sorriso no canto de seus lábios.

Por que ele tinha que ser tão bonito?

- Sua roupa também não está tão ruim – eu digo. – Vai a um casamento ou coisa do tipo?

- Um jantar – ele diz. Em sua expressão consigo capturar as palavras que ele não disse: "Vou jantar com uma garota que não é você".

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